Parabéns a quem tem um beagle em casa. Saiba que convive com o dono do primeiro lugar num ranking organizado pelo site norte-americano vetsreet.com. Motivo da enquete? As raças mais barulhentas.
Foram entrevistados 269 profissionais da área veterinária, que levaram em conta estudos acadêmicos e o sofrimento corriqueiro de seus tímpanos.
Para apresentar o vencedor, o site descreve os irmãos do Snoopy como quem, na descrição de seus admiradores, apresenta uma "peculiar voz musical". Mas o próprio texto ressalva que a definição é polêmica, que muitos beagles "cantam" embalados por sirenes e costumam latir para estranhos na porta. E conclui com um álibi para os poluidores sonoros, alertando que agem geralmente com a boca apenas quando "estão entendiados ou solitários".
O vice-campeonato ficou com o husky siberiano. Nesse caso, fala-se mais em uivos do que em latidos. Na sequência da enquete, aparecem schnauzer standard, chihuahua, yorshire terrier, jack russell terrier, basset hound, terriers em geral, pastor alemão e o dachshund empatado com o schauzer miniatura.
Senti falta, no levantamento, de alguns dos meus vira-latas e da minha samoieda Oksana. Ela morreu alguns anos atrás, e costumava defini-la como uma siberiana de sangue latino. Era uma matriarca verborrágica. Instinto protetor á flor da pele, latia incansavelmente para as pipas que sobrevoavam a nossa casa. Talvez imaginasse ser uma ave de rapina.
Entre meus vira-latas, o troféu vai para o Pimpolho. Um dos menores da matilha, puxa o coro na hora de denunciar cachorros que se aproximam da casa. Fica dentro da sala, à espreita, pronto para disparar o alarme. Solta um som agudo, sinal semelhante a um maestro colocando sua orquestra no ponto de saída. Mas o meu coral canino produz uma cacofonia cheia de uivos e latidos. Merecia ao menos uma menção honrosa na enquete do vetstreet.com.
(texto publicado na revista São Paulo da Folha de São Paulo - 12 a 18 de outubro de 2014)
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