sábado, 31 de agosto de 2013
sexta-feira, 30 de agosto de 2013
quinta-feira, 29 de agosto de 2013
A cidade sem memória - Juan David Ortiz Franco
Os genes de um grupo de famílias de Angostura, na Colômbia, podem guardar a chave para decifrar e tratar o Alzheimer. Portadores de uma mutação que os leva a adoecer, eles serão cobaias de uma pesquisa de 50 milhões de dólares.
No extremo norte da Cordilheira dos Andes, uma imagem do beato mais famoso da Colômbia guarda a entrada de Angostura, a 139 km de Medellín. Centro de peregrinação desde os anos 20 para os devotos do padre Marianito, enterrado na igreja matriz, hoje a cidade atrai médicos, pesquisadores e a atenção do mundo. O que os moradores já chamaram de maldição pode ser a chave para um novo tratamento contra o Alzheimer. Mais de 12% dos cerca de 12 mil habitantes têm uma mutação genética que leva a um tipo raro e precoce do mal. Os primeiros sintomas surgem por volta dos 35 anos - de pequenos lapsos de memória, a doença destrói os neurônios e evolui implacável até comprometer as habilidades básicas da pessoa e matá-la.
Javier San Pedro Gómez e Maria Luisa Chavarriaga Mejía se mudaram com os 3 filhos para os arredores da atual Angostura perto de 1745. Na época, a notícia de que havia ouro nos rios da região atraiu muitos migrantes. Dali, os descendentes do casal chegaram a Yarumal, Medellín e pelo menos a mais os municípios de Antióquia.
Não existe outra família tão afetada pelo Alzheimer precoce e hereditário - há no mínimo 5 mil pessoas de 25 ramos do mesmo clã. A metade de todas as pessoas no mundo que tem essa forma de doença está no estado colombiano. "Antióquia é uma ilha genética, uma espécie de laboratório natural e essa desgraça se converteu em uma oportunidade", diz Francisco Lopera, coordenador do Grupo de Neurociências da Universidade de Antióquia. Em parceria com um instituto americano, o grupo está concluindo o mapeamento genético dos moradores e vai selecionar 250 voluntários que serão medicados a partir do ano que vem, antes de apresentarem os sintomas da doença.
É uma das apostas para tentar atrasar ou impedir que o Alzheimer se desenvolva. Acredita-se que os remédios hoje disponíveis têm sido pouco eficazes porque chegam ao paciente tarde demais. O cérebro já estaria muito debilitado para reagir. "Outros testes precisam ser feitos, sobretudo em relação ao Alzheimer tardio, mas acreditamos que iniciar o tratamento antes que a perda de memória ocorra é um passo importante para dar um fim ao Alzheimer", afirma Pierre Tariot, um dos diretores da pesquisa no Instituto Banner do Arizona.
La bobera
Na sexta-feira, 25 de novembro passado, o conselho municipal de Angostura ouviu chocado as explicações do doutor Lopera sobre como la bobera - o nome popular da doença - se espalhou na região. "Perdi a minha mãe há dez anos. E tenho 3 irmãs prostradas, duas em fase terminal", contou o conselheiro Carlos Baltazar. "As pessoas diziam que elas tinham puxado a mamãe e ficaram bobas também. É a herança. Mas tive sorte. Acho que escapei porque já cheguei aos 60 anos. "Como ele, quase todos os 11 representantes (no Brasil, seriam vereadores) têm um parente ou conhecem alguém que esqueceu a própria história e, nos estágios mais avançados da doença, não consegue nem se alimentar sozinho.
Por muito tempo acreditou-se que la bobera era contagiosa. Diz a lenda que um padre proibiu a população de encostar em uma árvore maldita (não se sabe exatamente por quê). Os primeiros doentes teriam sido aqueles que ousaram desobedecer à ordem. Quem tocasse nas feridas ou fizesse sexo com um enfermo também ficaria bobo. Até 3 décadas atrás, era assim que, de agricultores a vereadores, todos entendiam a epidemia. Isso começou a mudar quando Lopera e sua equipe identificaram a mutação paisa ("camponês") nos genes dos pacientes da região. Ao notarem a grande ocorrência de pessoas doentes em Angostura e nas cidades vizinhas, cruzaram certidões de nascimento e óbito e reconstruíram os galhos da suposta maldição.
Naquele 1º encontro com uma autoridade municipal desde o início das pesquisas, os médicos da Universidade de Antióquia ouviram apelos para que revelassem os sobrenomes dos afetados. Responderam com uma negativa e a explicação de que esse tipo de dado não poderia ser revelado em público, para preservar os interessados. Muitos dos pacientes são conhecidos somente por um código, de forma a proteger a informação. É de se imaginar o impacto que a notícia pdoe ter a quem carrega a mutação. Na prática, vale como uma sentença de morte - ser portador da paisa é garantia de desenvolver a doença.
Oferecer seus cidadãos como cobaias do programa (não se sabe com certeza dos eventuais danos que o tratamento antecipado pode trazer ao organismo) não é tarefa fácil, mas é certo que Angostura não têm nada a perder. Ter a mutação leva a pessoa a apresentar a doença provavelmente entre 30 e 40 anos. Idosos com um espécie de predisposição genética (entre algumas já identificadas, que favorecem o aparecimento do mal mas não garantem que ele ocorra) nos EUA também participarão da experiência. Antioquienses e americanos receberão drogas para tentar impedir a formação de placas beta-amiloides no cérebro, uma das principais características do Alzheimer. Há 389 grupos genéticos no mundo que apresentam a mesma forma da doença do clã colombiano - quem tem esse tipo de precoce e hereditário representa 1º do total de vítimas da doença.
À meia luz, mirando seu PowerPoint na única parede que não estava tomada por imagens do padre Marianito e estantes velhas no pequeno salão, Lopera explicou aos conselheiros que o difícil acesso à região, os hábitos rurais herdados da ascendência basca e uma sucessão de casamentos consanguíneos levaram à imagem projetada: uma árvore genealógica de 3 séculos e sucessivas gerações cada vez mais atingidas pela mesma alteração no cromossomo 14.
Outro médico da equipe, Andrés Villegas, destacou na reunião o alto custo do tratamento dos doentes e sugeriu opções para que o município os atenda. "Uma caixa de medicamento custa 300 mil pesos por mês (cerca de 150 dólares),dali a pouco são duas caixas. É mais econômico investir em prevenção. "O impacto sobre as famílias, em geral de baixa renda, é brutal. Não há rede hospitalar adequada e muitsa recorrem à solidariedade para dar conta de seus parentes. Com alguma frequência, o sistema de saúde nacional obriga os colombianos a ir à Justiça para pagar itens como fraldas geriátricas.
Vítimas também da guerrilha
Angostura e todas as cidades da região ainda têm outro problema que encarece e dificulta muito o atendimento dos atuais e futuros doentes. É intensa a movimentação de guerrilheiros das Farc e paramilitares naquele pedaço estratégico dos Andes, que dá acesso ao mar e é rota do narcotráfico. Até recentemente, assassinatos e massacres ali eram comuns. A viagem da SUPER a Angostura e Yarumal (foi atrasada em vários dias porque as estradas ficaram interrompidas após outro dos recorrentes ataques em que veículos são incendiados e suas carcaças transformadas numa espécie de campo minado para dificultar a ação da polícia. Uma enfermeira da universidade já foi sequestrada e os achaques a integrantes do grupo de pesquisa fazem parte da rotina em todas as cidades vizinhas. Certa vez, os médicos form autorizados a passar desde que vissem a mãe de um guerrilheiro com sintomas da doença.
