Outro dia fiz uma postagem a respeito da vida dos ciclistas na cidade de São Paulo. Estamos longe de ter uma estrutura para esse meio de transporte, haja visto o número de atropelamentos, sendo o que teve maior repercussão foi o do jovem David Santos de Souza, que teve seu braço arrancado, sendo que o motorista infrator não contente com isso, o jogou no rio na tentativa de se livrar da prova.
David Santos de Souza, o ciclista que foi atropelado em março deste ano
O ciclista atropelado na Av. Paulista no início deste ano ganha prótese do técnico em ortopedia Nelson Nole
Gostaria de falar sobre dois alunos ciclistas: João Vilhena e Cleber Ricardo.
O João fez 3 cursos intensivos comigo e vinha sempre de bicicleta à escola. No ano passado, ele usava um modelo dobrável, muito prático porque ele podia deixá-la no fundo da sala de aula. Um dia ele foi atropelado por um carro e a bicicleta ficou toda destruída, mas como o senhor que o atropelou não teria condições de pagar pelo conserto, o João decidiu como ele mesmo disse, deixar quieto. Como ele não poderia usar a bicicleta naquele dia, a deixou em um lugar ali perto e veio buscá-la depois.
O Cleber Ricardo usava a bicicleta para vir às aulas particulares em casa. Uma das coisas das quais me lembro é que chegava ofegante e transpirando muito, por isso carregava sempre uma toalha grande. Um dia ele a perdeu no meio do caminho.
Eis o depoimento do Cleber.
Eu me chamo Cleber e sou ciclista.
Estudei na Poli por pouco mais de 5 anos - sim, pouco mais! -, e em todo este período frequentei a universidade de bicicleta.
Nunca tive problemas graves, sempre havia um lugar para prender a bicicleta e não me lembro de ter sido desrespeitado por motoristas dentro da Cidade Universitária. Fora dela, vez ou outra me senti ameaçado. Estou ciente dos riscos que corri, mas não me arrependo por nada.
Não só era uma atividade saudável, como me fazia não depender dos horários de ônibus, do trânsito intenso, de vagas no estacionamento.
Hoje, vou ao trabalho de trem. Não sem antes ir de bicicleta até a estação.
Recomendo!
Boa pedalada,
Cleber
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