quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Mito alimentar: o álcool não mata por overdose


Se você costuma dar PT ("perda total") na balada, cuidado: uma delas pode ser fatal. O consumo exagerado de bebidas alcoólicas pode, sim, levar à morte. O envenenamento por álcool é consequência da sua ingestão em maior quantidade do que o corpo consegue metabolizar. E nem é preciso tanto assim. Segundo o órgão americano National Institute on Alcohol Abuse and Alcoholism, o nível de consumo considerado "uso pesado episódico" - isto é, além da conta - começa em 5 doses para os homens e 4 para as mulheres, em um período de duas horas. É o que basta para a coisa ficar preta.

O álcool mata porque exerce efeito depressivo sobre o sistema nervoso central e "desliga" as áreas cerebrais que controlam a consciência, a respiração e os batimentos cardíacos, levando ao coma e à morte. Como o corpo é sábio, ele dá o alerta sobre esse risco iminente fazendo você se sentir mal e parar de beber. Pelo vômito, ele tenta jogar para fora o álcool antes que caia na corrente sanguínea. "A intoxicação alcoólica grave provoca distúrbios metabólicos, como desidratação, hipotensão - a queda da pressão arterial - e arritmia, levando à parada cardíaca", diz Daniel Magnoni, cardiologista e nutrólogo do Hospital do Coração (HCor) e do Instituto Dante Pazzanese, de São Paulo. Outro perigo mortal nesse quadro é a asfixia pelo vômito - no caso daqueles que apagam e, de tão intoxicados, não conseguem acordar.

Calibrar a ingestão de birita é questão não apenas de bom senso mas também de noção de limites. "Não é possível afirmar com exatidão depois de quantos drinques o perigo começa, pois a intoxicação depende de fatores individuais, como massa corporal e grau de tolerância á bebida", frisa Magnoni. Outra variável é o estado do fígado. "Um órgão já avariado sofre mais os efeitos do álcool", explica o médico. Isso tudo sem falar nos problemas crônicos que podem ser causados pela bebia, como cirrose, pancreatite, colite e gastrite, por exemplo. Um preço alto demais para pagar por um pouco de diversão, não acha?



(texto publicado na revista Super Interessante - 73 mitos alimentares) 

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