Numa das últimas casas da ladeira que dá na praça principal de Angostura mora Alba. Ela cuidou de sua mãe até o dia em que Líbia morreu de Alzheimer - seu cérebro foi um dos examinados na última década. Agora, aos 57 anos, é Alba quem depende inteiramente de cuidados. A psicóloga Lucia Madrigal faz visitas periódicas a ela e a outras famílias. Nascida na cidade, cresceu entre seus futuros pacientes. Escapou da mutação, mas sabe muito bem o que significa conviver com ela: "Para quem cuida dos enfermos não existe um projeto de vida. Uma pessoa que tomou conta de sua mãe tanto tempo chega aos 50 anos de mãos vazias". A Universidade de Antióquia tenta convencer a prefeitura a adequar uma casa para atender os doentes quando não há quem faça isso e mantém uma fundação para socorrer os doentes de Alzheimer e outras demências. Em Yarumal, a 40 minutos dali, Maria Elsy, de 61 anos, apresentou os primeiros sintomas os 48. Não sai da cama e só se alimenta usando uma sonda nasogástrica. "Agora ela está muito bem. Acontece que é muito mimada. 'Não é verdade que você é uma bebê mimada?'", diz Vitória para a irmã de olhar perdido. Vitória e sua mãe, Laura, de 82 anos, cuidam de mais 2 irmãos com la bobera. Um 4º vive em Medellín. "Maria Elsy andou desanimada, mas agora está melhor." Entre as novas gerações de sua família, todos temem o futuro e já há quem se recuse a ter filhos.
Tratar o doente exige dedicação e recursos, e não só na Colômbia. Nos EUA, calcula-se em mais de 17 bilhões as horas não pagas de quem cuida de um familiar, equivalentes a 219 bilhões de dólares. Há cerca de 35 milhões de pessoas com o mal no planeta (a grande maioria tem mais de 65 anos). No Brasil, são aproximadamente 1 milhão. Somados os gastos dos sistemas de saúde, a conta do Alzheimer bate 1º do PIB mundial (mais de 600 bilhões de dólares em 2010). Não surpreende que a indústria farmacêutica invista na área. Uma droga eficaz soa como uma mina de ouro. A experiência em Antióquia, que ainda está definindo seus patrocinadores (mas já testou 2,4 mil cidadãos para a mutação paisa, e fez outros exames) vai custar pelo menos 50 milhões de dólares e durar 5 anos.
O Alzheimer vai consumir cada vez mais esforços e vidas. A perspectiva de envelhecimento da população pode levar o total de vítimas a quase quadruplicar até 2050. É difícil distinguir seus sintomas do processo natural de envelhecimento do cérebro. E pior: inda não se sabe exatamente o que causa a doença. As pesquisas atuais também investem em técnicas de imagem e na identificação de marcadores, determinados danos ao cérebro que possam servir de alerta antecipado tanto quanto possível para o início do mal (e de como ele evolui). Os antioquienses são preciosos para a compreensão desses mecanismos porque já se sabe que cairão doentes. Serão medicados 15 anos antes do surgimento esperado dos sintomas. "É um estudo de grande importância", afirma Sonia Brucki, da Academia Brasileira de Neurologia. Peter J. Whitehouse, neurologista da Universidade Case Western Reserve, porém, é mais cético. "Não está claro se os remédios que funcionarem para os voluntários vão servir para o Alzheimer tardio ou se as drogas serão eficientes se ministradas mais cedo."
Ainda que os resultados da pesquisa demorem muito a aparecer, ela já tem consequências. "Aqui em Angostura há quem tenha vergonha de ter um parente com Alzheimer. Isso é a primeira coisa que temos de mudar. Não sabemos quando poderá ser alguém da nossa família", disse o conselheiro Albeiro Agudelo naquela sexta-feira de novembro. A cidade tem muito o que lembrar. Para o próprio bem.
Não existe outra família tão afetada pelo Alzheimer precoce e hereditário - há no mínimo 5 mil pessoas de 25 ramos do mesmo clã. A metade de todas as pessoas no mundo que tem essa forma de doença está no estado colombiano. "Antióquia é uma ilha genética, uma espécie de laboratório natural e essa desgraça se converteu em uma oportunidade", diz Francisco Lopera, coordenador do Grupo de Neurociências da Universidade de Antióquia. Em parceria com um instituto americano, o grupo está concluindo o mapeamento genético dos moradores e vai selecionar 250 voluntários que serão medicados a partir do ano que vem, antes de apresentarem os sintomas da doença.
É uma das apostas para tentar atrasar ou impedir que o Alzheimer se desenvolva. Acredita-se que os remédios hoje disponíveis têm sido pouco eficazes porque chegam ao paciente tarde demais. O cérebro já estaria muito debilitado para reagir. "Outros testes precisam ser feitos, sobretudo em relação ao Alzheimer tardio, mas acreditamos que iniciar o tratamento antes que a perda de memória ocorra é um passo importante para dar um fim ao Alzheimer", afirma Pierre Tariot, um dos diretores da pesquisa no Instituto Banner do Arizona.
La bobera
Na sexta-feira, 25 de novembro passado, o conselho municipal de Angostura ouviu chocado as explicações do doutor Lopera sobre como la bobera - o nome popular da doença - se espalhou na região. "Perdi a minha mãe há dez anos. E tenho 3 irmãs prostradas, duas em fase terminal", contou o conselheiro Carlos Baltazar. "As pessoas diziam que elas tinham puxado a mamãe e ficaram bobas também. É a herança. Mas tive sorte. Acho que escapei porque já cheguei aos 60 anos. "Como ele, quase todos os 11 representantes (no Brasil, seriam vereadores) têm um parente ou conhecem alguém que esqueceu a própria história e, nos estágios mais avançados da doença, não consegue nem se alimentar sozinho.
Por muito tempo acreditou-se que la bobera era contagiosa. Diz a lenda que um padre proibiu a população de encostar em uma árvore maldita (não se sabe exatamente por quê). Os primeiros doentes teriam sido aqueles que ousaram desobedecer à ordem. Quem tocasse nas feridas ou fizesse sexo com um enfermo também ficaria bobo. Até 3 décadas atrás, era assim que, de agricultores a vereadores, todos entendiam a epidemia. Isso começou a mudar quando Lopera e sua equipe identificaram a mutação paisa ("camponês") nos genes dos pacientes da região. Ao notarem a grande ocorrência de pessoas doentes em Angostura e nas cidades vizinhas, cruzaram certidões de nascimento e óbito e reconstruíram os galhos da suposta maldição.
Naquele 1º encontro com uma autoridade municipal desde o início das pesquisas, os médicos da Universidade de Antióquia ouviram apelos para que revelassem os sobrenomes dos afetados. Responderam com uma negativa e a explicação de que esse tipo de dado não poderia ser revelado em público, para preservar os interessados. Muitos dos pacientes são conhecidos somente por um código, de forma a proteger a informação. É de se imaginar o impacto que a notícia pdoe ter a quem carrega a mutação. Na prática, vale como uma sentença de morte - ser portador da paisa é garantia de desenvolver a doença.
Oferecer seus cidadãos como cobaias do programa (não se sabe com certeza dos eventuais danos que o tratamento antecipado pode trazer ao organismo) não é tarefa fácil, mas é certo que Angostura não têm nada a perder. Ter a mutação leva a pessoa a apresentar a doença provavelmente entre 30 e 40 anos. Idosos com um espécie de predisposição genética (entre algumas já identificadas, que favorecem o aparecimento do mal mas não garantem que ele ocorra) nos EUA também participarão da experiência. Antioquienses e americanos receberão drogas para tentar impedir a formação de placas beta-amiloides no cérebro, uma das principais características do Alzheimer. Há 389 grupos genéticos no mundo que apresentam a mesma forma da doença do clã colombiano - quem tem esse tipo de precoce e hereditário representa 1º do total de vítimas da doença.
À meia luz, mirando seu PowerPoint na única parede que não estava tomada por imagens do padre Marianito e estantes velhas no pequeno salão, Lopera explicou aos conselheiros que o difícil acesso à região, os hábitos rurais herdados da ascendência basca e uma sucessão de casamentos consanguíneos levaram à imagem projetada: uma árvore genealógica de 3 séculos e sucessivas gerações cada vez mais atingidas pela mesma alteração no cromossomo 14.
Outro médico da equipe, Andrés Villegas, destacou na reunião o alto custo do tratamento dos doentes e sugeriu opções para que o município os atenda. "Uma caixa de medicamento custa 300 mil pesos por mês (cerca de 150 dólares),dali a pouco são duas caixas. É mais econômico investir em prevenção. "O impacto sobre as famílias, em geral de baixa renda, é brutal. Não há rede hospitalar adequada e muitsa recorrem à solidariedade para dar conta de seus parentes. Com alguma frequência, o sistema de saúde nacional obriga os colombianos a ir à Justiça para pagar itens como fraldas geriátricas.
