domingo, 15 de fevereiro de 2015

Barriguinha perigosa - Sabrina Cid (consultoria de Ari Timerman e Marco Antônio de Mattos, cardiologistas)


Mais que prejudicar a silhueta, o depósito de gordura no abdômen aumenta as chances de um ataque cardíaco

De acordo com a Organização Mundial de Saúde, obesidade é uma doença crônica e progressiva que favorece o desenvolvimento de diversos problemas no organismo, representando risco ainda maior ao coração. Só por isso já dá para perceber que se livrar daquele pneuzinho que insiste em pular para fora da calça é mais do que uma preocupação estética: é questão de vida ou morte.

Avalie a silhueta

Determinar se alguém é ou não obeso não envolve gosto pessoal, muito menos o número do manequim. Para isso, é preciso fazer cálculos específicos sobre as taxas de gordura que circulam no corpo. No entanto, existe um sinal bem claro de que complicações cardiovasculares estão a caminho: é a popular barriguinha. "A obesidade visceral (ou a gordura que se acumula na região abdominal) associa-se a outros fatores de risco, tais como hipertensão arterial, diabetes e a dislipidemia (alto nível de gordura no sangue). Esses fatores são os principais responsáveis por doenças coronárias e acidentes vasculares", explica o cardiologista Marco Antônio de Mattos.

Outro grande mal do abdômen avantajado tem a ver com níveis de insulina maiores do que os normais e consequentes prejuízos à circulação. "A gordura visceral promove resistência à insulina, que é responsável pelo equilíbrio do açúcar que circula no sangue, fazendo o corpo aumentar sua produção. Em excesso, a substância pode promover enrijecimento dos vasos e facilitar o aparecimento da hipertensão arterial", explica Timerman.

De acordo com o cardiologista Marco Antônio, o ideal é que a medida da circunferência abdominal não ultrapasse 80 cm para as mulheres e 94 cm para os homens - cálculo que você pode fazer usando uma simples fita métrica ao redor da cintura, logo acima do umbigo. E se precisa de estímulo extra para se livrar do excesso de peso, o especialista alerta: "Para cada redução de 9 cm na circunferência abdominal, é reduzida 30% da quantidade de gordura visceral".

Coração em boa forma

Ainda que fatores genéticos e problemas como hipotireoidismo (redução ou interrupção na produção de hormônios pela tireoide) estejam intimamente relacionados com a doença, as principais causas da obesidade ainda são dieta inadequada e sedentarismo. O raciocínio é simples: quando você ingere mais energia (calorias originadas dos alimentos) do que gasta , o corpo acumula gordura. Quando passa a fazer o contrário, acontece o emagrecimento.

Em geral, investir em um cardápio r ico em frutas, verduras, legumes, grãos integrais e carnes magras já ajuda a baixar os ponteiros da balança. Mas para ver a cintura afinando para valer (e obter muitos outros benefícios para a saúde, é claro) o segredo é a atividade física. De início, 30 minutos por dia, até 4 vezes por semana, de algo leve como uma caminhada pode ser estimulante, prazeroso e trazer bons resultados para quem está há muito tempo parado. Depois é só aumentar a frequência e o ritmo para ver o corpo magro tornar-se realidade.

Ainda que as dicas acima sejam válidas, como cada organismo é único e tem as próprias necessidades nutricionais, é importante procurar um especialista que elabore um cardápio personalizado, capaz de promover a perda saudável de peso. Fazer uma avaliação física com um profissional da área também é essencial antes de iniciar os exercícios, especialmente no caso de quem já é obeso e/ou tem problemas cardíacos.

Gordinho fofinho?

A pouca idade das crianças não as dispensa de terem cuidados com o peso. Aliás, como medida de prevenção, a atenção deve ser redobrada. Revelação feita durante um congresso de cardiologia no Canadá alerta sobre quanto a obesidade infantil pode trazer prejuízos aos pequenos.

Segundo pesquisa divulgada no evento, os vasos sanguíneos de crianças que estão acima do peso podem ter a mesma rigidez dos vasos sanguíneos de adultos de meia-idade que sofrem de males do coração. isso significa que os problemas cardiovasculares podem aparecer precocemente, com risco de morte, além de trazer agravantes para a saúde no futuro. No Brasil, estima-se que entre 7% e 15% das crianças, dependendo da região e da classe social, sejam obesas. Na adolescência, esse índice atinge 20%.

Para tratar o problema, procurar um especialista é indispensável, uma vez que o organismo tem necessidades especiais na infância. Em casa, cabe aos pais dar bons exemplos, adotando hábitos saudáveis à mesa e estimulando a prática de atividades físicas. Não se esqueça: o que se aprende durante essa fase é algo que se leva para o resto da vida.




(texto publicado na revista Guia do Coração Saudável (Você Saudável nº 55 - ano 5 - 2015)












Nenhum comentário:

Postar um comentário