segunda-feira, 26 de março de 2012

Diário de vida - A minha homenagem à Fátima Lais de Almeida R.I.P.

Conheci a Fátima no 1º colegial, ou seja, no 1º ano do Ensino Médio na escola Fernão Dias em Pinheiros. Até então ela tinha estudado em uma escola perto de sua casa no bairro de Ferreira.

Logo que as aulas começaram reparei que ela ficava sentada na última carteira da fila que ficava perto da janela e não conversava com ninguém e daí decidi me aproximar dela.

Começamos uma amizade que duraria até a sua morte em 1978. Como ela morava em Ferreira e eu no Jaguaré não nos víamos muito fora da escola, mas na medida do possível uma visitava a outra. A Fátima era uma pessoa muito inteligente que tinha um talento para desenhar e amava Freud e Tchaikowsky. Era filha única como eu.

Um episódio muito engraçado que ocorreu foi quando ela apareceu na escola com o rosto todo vermelho. Tinha espremido as espinhas e passado merthiolate. Na época ainda não existia o incolor. E uma aventura que tivemos juntas foi quando a convenci a cabular aula (já fiz uma postagem a respeito) e pulamos o muro da escola.  Muitas vezes íamos comer esfiha no Califa e gostávamos de entrar no Yaohan para ver as últimas novidades musicais. Eu me lembro que ela gostava muito da canção "Killing me softly" da Roberta Flack e ficávamos cantando lá mesmo na loja. Como a minha mãe era costureira,  ia sempre comprar aviamentos ou então mandar forrar botão em uma loja perto da escola e a Fátima me acompanhava às vezes.

A nossa formatura foi bem legal, mas acabei estragando algumas fotos porque abri indevidamente a máquina fotográfica e queimei os negativos. Infelizmente não tenho uma foto nossa como lembrança.

Quando ainda estávamos no Ensino Médio, ela decidiu começar uma dieta com um remédio alopático e passou também a comer pouco. Mas assim que parava de tomá-lo voltava a engordar. A partir do momento que começou a emagrecer começou a ficar mais vaidosa do ponto de vista de vestuário, maquiagem e cabelos.

Fomos juntas comprar maquiagem para a festa de formatura em uma loja que nem existe mais na Av. Paulista. Ela decidiu comprar cílios postiços e eu fui no embalo, mas foi impossível usá-los por causa de meus olhos puxados e pequenos.  Decidi cortá-los para ver se melhorava, mas acabei desistindo e me conformei em só usar um pouco de sombra.

Fizemos cursinho juntas no Objetivo da Paulista e prestamos vestibular, ela para Artes Plásticas na ECA e eu para Nutrição. A Fátima entrou na faculdade e ficou em 7º lugar na classificação. Eu infelizmente não consegui entrar.  Da segunda vez decidi prestar vestibular para Letras, idioma japonês e fiquei em 48º lugar. Fiz japonês e francês da primeira vez e prestei vestibular de novo para tirar o japonês e fiquei com o francês, mas quis acrescentar o italiano, que se tornou a paixão da minha vida.

Um episódio engraçado no cursinho foi quando o professor Paulo Kobayashi que ensinava geografia um disse que iria fazer chamada oral e os escolhidos seriam alunos sentados perto de japoneses que usassem óculos. A Fátima gostou da brincadeira e disse que ela tinha grandes chances de ser chamada. Na hora do intervalo íamos comer algo na Lanchonete Puppy que ainda existe na Av. Paulista.

Quando a Fátima estava no segundo ano foi constatado um quisto no ovário. Ela foi operada e já estava bem magra. Fui com a minha mãe visitá-la no hospital e pensei que tudo daria certo. Semanas depois recebi a notícia de que ela tinha falecido. Foi um choque porque era inconcebível perder uma amiga que só tinha 21 anos de idade.

Por essa experiência tão próxima sempre encaro com cautela qualquer tipo de dieta de emagrecimento. Já fiz algumas como a dos Vigilantes do Peso, outra com uma nutricionista, já tomei remédio de manipulação, mas decidi "conversar" com o meu corpo para ver as suas reais necessidades. Estou um pouco acima do peso sim, mas não quero me tornar escrava dessa ditadura da forma física perfeita. Na verdade estou mais focada na saúde, por isso comecei a fazer caminhadas, a me nutrir em um modo equilibrado e procuro ter bons pensamentos também.

Sinto saudades da Fátima que tinha tudo para se transformar em uma grande artista porque talento ela tinha de sobra.




Nenhum comentário:

Postar um comentário