Vítimas também da guerrilha
Angostura e todas as cidades da região ainda têm outro problema que encarece e dificulta muito o atendimento dos atuais e futuros doentes. É intensa a movimentação de guerrilheiros das Farc e paramilitares naquele pedaço estratégico dos Andes, que dá acesso ao mar e é rota do narcotráfico. Até recentemente, assassinatos e massacres ali eram comuns. A viagem da SUPER a Angostura e Yarumal (foi atrasada em vários dias porque as estradas ficaram interrompidas após outro dos recorrentes ataques em que veículos são incendiados e suas carcaças transformadas numa espécie de campo minado para dificultar a ação da polícia. Uma enfermeira da universidade já foi sequestrada e os achaques a integrantes do grupo de pesquisa fazem parte da rotina em todas as cidades vizinhas. Certa vez, os médicos form autorizados a passar desde que vissem a mãe de um guerrilheiro com sintomas da doença.
Numa das últimas casas da ladeira que dá na praça principal de Angostura mora Alba. Ela cuidou de sua mãe até o dia em que Líbia morreu de Alzheimer - seu cérebro foi um dos examinados na última década. Agora, aos 57 anos, é Alba quem depende inteiramente de cuidados. A psicóloga Lucia Madrigal faz visitas periódicas a ela e a outras famílias. Nascida na cidade, cresceu entre seus futuros pacientes. Escapou da mutação, mas sabe muito bem o que significa conviver com ela: "Para quem cuida dos enfermos não existe um projeto de vida. Uma pessoa que tomou conta de sua mãe tanto tempo chega aos 50 anos de mãos vazias". A Universidade de Antióquia tenta convencer a prefeitura a adequar uma casa para atender os doentes quando não há quem faça isso e mantém uma fundação para socorrer os doentes de Alzheimer e outras demências. Em Yarumal, a 40 minutos dali, Maria Elsy, de 61 anos, apresentou os primeiros sintomas os 48. Não sai da cama e só se alimenta usando uma sonda nasogástrica. "Agora ela está muito bem. Acontece que é muito mimada. 'Não é verdade que você é uma bebê mimada?'", diz Vitória para a irmã de olhar perdido. Vitória e sua mãe, Laura, de 82 anos, cuidam de mais 2 irmãos com la bobera. Um 4º vive em Medellín. "Maria Elsy andou desanimada, mas agora está melhor." Entre as novas gerações de sua família, todos temem o futuro e já há quem se recuse a ter filhos.
Tratar o doente exige dedicação e recursos, e não só na Colômbia. Nos EUA, calcula-se em mais de 17 bilhões as horas não pagas de quem cuida de um familiar, equivalentes a 219 bilhões de dólares. Há cerca de 35 milhões de pessoas com o mal no planeta (a grande maioria tem mais de 65 anos). No Brasil, são aproximadamente 1 milhão. Somados os gastos dos sistemas de saúde, a conta do Alzheimer bate 1º do PIB mundial (mais de 600 bilhões de dólares em 2010). Não surpreende que a indústria farmacêutica invista na área. Uma droga eficaz soa como uma mina de ouro. A experiência em Antióquia, que ainda está definindo seus patrocinadores (mas já testou 2,4 mil cidadãos para a mutação paisa, e fez outros exames) vai custar pelo menos 50 milhões de dólares e durar 5 anos.
O Alzheimer vai consumir cada vez mais esforços e vidas. A perspectiva de envelhecimento da população pode levar o total de vítimas a quase quadruplicar até 2050. É difícil distinguir seus sintomas do processo natural de envelhecimento do cérebro. E pior: inda não se sabe exatamente o que causa a doença. As pesquisas atuais também investem em técnicas de imagem e na identificação de marcadores, determinados danos ao cérebro que possam servir de alerta antecipado tanto quanto possível para o início do mal (e de como ele evolui). Os antioquienses são preciosos para a compreensão desses mecanismos porque já se sabe que cairão doentes. Serão medicados 15 anos antes do surgimento esperado dos sintomas. "É um estudo de grande importância", afirma Sonia Brucki, da Academia Brasileira de Neurologia. Peter J. Whitehouse, neurologista da Universidade Case Western Reserve, porém, é mais cético. "Não está claro se os remédios que funcionarem para os voluntários vão servir para o Alzheimer tardio ou se as drogas serão eficientes se ministradas mais cedo."
Ainda que os resultados da pesquisa demorem muito a aparecer, ela já tem consequências. "Aqui em Angostura há quem tenha vergonha de ter um parente com Alzheimer. Isso é a primeira coisa que temos de mudar. Não sabemos quando poderá ser alguém da nossa família", disse o conselheiro Albeiro Agudelo naquela sexta-feira de novembro. A cidade tem muito o que lembrar. Para o próprio bem.
(texto publicado na revista Super Interessante nº 300 - janeiro 2000)
As 4 leis da espiritualidade na Índia (Miscelânia)
1. A pessoa que chega é a pessoa certa.
Significa que nada ocorre em nossas vidas por casualidade. Todas as pessoas que nos rodeiam, que interagem conosco, estão ali por uma razão, para possamos aprender e evoluir em cada situação.
2. O que aconteceu é a única coisa que poderia ter acontecido.
Nada, absolutamente nada que ocorre em nossas vidas poderia ter sido de outra maneira. Nem mesmo o detalhe mais insignificante! Não existe: se acontecesse tal coisa, talvez pudesse ter sido diferente… Não! O que ocorreu foi a única coisa que poderia ter ocorrido e teve que ser assim para que pudéssemos aprender essa lição e então seguir adiante. Todas e cada uma das situações que ocorrem em nossas vidas são perfeitas, mesmo que nossa mente e nosso ego resistam em aceitá-las.
3. Qualquer momento que algo se inicia, é o momento certo.
Tudo começa num momento determinado. Nem antes, nem depois. Quando estamos preparados para que algo novo aconteça em nossas vidas, então será aí que terá início.
4. Quando algo termina, termina!
Simplesmente assim. Se algo terminou em nossas vidas, é para nossa evolução. Portanto, é melhor desapegar, erguer a cabeça e seguir adiante, enriquecidos com mais essa experiência!
Um novo olhar sobre o gato - Paola Bello
Com seu ar enigmático, ele já foi associado a deuses e demônios o longo da história. Hoje, após milênios de convivência com o homem, o bichano é o animal de estimação mais adaptado à vida moderna e um aliado considerável na hora de cuidarmos da nossa saúde
Dona Luiza, 65 anos, ficou viúva neste ano. Para piorar, não podia contar com o apoio dos filhos, que viviam distantes dela, física e afetivamente. Por conta disso, além de tremores nas mãos, passou a ter problemas estomacais, enxaquecas e dores musculares. Mesmo nesse estado, ela teve disposição para recolher um gato que fora atropelado na rua onde mora. O que era apenas um ato de solidariedade acabou virando uma estratégia que, em vez de uma vida, pode estar salvando duas.
Entre as idas e vindas ao veterinário, ela e o gato vira-lata começaram a participar de sessões de zooterapia. Nelas, percebeu que, ao assumir a responsabilidade de manter o animal vivo e bem cuidado, dona Luiza exigia saúde e bem-estar de si mesma. Em consequência, conseguiu purgar a perda do marido e resgatou o relacionamento com os filhos.
Casos como esse entram para a contabilidade que está ajudando os felinos a atenuar o estigma de interesseiros e anti-sociais. Com isso, ganham mais espaço nos lares. No Brasil, eles são um para cada 12 habitantes - há um cachorro para cada 6 brasileiros. Entretanto, veterinários, zooterapeutas e o mercado de alimentos para animais apostam na tendência de o gato se tornar o animal do futuro. Pudera, as famílias estão se tornando menos numerosas, os lares estão cada vez menores, e as pessoas estão passando muito menos tempo em casa. Se há um bicho que consegue se adaptar bem a esse quadro, é o gato, que vem dividindo o ambiente com os humanos há muito tempo.
