sábado, 8 de outubro de 2016

Por que se fala em esquerda e direita?


A divisão tem mais de 200 anos, mas não agrada todo mundo

Os termos datam da Revolução Francesa. A revolução começou com a convocação da Assembleia dos Estados Gerais, em 5 de maio de 1789. A reunião serviria para discutir sobre a crise econômica do reino, mas acabou levando a uma série de eventos em cascata, que acabariam com a dissolução da monarquia e a execução do rei Luís 16, em 1793. Os Estados Gerais eram as classes sociais reconhecidas: o primeiro estado (clero), segundo estado (nobreza) e terceiro estado (todo o resto da população, representados principalmente pela burguesia). Havia o dobro de representantes para o terceiro estado, mas eles contavam um voto só - isso levou-os a fazer uma reunião paralela, a Assembléia Nacional, que se transformou em Assembleia Nacional Constituinte em 9 de julho. Clérigos e nobres aceitaram o convite para participar da Assembléia Nacional. Mas, como não gostavam do clima exaltado dos revolucionários, passaram a se sentar separados, na ala direita.

Em 1794, a tradição foi abolida, mas voltou em 1814, com a restauração da monarquia após a derrota de Napoleão. Desde então, esquerda passou a ser quem clama por mudanças, direita quem defende o status quo. Na vida real, é um pouco mais complexo que isso. Na época da Revolução, o liberalismo era considerado de esquerda, mas a crítica aos ideais liberais, feita por Karl Marx e outros socialistas a partir do século 19, jogou-o para a "direita" - exceto nos Estados Unidos, onde liberal quer dizer esquerdista. Pior: muita gente tem uma opinião "de esquerda" em alguns assuntos, e "de direita" em outros. Nada impede alguém de defender o livre mercado e a legalização do aborto ao mesmo tempo, por exemplo. Por isso, há quem prefira usar um plano cartesiano em vez da mera linha esquerda-direita, com um eixo da economia e outro das tradições e autoridade. Em politicalcompass.org você pode fazer um teste para saber se é de esquerda ou direita, liberal ou autoritário.



(texto publicado na revista Aventuras na História edição 112 - novembro de 2012)

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