Transmitido pelo mesmo mosquito da dengue, o Aedes aegypti, e pelo da febre amarela, o Aedes albopictus, o vírus chikungunya infectou várias pessoas sobretudo na Bahia e no Amapá. Com a chegada do verão, quando em geral chove mais, deve se espalhar pelo Brasil. Não é letal, mas causa dores mais intensas do que o da dengue, que podem surgir até um ano após a pessoa se curar.
Na língua maconde, um dos idiomas oficiais da Tanzânia, chikungunya significa "tornar-se dobrado ou contorcido". Naquele país africano, onde foi relatada a primeira epidemia, há mais de meio século, o vírus ganhou esse nome porque a pessoa infectada se dobrava sobre si mesma, com os braços recolhidos de tanta dor.
A infecção causada por esse vírus, conhecida por febre chikungunya, não é letal, ao contrário da dengue, que pode evoluir para o tipo hemorrágico. Já os sintomas - febre alta e dores musculares e nas articulações - são semelhantes aos da dengue, mas costumam ser mais intensos e demorados.
Das pessoas infectadas pelo vírus chikungunya, 95% irão manifestar os sintomas, enquanto somente em 5% a infecção é assintomática. Já no caso da dengue, apenas 40% dos infectados irão ter manifestações clínicas, ou seja, 60% não sabem que adquiriram o vírus.
Apesar de os sintomas serem parecidos, quem já teve dengue não está imune à chikungunya, por se tratar de vírus diferentes. Enquanto a dengue tem quatro subtipos e pode se manifestar na mesma pessoa várias vezes, o chikungunya é único e o paciente infectado fica imune à doença.
Depois de três a sete dias da picada do mosquito infectado, a pessoa irá apresentar febre alta (acima de 39 graus), mal-estar, dores de cabeça, muscular e nas articulações e manchas avermelhadas pelo corpo. A fase aguda da febre chikungunya dura 10 a 15 dias, período em que em geral o paciente permanece em repouso, pelo fato de mal conseguir andar. Em 40% dos infectados, de outro lado, as dores nas articulações permanecem por até três semanas e entre 5% e 10% de três meses a um ano.
Já complicações mais graves são raras, restritas a pacientes idosos com doenças cardíacas e neurológicas. O tratamento se restringe a aliviar a febre e as dores, já que não há medicamentos específicos nem vacinas para prevenir a doença. Pessoas com o vírus devem se hidratar, ou seja, tomar muito líquido, e permanecer em repouso.
O médico pode receitar paracetamol, fármaco com propriedades analgésicas, mas cuja fórmula não contém anti-inflamatórios. Na fase aguda da doença, aliás, sobretudo enquanto existe suspeita de dengue, jamais se deve tomar anti-inflamatório. Se as dores articulares permanecerem por muito tempo e forem intensas demais, o médico pode recorrer a corticoides.
De acordo com o Ministério da Saúde, até outubro último foram registrados 824 casos de chikungunya no Brasil, sendo 39 vindos de fora. Com a chegada do calor e da chuvas, os insetos se reproduzem mais, e a previsão é que a doença se espalhe pelo País.
A prevenção é a mesma indicada para o caso da dengue. Para evitar a febre chikungunya, cada pessoa deve controlar os possíveis "criadouros" de mosquitos em suas residências, como vasos e outros utensílios que acumulam água, calhas entupidas e caixas d'água, que precisam estar sempre bem tampadas. Cabe ainda a cada cidadão denunciar aos serviços de saúde casos suspeitos na vizinhança, em terrenos baldios ou em locais onde existem construções e reformas, sobretudo com o uso de caçambas, que acumulam água e, naturalmente, podem acabar se tornando foco do mosquito.
(texto publicado na revista Caras edição 1101 - ano 21 - nº 50 - 12 de dezembro de 2014)
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