Quando o homem começou a procurar um local para chamar de lar, lá estava o gato. Logo que desenvolveu a agricultura - entre 10.000 e 12.000 a. C. -, deixou de ser nômade e começou a estreitar os laços de amizade com os felinos. E tudo teve início como uma troca de favores: o homem passou a armazenar alimento; com a estocagem de grãos, vieram os roedores, que, por sua vez, atraíram os gatos. O mais antigo fóssil que comprova essa amizade é de 9,500 a. C. Descoberta em 2004, a ossada de um gato selvagem dividia a tumba com a de um humano. O achado derruba a tese de que os egípcios teriam sido os pioneiros na domesticação dos felinos, em aproximadamente 2.000 a. C., já que o fóssil foi encontrado na ilha mediterrânea de Chipre.
Pelo tamanho da ossada, o primeiro amigo felino não devia ter mais de 8 meses de vida, o que indica que teria sido morto para acompanhar a dona após a morte. Porém, o indício mais forte da amizade consiste no fato de que, nenhum gato, de espécie alguma, é nativo da ilha de Chipre. Para a existência desse fóssil, a hipótese mais provável é a de que os próprios moradores da ilha viajaram cerca de 70 quilômetros, até a Turquia, onde adquiriram o animal e o levaram para a vila.
"Pesquisando os componentes genéticos de gatos selvagens da Europa, da Ásia, da África e do Oriente Médio, concluímos que realmente a domesticação começou na ilha de Chipre, com gatos provenientes do Crescente Fértil (região entre os rios Nilo, Tigre e Eufrates, onde iniciou a agricultura)", afirma Stephen O'Brien, chefe do laboratório de diversidade genômica no Instituto Nacional do Câncer, em Maryland, EUA.
De deuses a demônios
Séculos de convivência - e o ar enigmático dos felinos - fizeram com que, além de aliados, os gatos passassem a ser considerados um canal para diálogos com o divino. "No Antigo Egito, acreditava-se que eles tinham propriedades espirituais e que eram capazes de se comunicar com divindades", diz Elaine Evans, professora da Universidade do Tennessee e curadora do museu McClung (no campus da universidade, em Knoxville), que desde 2001 abriga uma exposição de gatos mumificados.
No início, os egípcios cultuavam os leões. O gato selvagem que mais parecia um leão em miniatura, começou a ser introduzido na mitologia. Assim, os deuses passaram a ganhar atributos e temperamentos ainda ligados aos leões, mas adaptados ao comportamento dos bichanos. "O gato representa a civilização, relação feita a partir da agricultura. Também representa o Sol, por ficar bastante tempo deitado na areia se bronzeando. Essas características foram atribuídas ao deus-sol Rê, metade homem, metade gato", afirma Antonio Brancaglion Jr, egiptólogo e professor no Museu Nacional do Rio de Janeiro.
Com a popularização dos rituais fúnebres envolvendo a mumificação, os gatos passaram a acompanhar seus donos até a eternidade. A mais antiga múmia de gato conhecida data de 1.500 a. C. Apenas na cidade de Beni-Hassan, na margem leste do rio Nilo, mais de 300 mil múmias felinas foram encontradas. Também há registros de cemitérios gigantescos nos arredores do Cairo, com mais de 4 milhões de gatos mumificados.
Essa aura de adoração não ficou enterrada nas tumbas egípcias. Séculos depois, nas comunidades gregas e romanas, eram comuns imagens e cultos às deusas Háthor e Bastet. Baseados nessas duas divindades, os gregos também transferiram ao gato alguns atributos de Afrodite, a deusa do amor e do prazer sexual, e associaram a agilidade e a rapidez dos bichanos para a fuga a Ártemis, a deusa da caça. Da mesma forma, os romanos associaram a feminilidade felina à deusa Diana, da caça e da fecundidade, e relacionavam o bichano à deusa Vênus, da sensualidade e das emoções maternas.
Já na era cristã, a Inquisição veio para por um fim na paz entre humanos, gatos e divindades. "O bichano só começou a ser visto de forma negativa a partir do cristianismo, na Idade Média. Essa ligação maligna foi feita justamente porque era um animal atribuído aos deuses pagãos. Com a Inquisição, tudo que não era da religião católica era do mal e deveria ser queimado na fogueira", afirma Brancaglion. Profissões que tinham qualquer ligação com o gato também foram condenadas. As parteiras, por exemplo, usavam a deusa Bastet como símbolo e, por isso, foram tachadas de bruxas. No século 13, a perseguição foi ainda maior. Com a promulgação de bulas nas quais condenava os gatos, especialmente os de cor preta, associado ao satanismo, o papa Gregório IX determinou a exterminação de centenas de felinos.
A humanidade pagou caro por esse destempero da Inquisição. Com a redução da população felina, os ratos tomaram conta do pedaço. Falta de saneamento, condições precárias de higiene e tráfego de navios infestados de roedores ajudaram a deixar o século 14 marcado na Europa pela pandemia da peste bubônica. Transmitida através da picada de pulgas infectadas por ratos doentes, a "peste negra" dizimou cerca de um terço da população europeia.
Se sob o catolicismo os gatos conheciam dias de cão, na cultura islâmica há relatos de que a vida de Maomé teria sido salva por seu felino de estimação. "Conta-se que o profeta estava em casa e, sem que ele percebesse, uma cobra se aproximou para atacá-lo. Seu gato conseguiu matá-la antes do bote. Também fala-se que o profeta o teria acariciado na cabeça e o abençoado, e que, por isso, a partir daquele dia, os gatos começaram a cair sempre em pé", diz Brancaglion.
A amizade felina também influenciou a cultura nipônica. No Japão, o gato Maneki-Neko (aquele das boas-vindas, com uma das patinhas levantada) é símbolo de boa sorte. Reza a lenda que, há muitos anos, esse gato estava parado na frente do templo de Gotoku-ji. Ao ver um senhor feudal, teria acenado e atraído o homem para dentro, livrando-o de um raio que cairia logo depois. A partir desse dia, Maneki-Neko passou a ser considerado a encarnação da deusa da misericórdia.
Os mutantes
Os gatos não contam apenas com aspectos etéreos como justificativa para terem virado um dos animais de estimação mais comuns no mundo. A ciência também tem seu papel. As mutações genéticas favoreceram o aumento na aceitação do bichano. Por meio de reproduções monitoradas, novas raças são desenvolvidas. "Há gatos como os das raça sphynx, que não possuem pelos. Essa mutação foi mantida intencionalmente e virou uma opção para pessoas alérgicas", diz a médica veterinária Maria de Fátima Martins, professora na USP e especialista em zooterapia.
As mutações têm se mostrado eficazes na hora de mudar a forma, mas ficam devendo quanto ao conteúdo. Para Nicholas Dodman, especialista em comportamento animal e autor do livro "The cat who cried for help" ("O gato que gritou por socorro", ainda sem tradução para o português), apesar de todo o histórico de convívio, nenhuma raça foi totalmente domesticada. "A razão pela qual os gatos nos toleram é que eles são criados por humanos desde pequenos. O período crítico de socialização é entre duas e sete semanas, fase na qual são moldados por nós. Gatos que viveram esse período sem contato com humanos nunca se sentirão confortáveis na presença de pessoas."
Já para a professora primária Kathy Hoopmann, autora de uma série de livros sobre comportamento infantil, a amizade com os gatos é possível, mas exige cuidados. Em seu livro "All cats have Asperger syndrome" ("Todos os gatos têm síndrome de Asperger", sem tradução para o português), ela compara os bichos a portadores da síndrome, caracterizada pela dificuldade no convívio social, mas sem afetar a parte cognitiva. "Pessoas com Asperger têm problemas em quatro áreas principais: comunicação, interação social e emocional, sentidos sensoriais e adaptação a mudanças. Os gatos dividem os mesmos traços. Não são animais sociáveis, tendem a escolher 'amigos' com cuidado."
Mesmo com essas peculariedades, a amizade entre humanos e felinos é totalmente possível. Quando feita gradativamente, respeitando os limites dados pelo animal, a aproximação pode fazer dos gatos bichos dóceis e sociáveis. Uma forma fácil de interação é a observação da linguagem corporal. "Esfregar a cabeça, por exemplo, é um sinal de afeto, do mesmo modo que o piscar enquanto olha para alguém. Miados mais curtos são sons de felicidade, enquanto que pupilas dilatadas indicam medo. Se um gato estiver com os pelos arrepiados e com a cauda ereta, indica medo e potencial agressão", diz Dodman.
