sábado, 1 de novembro de 2014

Indispensável - Marcelo Ricciardi


Um sono de qualidade é pré-requisito para manter ativas as defesas do corpo

Nos dias de hoje, em que mais e mais pessoas se veem adotando uma rotina diária em que há pouco espaço para o sono, é de se esperar que surjam mais problemas de saúde. O sono tem efeito reparador de energia e sua falta, além de gerar cansaço, também abre as portas para contaminações e infecções que vão além de uma simples gripe. "Os efeitos da privação crônica de sono se acumulam no tempo e há uma piora no funcionamento do sistema imune", descreve o neurologista Fabio Sawada Shiba, que lista ainda outros problemas a que está sujeito quem subestima a importância de uma noite mal dormida: "Há evidências consistentes de que a privação de sono também aumenta o risco de obesidade, diabetes, hipertensão arterial, doenças cardiovasculares, infecções e transtorno depressivo".

Comprovação

Uma prova da importância do sono é o estudo "Sono e imunidade: evidências em voluntários saudáveis e em modelo animal de transplante de pele", realizado por pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), em parceria com o Instituto do Sono.

Em uma primeira fase do projeto, os pesquisadores dividiram voluntários em três grupos monitorados: no primeiro, os participantes dormiram normalmente; no segundo, ficaram privados do sono por 48 horas (como acontece com quem trabalha em plantão noturno); no terceiro, houve por quatro dias seguidos privação seletiva, com a interrupção do sono na sua fase REM (aquela em que ocorrem os sonhos).

Como era de se esperar, o primeiro grupo não teve alterações no seu perfil imunológico. Por outro lado, aqueles que foram totalmente privados do sono mostraram uma elevação no número de leucócitos e linfócitos, células que reagem às infecções - índices esses que só vieram a se normalizar de novo após três noites de recuperação. Por último, o grupo privado do sono REM mostrou deficiência da imunoglobulina A, presente na secreção de mucosas, que atuam como defesa do corpo contra agentes externos. A segunda fase do estudo, que envolvem enxertos de pele feitos em ratos sob privação de sono, também confirmou a piora na resposta imunológica do organismo.

Atenção ao seu sono

Engana-se quem pensa que o único distúrbio a se enfrentar debaixo dos lençóis é a insônia (que, muitas vezes, está relacionada ao estresse ou a outros transtornos de caráter psicológico). A apneia do sono, por exemplo, é um problema ignorado por muita gente. Ela acontece quando outros problemas - entre eles, a obesidade - obstrui as vias respiratórias, o que leva a vários momentos de despertar forçado. Como resultado, a pessoa sente-se indisposta no dia seguinte, o mesmo acontecendo com quem não segue horários bem definidos para dormir e acordar, alterando o ritmo circadiano, também chamado de relógio biológico. Dormir demais, aliás, também é um sinal de que algo está errado (a média, para uma pessoa adulta, são oito horas diárias).

Dicas para dormir bem

Algumas mudanças no comportamento costumam ser suficientes para proporcionar uma melhor noite de sono. Caso não funcionem, procure um médico para investigar outras possíveis causas do desajuste o quanto antes, certo?

- Tenha horários certos para dormir, assim como para comer, já que ir para a cama de barriga cheia é pedir para ter um sono turbulento. Isso inclui também os finais de semana!

- Ir à academia ou praticar algum tipo de esporte próximo ao horário de dormir acelera o metabolismo e, assim, demora mais tempo até ser possível relaxar novamente.

- Não durma durante o dia. Caso aconteça, o sono não deve ultrapassar uma hora de duração.

- Um bom colchão e um travesseiro na altura adequada são fundamentais.

- O quarto precisa estar escuro e silencioso. Evite também utilizá-lo para outras atividades, como ver televisão e comer.

- Procure se desligar dos problemas na hora do sono. O que é relativo ao trabalho, por exemplo, tem de sair de cena nessa hora.



(texto publicado na revista Aumente sua imunidade nº1 - ano 1 - 2014)








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