sábado, 28 de novembro de 2015

Desligue-se - Elaine Medeiros


É claro que a vida ficou bem mais prática e a distância entre as pessoas mais estreita com a chegada dos smartphones. Mas é certo também que com estes aparelhos, algumas pessoas estão perdendo a noção do tempo e lugar para utilizá-los causando, muitas vezes, mal-estar a quem está por perto.

"Sabemos que as barreiras da distância já foram rompidas com o uso do telefone e da internet sempre que visualizamos nossos entes queridos diante da tela dos aparelhos. Mas por outro lado, não conseguimos ficar sozinhos sem escutar um barulhinho anunciando uma nova mensagem, e logo desperta a nossa curiosidade. Ou seja, a todo instante nossos momentos íntimos são invadidos pela tecnologia, com posts que nem sempre são importantes ou urgentes e, com isso, não conseguimos desligar o aparelho para estarmos face a face com o outro. Essa prática pode prejudicar nossas relações mais próximas", explica a Dra. Dirley Lellis, psicóloga e membro do Conselho Regional de Psicologia de Minas Gerais.

Abandone o vício

Desta forma, adotar uma rotina de apego excessivo com o celular pode tornar o indivíduo uma pessoa viciada sem que ela se dê conta disso. "Nessas horas, podemos dizer que a pessoa está viciada. Afinal, o vício também pode ser definido como uma prática irresistível do mau hábito, ao ponto de a pessoa não conseguir ficar sem o smartphone e prejudicar suas relações pessoais ou mesmo suas atividades ligadas ao estudo, trabalho e lazer", ressalta.

Em casos como estes, deve-se acender o sinal de alerta, pois com a percepção de que o uso excessivo do celular pode estar causando problemas, é preciso procurar, logo, um terapeuta para que se coloquem limites no uso do aparelho.

Perigo

Além de inconveniente, o uso indevido do celular também pode causar acidentes graves ou até fatais no trânsito. "É preciso mudar essa cultura de normalidade no uso de celulares, principalmente ao dirigir, até porque o motorista precisa estar atento ao trânsito e não ao celular. Campanhas informativas e um maior rigor na punição dos motoristas imprudentes podem ajudar", defende Dirley.

Por outro lado, Ligia Marques, consultora de etiqueta e marketing pessoal, de São Paulo (SP) lembra que por causa do tempo que passamos dentro do carro fica inevitável não atender uma chamada telefônica, por exemplo. Até mesmo em atividades como estacionar o carro deve-se ter bom senso, ainda que seja possível colocar o aparelho no painel do viva voz esta prática não impede que o motorista se distraia. "Mesmo havendo alternativas, o ideal mesmo é parar e só depois atender".

Como lidar com as crianças?

Na opinião da Dra. Dirley, o uso desenfreado desses aparatos tecnológicos está estimulando a cultura da solidão, pois pais e filhos estão convivendo mais com aparelhos eletroeletrônicos do que entre si mesmos. "Alguns pais acabam comprando, precocemente, celulares para os seus filhos, sem se dar conta de que eles não são brinquedos", explica.

Essa postura tanto dos pais quanto dos filhos impede que haja uma relação mais vivaz entre eles como: um passeio num parque, brincadeiras criativas mesmo dentro de casa, jogos de tabuleiros etc. "Para impedir que esse distanciamento aconteça é preciso oferecer aos filhos, brinquedos interativos, além de tempo para escutá-los e conversar com eles, se mantendo presente de corpo e alma", completa a psicóloga.

Dicas de etiqueta

Para evitar inconvenientes de qualquer espécie, fique atento às dicas da consultora Ligia para o uso do celular de maneira mais consciente

1) Evite incomodar as pessoas com o som alto do toque do celular;

2) Respeite as placas de sinalização: elas indicam onde é possível ou não atender o celular em determinados lugares públicos, como por exemplo, em cinemas, teatros e local religioso;

3) Ao estar em companhia de outras pessoas, procure deixar o aparelho no modo silencioso, assim é possível dar-lhes mais atenção e se está à espera de alguma chamada urgente, procure desculpar-se antecipadamente caso precisar atendê-la;

4) Teclar mensagens, interromper conversas ou refeições para atender uma chamada são gestos que devem ser evitados.




(texto publicado na revista Ponto de encontro nº 58 - out/nov de 2015)

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