Segundo Alexandre Rossi, especialista em comportamento animal e autor de livros com dicas de comportamento e adestramento, é importante lembrar que gatos são bichos de comportamento peculiar. "Há pessoas que levam um gato para casa e esperam que ele se comporte como um cachorro, que não suba nos lugares e que obedeça a todas as ordens", afirma. No livro "Os segredos dos gatos" (editora Globo), Rossi decifra algumas características específicas dos felinos. "O gato não obedece a uma ordem simplesmente por obedecer. Ele precisa confiar na pessoa e ter uma recompensa pela obediência. Enquanto os cães possuem predisposição natural para receber ordens, já que evoluíram de bandos em que a hierarquia era fundamental, gatos sempre foram caçadores solitários, nunca dependeram do grupo para sobreviver." Rossi também reforça a importância da educação do animal sem violência. "Cachorros são capazes de tolerar a agressão enquanto são adestrados e ainda assim continuam amando seus donos. Gatos, não."
A paciência com os hábitos felinos podem trazer recompensas para o dono. A primeira delas seria para a saúde. Segundo Dodman, os gatos ajudam a aliviar alterações negativas de humor em um nível equiparado apenas à companhia humana. Também auxiliam a diminuir a pressão arterial e o colesterol.
Na alegria e na tristeza
Introduzida no Brasil entre o final da década de 1940 e início da década de 1950 no tratamento de pacientes com esquizofrenia, a zooterapia, ou terapia assistida por animais, teve como seu primeiro colaborador o gato. Hoje, vários outros animais foram incluídos na prática. "O gato é mais sutil, mais reservado. De uma maneira geral, ele mede mais as consequências e respeita mais os limites dados pela pessoa. E isso influencia muito nas terapias", afirma a psicóloga e veterinária Hannelore Fuchs.
Trabalhando com zooterapia há 15 anos, em São Paulo, ela coleciona casos bem-sucedidos. Uma vez por mês, Hannelore e a gata Frida visitam uma escola de educação especial em São Paulo. Com crianças, o foco do trabalho e dos estudos está ligado à cognição, à conduta e ao desenvolvimento físico e motor. Há casos de crianças com dificuldade em abrir as mãos que desenvolveram ou retomaram esse controle devido ao esforço feito para poder acariciar um gato.
Desde 1999, a professora Maria de Fátima estuda a interação entre homens e animais. "Com a zooterapia, observamos que essa interação melhora o ambiente social, a qualidade de vida do ser humano e, consequentemente, do animal". Segundo ela, o gato na zooterapia funciona como uma ponte entre paciente e terapeuta. No consultório de Hannelore, os animais ficam soltos e transitam entre uma consulta e outra. "Dependendo da afeição do paciente pelo gato, ele começa a fazer parte da consulta", diz a psicóloga.
Assim, casos como o de dona Luiza, a mulher do começo desta reportagem, estão se tornando cada vez mais comuns em asilos e entre idosos abandonados. "Para eles, o gato vira um desafio positivo", afirma Hannelore. "Gerenciam a rotina do animal, sentem-se responsáveis pela vida do bicho. Isso faz com que o idoso deixe um pouco o papel de ser cuidado e passe a ser o 'cuidador'. Por meio do convívio com o gato, a vida do idoso passa a ter uma motivação maior."
(texto publicado na revista Galileu nº 204 - julho 2008)
L'importanza del buonumore - Amelia Beltramini
Solo da pochi anni gli scienziati studiano l'umore. Ma hanno già scoperto a che cosa serve, e come migliorarlo.
Chi è di buonumore, dicono gli studi, ha molti vantaggi: vive più a lungo e meglio, fa più carriera, guadagna di più. E mette di buon umore gli altri.
Lo squillo della sveglia è stato improvviso, tirarsi giù dal letto faticoso. Fuori é ancora buio: è brutto tempo. E il barometro interno segnala cattivo umore. Perché? Nessun motivo, ma la giornata è cominciata con il piede sinistro. Andrà avanti così: allo specchio meglio non guardarsi, si notano tutti i brufoli (o le rughe, secondo l'età). Dal giornale radio solo brutte notizie. Anche i passanti per strada hanno la faccia dei giorni "no".
L'umore non è emozione
Si potrebbe continuare, ma è inutile. Una giornata "no", di malumore, è esperienza comune. Ma che cos'è l'umore? A che cosa serve? Da cosa dipende? Che conseguenze ha? E, soprattutto, lo si può modificare il comando?
Certo, umore o stato d'animo ed emozioni sono cose diverse, nonostante coinvolgano tutte i sentimenti. "La differenza più ovvia è che le emozioni durano meno dell'umore" dice Rosanna Trentin, docente di psicologia sociale all'Università di Padova. "L'umore può durare un'intera giornata, a volte anche due, mentre le emozioni vanno e vengono nel giro di minuti, a volte addirittura di secondi. Inoltre l'emozione è violenta, l'umore blando".
Blando, ma non meno insidioso: influisce infatti sulla percezione e sul comportamento. "L'umore riduce le nostre alternative, distorce il nostro modo di pensare e rende difficile controllare le reazioni" spiega Paul Ekman, docente di psicologia alla University of California a S. Francisco. "Se l'umore è irritabile si è preparati solo ad adirarsi; se si è giù di tono si è pronti a deprimersi; se è euforico tutto è più piacevole, anche le grane; e uno stato d'animo di apprensione contiene i semi della paura. L'umore riduce la flessibilità e la capacità di cogliere le sfumature dell'ambiente e, alterando l'interpretazione del mondo, altera le nostre risposte". Chi è di umore irritabile sembra cerchi ogni scusa per adirarsi, tutto per lui è provocazione. E la sua ira sarà più forte e durerà più a lungo.
Da dove viene l'umore?
L'umore poi diversamente dall'emozione, sembra inspiegabile. Si sa sempre che cosa ha scatenato un'emozione. Ma raramente si capisce la fonte dell'umore, tranne quando è lo strascico di una violenta emozione. Ci si può svegliare di un certo umore e scoprire a metà giornata che è cambiato, senza un perché.
A che serve l'umore? Secondo Ekman a poco. "Le emozioni sono necessarie alla vita, e non potremmo farne meno: l'umore invece serve poco o nulla". Ma Randy J. Larsen, docente di valori umani e sviluppo morale alla Washington University, non è d'accordo. "Mentre le emozioni forniscono informazioni sulle nostre reazioni all'ambiente che ci circonda, l'umore ci dice che cosa sta succedendo dentro di noi, quali sono le risorse disponibili quel giorno, qual è il metabolismo delle nostre energie. E lo comunica all'esterno".
L'umore è nei tic
Come? "Umore ed emozioni si manifestano con canali diversi: se le espressioni del viso sono lo specchio delle emozioni, l'umore è rivelato dalla postura, dal passo, dai gesti, dal tono della voce, dal ritmo del discorso" dice Larsen.
Certo, potendo scegliere, si preferisce il buonumore. E a ragione. Non si tratta solo di stare meglio soggettivamente. Persone di umore tetro sono sgradite agli altri, perché l'umore è contagioso, passa da individuo a individuo. Un vicino di banco o di lavoro sempre di malumore è un irritante cronico. Ma non è tutto. Una ricerca su 168 suore francesi ha dimostrato che buonumore e longevità vanno a braccetto: il 90% delle religiose che all'atto dei voti era di buon umore era ancora in vita a 85 anni, contro il 34% delle consorelle di umore non buono. Il distacco si manteneva negli anni: alla veneranda età di 94 anni buonumore batteva malumore 54% a 11%.
Il sorriso di fine anno
Buonumore significa sorrisi. Secondo Dacher Keltner e LeeAnne Harker, psicologi della California University a Berkeley, il sorriso è una palla di cristallo che consente di predire il futuro. L'hanno studiato nelle 141 foto di fine anno del Mills College di Oakland. Tutte le fotografie sorridevano; metà con sorriso di circostanza, l'altra metà sorrideva con occhi e bocca, un sorriso vero. "Come sarà la vita di queste donne?" si sono chiesti gli psicologi, e sono andati a curiosare. Nei 30 anni successivi le donne con sorriso autentico hanno rivelato percentuali più alte di matrimoni riusciti e di benessere personale.
