Um ovo tem em média 210 miligramas de colesterol. É coisa pra chuchu. Para ingerir a mesma quantidade, você precisaria comer 300 gramas de pão de queijo, um pacote de manteiga, 500 gramas de almôndega ou 2 quilos de biscoito de polvilho. Como os médicos recomendam um consumo de até 300 miligramas de colesterol por dia, um único ovo já preenche quase toda a cota.
Falando assim, parece até que cortar o ovo da dieta é a melhor saída para evitar doenças cardiovasculares, certo? Errado. Acontece que a quantidade de colesterol de um alimento não tem impacto direto sobre o colesterol plasmático (do sangue). O mecanismo é complexo e depende de fatores genéticos, consumo de gorduras saturadas e trans, falta de atividade física e dieta pobre em fibras. Ou seja: ao comer um ovo, acontece uma variação do colesterol, mas ela vai depender de outros fatores - e com certeza será inferior a 210 miligramas.
Um estudo realizado em 1999 colocou o ovo definitivamente no lugar dos mocinhos. Ele foi levado a cabo durante 8 anos pelo médico Frank Hu, professor de nutrição da Escola de Saúde Pública de Harvard, nos EUA. A equipe analisou 38 mil homens entre 40 e 75 anos e 80 mil mulheres entre 34 e 59 anos, que adicionaram diferentes quantidades de ovo à dieta normal. Hu concluiu que o consumo de até um ovo por dia não teve impacto significativo sobre o risco de doenças cardiovasculares e derrame em pessoas saudáveis. O risco aumentou apenas entre os diabéticos.
A preocupação com o colesterol é tão grande que muita gente se esquece dos benefícios do ovo em uma dieta equilibrada. Além de ser rico em proteínas, nem minerais como ferro e zinco. É também um dos poucos alimentos que contém vitamina D. Apenas um terço de suas gorduras são saturadas, contra 60% das de um requeijão. E tudo isso por 75 calorias - menos que uma banana.
(texto publicado na revista 73 mitos alimentares da Super Interessante nº 5-A - junho de 2010)
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