Em 2013, vários e-mails circularam na internet associando o uso do anticoncepcional ao aumento do risco para a ocorrência de trombose. A trombose venosa profunda é uma doença grave que, em geral, acomete os membros inferiores e é caracterizada pelo acúmulo de coágulos dentro das veias profundas. Está relacionada a três fatores principais: parada do fluxo no vaso sanguíneo (por exemplo, quando a mulher fica muito tempo sem mexer a perna em viagens ou após procedimentos cirúrgicos), lesão do vaso (por infecções ou rotura dos vasos) e aumento da coagulação (por um desequilíbrio nos agentes de coagulação do sangue, em geral genético, chamados trombofilias).
O sintoma principal da trombose, quando acontece nos membros inferiores, é a dor, principalmente com a movimentação, podendo também ocorrer no repouso. Também fica dolorida a panturrilha quando apalpada e há um aumento da consistência e do inchaço na região do trajeto da veia. A ocorrência de embolia pulmonar (quando a trombose acontece no pulmão) é mais rara, mas, eventualmente, pode ser a primeira manifestação da doença.
A história da contracepção hormonal data da década de 1960, quando os primeiros contraceptivos continham doses altas de estrogênio sintético, o etinilestradiol. Nessa época, se correlacionava essa alta dose hormonal (acima de 50 mcg) ao aumento dos riscos de trombose e de infarto. Com as pílulas atuais, de baixa dosagem de estrogênio (igual ou inferior a 30 mcg), as contraindicações para seu uso foram diminuindo e, consequentemente, as chances desses problemas.
Apesar do grande vilão para a ocorrência de trombose ser o estrogênio sintético, fórmulas que contêm apenas progesterona também devem ser usadas com acompanhamento médico por pacientes de risco. O uso de pílulas com etinilestradiol é contraindicado principalmente para mulheres com histórico familiar de trombose e problemas circulatórios, cirrose, hepatite aguda, insuficiência hepática, insuficiência renal, diabetes, enxaqueca, câncer de mama, de ovário ou endométrio. Além disso, mulheres fumantes, com idade superior a 35 anos ou com outros fatores de risco para trombose (como trombofilias) devem evitar seu uso. Nesses casos, é indicada a realização de exames específicos para avaliar a presença de fatores que aumentem a coagulabilidade do sangue.
A pílula do dia seguinte e seus riscos
A pílula do dia seguinte é composta apenas de progesterona, o levonorgestrel. Ela é considerada mais potente, porque possui maior concentração do hormônio quando comparada a uma pílula ingerida diariamente. Idealmente, deve ser tomada até 24 horas da relação desprotegida para garantir uma eficácia adequada. Mas pode eventualmente ser usada até 72 horas após a relação. A ação da progesterona é tornar o endométrio um ambiente inóspito para a implantação do embrião. Como efeito colateral, pode provocar enjoo, mal-estar e dor de cabeça. Os riscos de gravidez também existem, mas o maior perigo é de desregular todo o ciclo hormonal. Por apresentar uma alta dose de hormônio, se usada de forma não emergencial, pode causar sintomas como irregularidade menstrual importante e problemas de pele, como acne e aumento de oleosidade. Por essa razão, não deve ser tomada sempre.
(texto publicado na revista Contigo nº 2038 - 9 de outubro de 2014)
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