A che serve il malumore?
Ma chi di solito è di buon umore fa anche più carriera e guadagna di più. Uno studio pubblicato nel 1994 sulla rivista Organization science ha misurato il tasso di emozioni positive di 272 impiegati, e ne ha seguito la carriera nei 18 mesi successivi. Chi aveva umore migliore veniva promosso e aveva aumenti di stipendio. Quindi il cattivo umore non serve a nulla? Dipende: "Uno stato d'animo negativo ha i suoi vantaggi" dice Martin Seligman, direttore del Department of psychology alla Pennstate University di Filadelfia. "Attiva una mentalità" 'da cecchino': la missione è focalizzarsi su ciò che non va ed eliminarlo. Uno stato d'animo positivo promuove invece un modo di pensare creativo, tollerante, costruttivo, generoso, aperto, che individua le virtù e non i difetti. I due modi di pensare si sviluppano in parti diverse del cervello, hanno una chimica diversa".
L'atteggiamento critico serve a compilare la dichiarazione dei redditi, a correggere le bozze d'un libro, a prepararsi alla visita della Finanza: essere severi e di malumore rende più acuti nel giudizio.
Ma se avete bisogno di creatività, di generosità, di tolleranza, se dovete pianificare una campagna di vendita, decidere se sposare o meno un partner, cimentarvi in un testo creativo, allora meglio che siate di buonumore, seduti comodamente, con una musica gradevole di sottofondo e in una giornata di sole. E, se possibile, circondatevi di persone che sapete altruiste e ben disposte.
(testo pubblicato sulla rivista Focus nº 138 - aprile 2004)
L'uomo lupo - Chiara Borelli
Uno studioso é riuscito a vivere per 18 mesi in un branco di lupi in un parco britannico. A forza di ululati, ringhi e morsi è diventato capobranco. Imparando molte cose.
Ha vissuto 18 mesi da lupo, all'interno di un branco.Comportandosi come uno di loro: ululando, ringhiando, leccando, dormendo all'aperto e... mangiando carne cruda.
Non è un caso di licantropia, ma una singolare ricerca etologica, quella dello studioso britannico Shaun Ellis: ha deciso di analizzare sul campo il comportamento di un branco di lupi nel Parco di Combe Martin, nel Devon (Gb). "Solo facendo parte di una loro famiglia si possono capire i segreti dei lupi" dice Ellis. "Ho pensato che, ottenuta la loro fiducia, avrei rivoluzionato la ricerca scientifica su di loro". È ci è riuscito, tanto da guadagnarsi l'appellativo di "The Wolfman" (l'uomo lupo) e diventare il protagonista del filme A man among wolves che ha documentato la sua eccezionale esperienza.
Adattarsi non è stato semplice: era vietato lavarsi, per non perdere l'odore caratteristico che consente, nel branco, di riconoscere e accettare ogni individuo.
E, per non farsi sopraffare, Ellis ha dovuto imporsi come "maschio alfa", il capobranco. In che modo? Ringhiando ferocemente, morsicando, dando dimostrazioni di aggressività controllata e mangiando i bocconi migliori di ogni preda, quelli che spettano appunto al maschio dominante: cervello, cuore, fegato, reni...ovviamente crudi.
Il fegato crudo no!
Il grado di precedenza nell'accesso al cibo è importante perché rispecchia l'ordine sociale. Questo va poi mantenuto e difeso. Gli altri possono riconoscere il minimo tentennamento e rimettere in discussione la gerarchia. Le maggior difficoltà alimentari? "Mangiare il fegato crudo" ammette Ellis. Per aiutarlo a superare l'ostacolo, il personale del Parco, prima di lasciare le carcasse al branco in carenza di prede, cuoceva il fegato e lo metteva in un contenitore all'interno dell'animale, nel punto esatto in cui è situato l'organo.
Altra sfida: la comunicazione. Il linguaggio dei lupi è complesso. È fatto di posizioni del corpo, espressioni faciali, sguardi e vocalizzi (come abbai, ringhi, ululati e guaiti). Per prima cosa Ellis ha imparato a ululare: "È come studiare una nuova lingua, lo spagnolo o il tedesco..." racconta il ricercatore.
Non parlare: ulula
Già, perché l'ululato è molto complicato: ne esistono di molti tipi, da quello difensivo (che usa toni bassi) a quello di localizzazione (con toni alti), che serve per fare sapere dove ci si trova. L'ululato serve ai lupi per comunicare sulle lunghe distanze, quando i membri del branco non sono a portata di sguardo.
Percepibile a diversi chilometri di distanza, l'ululato è anche usato fra lupi rivali per evitare conflitti. Ogni lupo ulula in modo diverso, secondo il suo stato sociale: la coppia dominante, per esempio, usa toni bassi e ululati brevi, seguiti da una pausa silenziosa per ascoltare le eventuali risposte e decidere il destino del branco: continuare la marcia o fermarsi ad aspettare gli altri?
Indiani grandi etologi
Ellis, che ha 42 anni, ha speso gran parte della sua vita studiando il comportamento dei lupi. "Il mio interesse per loro" racconta "è iniziato molto presto: sono cresciuto in una fattoria con molti cani, e preferivo passare il tempo in loro compagnia piuttosto che con gli altri bambini. Più avanti, ho spostato la mia attenzione verso le volpi che vivevano nelle foreste intorno a casa, e il passo verso i lupi è stato breve".
Poi ha vissuto alcuni anni tra gli indiani Nez Percé, in una riserva dell'Idaho (Stati Uniti) dove, per la prima volta, si è avvicinato alla vita di un branco. Ha iniziato a registrare gli ululati, riascoltandoli pazientemente più e più volte, fino a riuscire a riconoscere ogni singolo esemplare dalla voce. "Lì ho capito che gli indiani sapevano molte più cose sui lupi rispetto a tutto quello che i ricercatori scientifici avevano scoperto. Mi sono chiesto per quale motivo e ho capito: i Nez Perché vivono a stretto contatto con questi animali, ne condividono l'ambiente".
Ora, da 7 anni, Ellis lavora nel Parco di Combe Martin, e studia i lupi che vi risiedono: ha imparato a seguirli e a conoscerli, prima di entrare "a tempo pieno" tra di loro. Poi è persino riuscito a educare 3 lupacchiotti, abbandonati dalla madre alla nascita, per farli diventare lupi come natura comanda, insegnando loro il linguaggio della specie e le regole per sopravvivere.
Tra i propositi di Ellis, c'è quello di elaborare un metodo per scoraggiare i lupi dal frequentare aree di potenziale conflitto con gli uomini, per rendere possibile una coesistenza pacifica. Anche in Italia, infatti, la persecuzione da parte dell'uomo costituisce il loro principale fattore di mortalità. Si stima che oggi nel nostro paese ce ne siano 600.
Un ritorno da disadattato
Nella comunità del lupo non è importante il singolo individuo: prevalgono il branco e la disciplina. Tutti accettano di stare al proprio posto nella gerarchia, senza sensi di colpa verso i sottomessi o rabbi per i superiori.
Ellis ha dovuto adattarsi all rigidità e alla severità richieste. Tornato fra gli uomini ha avuto qualche problema. "Con la mia famiglia, per 3-4 settimane dopo il mio ritorno ha avuto difficoltà a comunicare" ammette.
La sua esperienza ha diviso in due la comunità scientifica. Secondo alcuni si è aperta una nuova strada per l'etologia, sull'esempio dell'antropologa inglese Jane Goodal, che si fece accettare da un gruppo di scimpanzé. O dell'americana Diane Fossey che si integrò fra i gorilla. Altri ritengono che non bisogna essere troppo coinvolti emotivamente per mantenere una visione oggettiva degli animali.
