Nome: Fernanda Chahin de Aguiar
Profissão: advogada
Atitude transformadora: coordena a ONG Mamas do Amor, que distribui próteses externas para mulheres mastectomizadas
Após passar por uma cirurgia no ano passado devido a um câncer de mama, a advogada Fernanda Chahin de Aguiar, de 47 anos, não imaginava que ainda teria de enfrentar uma fase igualmente desafiadora. Uma das próteses internas colocadas no lugar de seus seios provocou uma grave infecção e precisou ser retirada. Fernanda ficou tão traumatizada pelo episódio que resolveu procurar uma alternativa. "Acabei descobrindo que podia acomodar uma prótese externa no sutiã", conta. Experimentou os modelos disponíveis, mas nenhum ficou com aspecto natural. Uma mulher na mesma situação contou a ela que resolveu o problema fazendo em casa uma peça confeccionada com uma meia, preenchida com alpiste. A advogada resolveu copiar a solução. "É confortável e mais barata do que as outras próteses externas", conta ela, referindo-se às peças de algodão (150 reais o par) e de silicone (1000 reais). "Assim como aconteceu comigo, muitas pacientes buscam essa solução para não ter de entrar novamente numa sala de cirurgia", afirma.
Em outubro do ano passado, Fernanda postou um vídeo no Facebook mostrando o passo a passo da produção dessas mamas, e atingiu cerca de 40 000 visualizações. A grande aceitação do produto artesanal por pacientes no pós-operatório a estimulou a criar a ONG Mamas do Amor, que hoje conta com oitenta voluntárias. Por meio de uma vaquinha virtual, ela conseguiu angariar 3 500 reais, além de doações de material. Em dois meses, a organização produziu 1 000 peças, que ajudaram 600 pessoas. "Cada item que entrego vai acompanhado de carinho e esperança", comenta Fernanda. O grupo já levou as próteses para estados como Rio de Janeiro, Amazonas, Pará e Bahia, e ainda para outros países, entre eles Costa Rica e Dinamarca. Neste sábado (4) está agendado um mutirão para fabricar 500 exemplares em um só dia. "Minha meta para este ano é arrecadar 25 000 reais e, com isso, fazer e distribuir 5 000 modelos."
(texto publicado na revista Veja São Paulo de 8 de fevereiro de 2017)
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