Consumir alimentos sem agrotóxico vai muito além da própria saúde
Quando se fala em orgânicos, o que se sabe basicamente é que são alimentos ou produtos livres de agrotóxicos. No entanto, a preocupação vai além. Os orgânicos também estão livres de fertilizantes e pesticidas produzidos à base de substâncias sintéticas ou mesmo transgênicas (organismos geneticamente modificados). Esses produtos químicos não são utilizados durante o plantio, cultivo, colheita e em nenhuma outra etapa da produção de um orgânico. Essa é a regra para esse tipo de agricultura.
Em substituição a esses produtos químicos, os agricultores recorrem a métodos naturais que, além de não contaminarem o alimento, não poluem o solo, a água e não comprometem a vida de outros animais, como as aves. Ou seja, a questão dos orgânicos ultrapassa a saúde humana, pois também leva em conta a preservação do meio ambiente e o bem-estar animal.
Fique atento
Ninguém tem dúvidas de que os vegetais são importantes para a saúde. Porém, no Brasil, alguns deles estão carregados de veneno, Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), um em cada três dos alimentos vegetais de maior consumo no Brasil alimenta altos índices de agrotóxico.
A conclusão do último levantamento da Agência, divulgado em outubro de 2013, mostrou que 29% das 1.665 amostras de sete culturas coletadas (abacaxi, arroz, cenoura, laranja, maçã, morango e pepino) estavam em desacordo com as normas do órgão de vigilância sanitária. No ano anterior, das 1.628 amostras, 36% apresentaram altas taxas de substâncias tóxicas. De acordo com o relatório, os cinco alimentos que apresentaram os maiores níveis foram: pimentão, cenoura, morango, pepino e alface.
Esse excesso de uso do agrotóxico preocupa, pois ninguém ainda conseguiu dar uma resposta conclusiva sobre os efeitos que esse excesso de agrotóxico pode causar na saúde dos consumidores a longo prazo. Outro dado que chama a atenção é a presença de pelo menos dois agrotóxicos que nunca foram registrados no Brasil: o azaconazol e o tebufempirade, sugerindo que os produtos possam ter entrado no País por contrabando.
Para piorar, não adianta tirar a casca dos alimentos ou lavá-los com vinagre e bicarbonato de sódio. A casca é só uma das partes em que esses agroquímicos se acumulam. Eles penetram no solo e entram na seiva da planta, se acumulando na raiz, no caule, nas folhas e na polpa. A lavagem dos alimentos garante apenas a eliminação de agentes microbiológicos. Por isso, para conquistar uma alimentação saudável de verdade, é preciso consumir regularmente alimentos orgânicos, reforça a nutricionista Thaisa Novalar.
Pessoas e planeta saudáveis
A utilização desses agroquímicos de modo desenfreado acaba não só impactando a saúde de quem consome alimentos com essas substâncias como ainda afeta a qualidade da terra e da água.
Alguns estudos indicam que os agrotóxicos podem causar disfunções hormonais. No meio ambiente, os agroquímicos contaminam lençóis freáticos e diminuem a fertilidade do solo.
Assim, ao optar pelos vegetais orgânicos, o consumidor não só está garantindo uma alimentação realmente saudável, mas também está bancando uma escolha sustentável, apoiando a agricultura familiar. É bom lembrar que a maior parte da produção desses alimentos é feita por pequenos agricultores que utilizam adubos naturais e fazem rotações de culturas a serem plantadas, pensando na qualidade do produto e preservação dos recursos ambientais.
(texto publicado na revista dos vegetarianos - guia de orgânicos - edição 97)
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