Dall'esperienza, comunque, Ellis ha ricavato la convinzione che i lupi, a dispetto della loro nomea, sino animali intelligenti, equilibrati e fiduciosi. E se qualche entusiasta volesse seguire il suo esempio? "Non lo faccia" avverte. "È molto pericoloso, per chi non è preparato, camminare in mezzo a un branco e cercare di essere accettati. Un lupo non è un animale domestico".
Adattarsi non è stato semplice: era vietato lavarsi, per non perdere l'odore caratteristico che consente, nel branco, di riconoscere e accettare ogni individuo.
E, per non farsi sopraffare, Ellis ha dovuto imporsi come "maschio alfa", il capobranco. In che modo? Ringhiando ferocemente, morsicando, dando dimostrazioni di aggressività controllata e mangiando i bocconi migliori di ogni preda, quelli che spettano appunto al maschio dominante: cervello, cuore, fegato, reni...ovviamente crudi.
Il fegato crudo no!
Il grado di precedenza nell'accesso al cibo è importante perché rispecchia l'ordine sociale. Questo va poi mantenuto e difeso. Gli altri possono riconoscere il minimo tentennamento e rimettere in discussione la gerarchia. Le maggior difficoltà alimentari? "Mangiare il fegato crudo" ammette Ellis. Per aiutarlo a superare l'ostacolo, il personale del Parco, prima di lasciare le carcasse al branco in carenza di prede, cuoceva il fegato e lo metteva in un contenitore all'interno dell'animale, nel punto esatto in cui è situato l'organo.
Altra sfida: la comunicazione. Il linguaggio dei lupi è complesso. È fatto di posizioni del corpo, espressioni faciali, sguardi e vocalizzi (come abbai, ringhi, ululati e guaiti). Per prima cosa Ellis ha imparato a ululare: "È come studiare una nuova lingua, lo spagnolo o il tedesco..." racconta il ricercatore.
Non parlare: ulula
Già, perché l'ululato è molto complicato: ne esistono di molti tipi, da quello difensivo (che usa toni bassi) a quello di localizzazione (con toni alti), che serve per fare sapere dove ci si trova. L'ululato serve ai lupi per comunicare sulle lunghe distanze, quando i membri del branco non sono a portata di sguardo.
Percepibile a diversi chilometri di distanza, l'ululato è anche usato fra lupi rivali per evitare conflitti. Ogni lupo ulula in modo diverso, secondo il suo stato sociale: la coppia dominante, per esempio, usa toni bassi e ululati brevi, seguiti da una pausa silenziosa per ascoltare le eventuali risposte e decidere il destino del branco: continuare la marcia o fermarsi ad aspettare gli altri?
Indiani grandi etologi
Ellis, che ha 42 anni, ha speso gran parte della sua vita studiando il comportamento dei lupi. "Il mio interesse per loro" racconta "è iniziato molto presto: sono cresciuto in una fattoria con molti cani, e preferivo passare il tempo in loro compagnia piuttosto che con gli altri bambini. Più avanti, ho spostato la mia attenzione verso le volpi che vivevano nelle foreste intorno a casa, e il passo verso i lupi è stato breve".
Poi ha vissuto alcuni anni tra gli indiani Nez Percé, in una riserva dell'Idaho (Stati Uniti) dove, per la prima volta, si è avvicinato alla vita di un branco. Ha iniziato a registrare gli ululati, riascoltandoli pazientemente più e più volte, fino a riuscire a riconoscere ogni singolo esemplare dalla voce. "Lì ho capito che gli indiani sapevano molte più cose sui lupi rispetto a tutto quello che i ricercatori scientifici avevano scoperto. Mi sono chiesto per quale motivo e ho capito: i Nez Perché vivono a stretto contatto con questi animali, ne condividono l'ambiente".
Ora, da 7 anni, Ellis lavora nel Parco di Combe Martin, e studia i lupi che vi risiedono: ha imparato a seguirli e a conoscerli, prima di entrare "a tempo pieno" tra di loro. Poi è persino riuscito a educare 3 lupacchiotti, abbandonati dalla madre alla nascita, per farli diventare lupi come natura comanda, insegnando loro il linguaggio della specie e le regole per sopravvivere.
Tra i propositi di Ellis, c'è quello di elaborare un metodo per scoraggiare i lupi dal frequentare aree di potenziale conflitto con gli uomini, per rendere possibile una coesistenza pacifica. Anche in Italia, infatti, la persecuzione da parte dell'uomo costituisce il loro principale fattore di mortalità. Si stima che oggi nel nostro paese ce ne siano 600.
Un ritorno da disadattato
Nella comunità del lupo non è importante il singolo individuo: prevalgono il branco e la disciplina. Tutti accettano di stare al proprio posto nella gerarchia, senza sensi di colpa verso i sottomessi o rabbi per i superiori.
Ellis ha dovuto adattarsi all rigidità e alla severità richieste. Tornato fra gli uomini ha avuto qualche problema. "Con la mia famiglia, per 3-4 settimane dopo il mio ritorno ha avuto difficoltà a comunicare" ammette.
La sua esperienza ha diviso in due la comunità scientifica. Secondo alcuni si è aperta una nuova strada per l'etologia, sull'esempio dell'antropologa inglese Jane Goodal, che si fece accettare da un gruppo di scimpanzé. O dell'americana Diane Fossey che si integrò fra i gorilla. Altri ritengono che non bisogna essere troppo coinvolti emotivamente per mantenere una visione oggettiva degli animali.
Dall'esperienza, comunque, Ellis ha ricavato la convinzione che i lupi, a dispetto della loro nomea, sino animali intelligenti, equilibrati e fiduciosi. E se qualche entusiasta volesse seguire il suo esempio? "Non lo faccia" avverte. "È molto pericoloso, per chi non è preparato, camminare in mezzo a un branco e cercare di essere accettati. Un lupo non è un animale domestico".
(testo pubblicato sulla rivista Focus nº 179 - settembre 2007)
Misurare il tempo
Fin dalla preistoria l'uomo ha avuto l'esigenza di calcolare e prevedere l'avvicendarsi dei giorni, delle stagioni e degli anni. Ecco come ha fatto.
PREISTORIA
I primi strumenti sono stati gli orologi solari, le meridiane: le più antiche risalgono al Neolitico. Le pietre - se singole sono dette menhir - erano orologi ma anche calendari e osservatori astronomici. L'elemento fisso della meridiana (gnomone) proiettava l'ombra su un quadrante dove la giornata di luce era divisa in 12 parti, dall'alba al tramonto, che variavano di lunghezza a seconda della stagione.
EGIZI
Presso gli Egizi, gli obelischi, eretti per funzioni celebrative, erano gnomoni di meridiane. Per non dipendere dai raggi solari, fu inventata la clessidra, basata sul flusso di acqua in uscita da un contenitore: la più antica è di 3.500 anni fa ed è stata trovata nella tomba del faraone Amenhotep I. Più antico di un migliaio di anni era il merkhet, con cui si calcolava l'ora di notte prendendo como riferimento il movimento delle stelle: era formato da un asse mirino e da una squadra con filo a piombo.
GRECI
Nel III sec. a. C. Ctesibio inventò un orologio ad acqua: rendeva costante il flusso d'acqua in uscita da un recipiente per riempire un altro contenitore in cui saliva, col livello del liquido, un galleggiante che muoveva un indicatore con lancetta.
ROMANI E MEDIOEVO
I Romani inventarono l'orologio negativo solare: un raggio di sole, attraversando una fessura, indicav il passare del tempo. Nel Medioevo si diffusero gli orologi a candela: un modello bizantino conteggiava lo scorrere delle ore valutando la quantità di cera consumata dalla combustione. La candela poteva avere incise tacche temporali che ne aiutavano la lettura.
DAL DUECENTO AL SEICENTO
I primi orologi meccanici, del XIII secolo, furono sviluppati nei monasteri, per scandire le ore di preghiera. Gli "svegliarini monastici" erano composti da un ingranaggio metallico con ruote azionate da pesi: dopo un tempo stabilito azionavano una campanellina. Nel tardo Medioevo si erano diffuse anche le clepsamia, clessidre a sabbia. Nel XVII secolo Galileo scoprì le leggi del moto di un pendolo: ciò permise all'olandese Christiaan Huygens, nel 1656, di creare l'orologio a pendolo.
L'ETÀ MODERNA
La meccanica degli orologi divenne sempre più precisa. L'ultima frontiera sono gli orologi atomici, basati su una frequenza di risonanza di un atomo: dopo un modello sperimentale del 1949, il primo orologio atomico sufficientemente accurato fu realizzato nel 1955 all'Istituto Nazionale di Fisica della Gran Bretagna.
(testo pubblicato sulla rivista Focus nº 223 - maggio 2011)
Furúnculo é contagioso - Dra. Ana Escobar
Entenda: o furúnculo é uma infecção da pele. Na maior parte das vezes é causado por uma bactéria muito agressiva e de nome complicado Staphylococcus aureus.
Esta bactéria pode existir na nossa pele, convivendo em paz, sem causar problemas. Porém algumas situações podem fazer com que ela se aloje na raiz do pelo que é o folículo piloso. Isto acontece por exemplo, quando cai a imunidade ou quando usamos roupas muito apertadas ou tecidos sintéticos que dificultam a evaporação do suor. Esta situação cria um ambiente favorável à proliferação desta bactéria que como é muito agressiva, rapidamente pode atingir outras estruturas da pele como as glândulas sebáceas e os tecidos subcutâneos. Pronto: formou-se o furúnculo, que é aquela “bolinha” vermelha, inflamada, cheia de pus e muito dolorida. E pode se espalhar e ficar muito grande.
Quando o furúnculo “estoura” sai uma grande quantidade de pus que contém bactérias e leucócitos, que são as nossas células de defesa que vieram para o local da infecção nos defender. O pus é, portanto, o resultado desta “batalha”. Como contém bactérias, pode ser contagioso.
Nunca devemos “espremer” o furúnculo. Isto pode piorar ainda mais a inflamação e ainda infectar outra região do corpo e outras pessoas. Espere “estourar” sozinho. Uma compressa morna e úmida pode ajudar.
Lembre-se sempre que convivemos normalmente com muitas bactérias, principalmente na pele. Umas mais, outras menos agressivas. Manter a higiene corporal e usar roupas que permitem que a pele "respire” é uma boa dica de saúde!
Depoimento da atriz Ana Rosa sobre a perda de uma filha (Saudades nos dois lados da vida)
Algumas vezes eu representei cenas de perdas de entes queridos em novelas. No dia 17 de novembro de 1995, no velório de minha filha Ana Luisa, nascida em São Paulo no dia 10 de dezembro de 1976, eu não queria acreditar que estivesse vivendo aquilo de verdade.
No dia seguinte, saí para comprar alguns presentes de Natal. Afinal, meus outros seis filhos ainda estavam ali e precisavam da mãe. Mas eu parecia um zumbi. Numa loja, me senti mal. Tontura, fraqueza, parecia que meu peito iria explodir, que eu não iria aguentar tanta dor. Pedi à vendedora que me deixasse sentar um pouco. Eu estava quase sufocando, as lágrimas queriam saltar de meus olhos. Mas eu não queria chorar. Queria esconder minha dor, fazer de conta que aquilo não havia acontecido comigo. Bebi água, respirei fundo e saí ainda zonza.
Eu sempre acreditei que iria terminar de criar minha filha, como todos os outros. Que iria vê-la formar-se em veterinária. Vê-la casada, com filhos. Achava que teria sempre a Aninha ao meu lado. Um dia, ela me contou que quando era pequena e eu saía pra trabalhar, ela sentia medo de que eu não voltasse. Por isso ficava sempre na porta de casa me olhando até eu sumir de sua vista. Por isso vivia grudada em mim.
Imagino que ela já pressentia ainda criança, que iríamos nos separar cedo. Só que foi ela a ir embora. Foi ela que saiu e não voltou mais. Foi ela que me deixou com a sua saudade. Para amenizar a falta, o vazio que ela deixou, eu ficava horas revendo os vídeos mais recentes com suas imagens. Nossas viagens, festas de aniversários, a formatura da irmã, seu jeitinho lindo tão meu conhecido de sentir vergonha.
Ela com o primeiro e único namorado. O gesto característico de arrumar os cabelos. A sua primeira apresentação de piano. Nesse vídeo então, eu ficava namorando suas mãos de dedos longos e finos. Até hoje eu me lembro de cada detalhe das mãos da Aninha. Assim como me lembro de cada detalhe de seus pés, do seu rosto...
Dali pra frente, o que mais me chocava e surpreendia era que todo o resto do mundo continuava igual. Como se nada tivesse acontecido: o sol nascia e se punha todos os dias, as pessoas andavam pelas ruas. O mesmo movimento, barulho. O mundo continuava a girar. Tudo, tudo igual. Só na minha casa, na minha família, dentro de mim, é que nada mais voltaria a ser como antes. Faltava minha filha, Ana Luisa!
Eu passava, quase diariamente, nos lugares comuns: o colégio Imaculada Conceição, em Botafogo. Cinema, lanchonete, restaurante, o metrô, onde tantas e tantas vezes viajamos juntas. A loja das comprinhas, o shopping, o parquinho, o clube onde fazia natação. A praia de Botafogo onde ela foi atropelada, o hospital Miguel Couto, onde passamos as horas mais angustiosas de nossas vidas.
O cemitério São João Batista, onde repousam seus restos mortais. Até hoje cada um desses lugares me lembra alguma coisa de minha filha. Até hoje guardo as lembranças de seus abraços, seus chamegos, o cheirinho da sua pele, o calor, seu carinho e aconchego. Ana vivia literalmente pendurada em mim. Já grandona, maior que eu, mas sempre como se fosse meu nenê pedindo colo.
Saudade. Saudade. Saudade, minha Aninha.
Não fosse a minha fé e a convicção de que a vida não termina com a morte, não fossem os outros filhos que ainda precisavam de mim, acho que teria pirado. Além da família, o trabalho, a terapia e o estudo da doutrina espírita me deram forças para superar a separação e a falta da Ana Luisa.
Sou e serei eternamente grata ao meu Pai do Céu, porque fui agraciada com muitos sinais de que a separação é apenas temporária. Alguns dias após sua passagem entrei em seu quartinho que ficou inundado pelo cheiro de rosas. Instintivamente fui olhar pela janela. Naturalmente o cheiro não vinha de fora. O perfume intenso era só ali dentro.
Um mês depois, no grupo que eu frequentava no Centro Seara Fraterna, minha filha se manifestou. Ainda meio confusa pela mudança abrupta e repentina, mas já consciente de sua passagem. Naquela noite, o buraco no meu peito que parecia uma ferida sangrando, mudou de aspecto. Continuava a doer, mas a certeza de que minha filha continuava e continua viva em alguma outra dimensão me trouxe uma nova perspectiva. A de que eu poderia chorar pela sua ausência, nunca pelo seu fim.
Dali pra frente, algumas vezes vi, em outras pressenti, sua essência ao meu lado. No decorrer desses doze anos, recebi, por acréscimo de misericórdia, um bom número de mensagens dela. Uma das últimas foi através de um médium reconhecido, que foi fazer uma palestra num evento que eu apresentava. Sem que eu esperasse ou solicitasse, ele disse que via uma jovem ao meu lado – me descreveu exatamente minha filha - e que ela me apontava para ele dizendo: é esta aqui, ó.
Esta é que é a minha mãe. Quando me sentei, ele disse que ela sentou-se no meu colo. Entre as várias coisas no recado que me mandou, encerrou dizendo que as violetas (enceno a peça “Violetas na janela” há 11 anos) que ela cultiva onde se encontra, não serão colocadas na janela, e sim, serão usadas para fazer um tapete de flores para eu pisar quando chegar lá.
quarta-feira, 28 de agosto de 2013
Sgt Pepper's Lonely Hearts Club Band ( Full Album Remastered 2009) - The Beatles
1. Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band - 0:00
2. With a Little Help from My Friends - 2:02
3. Lucy in the Sky with Diamonds - 4:46
4. Getting Better - 8:15
5. Fixing a Hole - 11:03
6. She's Leaving Home - 13:39
7. Being for the Benefit of Mr. Kite - 17:14
8. Within You Without You - 19:53
9. When I'm Sixty-Four - 24:57
10. Lovely Rita - 27:35
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