sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

Mãos que curam - Wladimir Weltman


Bióloga, o grande sonho de Denise Huber era encontrar na pesquisa científica uma cura para o câncer. Ela ainda não chegou lá, mas no meio do caminho descobriu que muitas coisas a ciência é capaz de explicar - entre elas, o poder do toque para tratar pessoas e até animais

Denise Huber, 59 anos, é uma pessoa muito especial. Formada em biologia por uma das universidades mais respeitadas da Europa - ela tem dupla cidadania, é brasileira e suíça -, e no lugar dos remédios ela usa o poder das mãos para curar seus pacientes. Entre eles está o escritor Paulo Coelho, 67 anos, de quem ela também é amiga pessoal.

Denise conta que desde pequena seu sonho era o de conseguir ajudar outras pessoas. "Quando alguém pergunta a uma criança o que ela quer ser quando crescer, ouve-se todo tipo de respostas ingênuas: 'Quero ser astronauta, bailarina, dentista...' Mas o meu grande desejo infantil era descobrir a cura do câncer", ela diz.

Cruzar oceanos para ajudar os outros está no DNA da família de Denise. Seu avô Oscar veio da Suíça para a América do Sul, na primeira metade do século 20, para ajudar na construção de pontes na Cordilheira dos Andes. Foi lá, na Argentina,que ele conheceu e se apaixonou por Celina Elisa, aquela que viria a ser a avó materna de Denise. Mas um terremoto fez com que os dois se mudassem para o Brasil. Num Leblon ainda deserto, ele construiu a casa onde a mãe de Denise, Pola, nasceu: "O curioso é que meu pai, como meu avô materno, também veio da Suíça. Seu nome era Ferdinand e ele pretendia ficar só alguns meses no Brasil. Mas, no dia da festa nacional da Suíça, 1º de agosto, organizada pela comunidade no Rio, ele conheceu minha mãe. Se apaixonaram e foi mais um suíço que resolveu ficar por aqui."

Ferdinand e Pola se casaram e tiveram quatro filhas - Beatriz, 63, Suzana, 60, Denise e a caçula, Jaqueline, 48 - mas nunca perderam contato com a Suíça. A cada quatro anos os Huber iam para lá visitar os parentes e matar as saudades.

Quando Denise já estava com 18 anos, resolveu perseguir academicamente seu sonho de combater o câncer. Começou a estudar biologia na UFRJ, no Rio de Janeiro, mas no meio do curso mudou-se para a Suíça. Concluiu a graduação na Universidade de Genebra e chegou a trabalhar na multinacional Nestlé, ainda na Suíça. Em 1982, veio de férias para o Brasil e se apaixonou. "Eu conheci o Guy (59), um fotógrafo. Como ele não queria ir para a Europa, resolvi ficar aqui. Eu me desligue da Nestlé e, depois de três anos casados, tivemos a Julia (hoje com 29)."

Após sete anos, o casamento acabou e Denise decidiu seguir com Julia para a Suíça. "Escrevi um projeto científico com um colega suíço para o Fundo Nacional de Pesquisa de lá. Dos 100 candidatos, 11 ganharam bolsas e eu fui um deles. Em cinco anos, defendi tese e comecei o pós-doutorado com uma pesquisa sobre câncer, o assunto que tanto me interessava. Fiz três anos de pós-doutorado e fui para a área médica, trabalhar na faculdade de medicina e pesquisar sobre a cura do câncer. Foram mais de 15 anos na área científica."

Mesmo cientista, Denise mantinha a mente aberta para o mundo do inexplicável. "Sempre gostei de terapias naturais, acupuntura, homeopatia e cristais. Eu me interessei por cristais ainda na época do curso de biologia da UFRJ. Toda vez que vinha ao Brasil, ia a Minas em busca de cristais. Os meus colegas cientistas acham tudo isso ridículo, mas eu curto."

Mãos que curam

Durante muito tempo os assuntos exotéricos não passavam de curiosidade. Até que em 1993, Denise teve seus conceitos científicos abalados por uma experiência metafísica difícil de explicar. "Eu me internei num hospital na Suíça para fazer exames e dividi o quarto com outras pessoas. A meu lado havia uma mulher que chorava de dor. Suas duas pernas estavam enfaixadas, não dava para ver nada além dos pés. A pobre pedia morfina, mas a enfermeira não dava. Perguntei se ela queria uma massagem e ela aceitou. Quando passei as mãos num de seus pés, senti uma dor profunda, como se fossem agulhas entrando na pele. Fiquei tonta de dor e perguntei: 'O que tem nesta perna? E ela respondeu: 'Essa foi a perna queimada. De outra eles tiraram pele para fazer um enxerto'. Em seguida, muito espantada, a mulher me disse: 'Que coisa! Depois que você tocou nela, a dor passou, parece até que me deram morfina'. Eu continuei sentindo tudo queimando na minha mão. A dor era tanta que tive que colocá-la na água por muito tempo, para a dor passar."

Denise começou a ler sobre magnetismo , mas não largou a vida científica. Até que, dez anos mais tarde, em 2003, uma série de acontecimentos a fez deixar de lado o ceticismo. "a minha cachorrinha, Vicky, foi mordida por outro cachorro e não conseguia mais pular no sofá. Ela sempre gostou disso, mas depois da mordida só conseguia fazê-lo após tomar injeção de corticoide. O veterinário avisou que ia ser um processo longo para ela poder pular novamente. No dia seguinte à visita ao veterinário, eu regava as plantas e Vicky estava ao meu lado. Ela se mexia e eu ouvia um ruído estranho na perna dela. Resolvi colocar a mão no local do ruído. Massageei e o barulho parou de repente. Vicky então correu e pulou no sofá."

A cientista enfim se rendeu ao poder de suas mãos. "Nem todos os fenômenos à nossa volta, já foram explicados pela ciência. Há muita coisa que ainda precisa ser desvendada, mas nem por isso deixa de existir. Eu acredito que mais cedo ou mais tarde vamos ter tecnologia para explicar aquilo que hoje ainda ignoramos", ela diz.

O primeiro paciente humano tratado por Denise foi seu médico suíço. "Contei sobre o episódio da Vicky ao dr. Angelloz. Na hora ele riu de mim. E olha que ele faz acupuntura... Mas insisti e ele então se deitou numa maca e pediu que eu o escaneasse. Passei a mão por cima do corpo dele e, de repente, ouvi um ruído tipo metálico. Olhei embaixo da maca para ver se tinha algum prego solto e não havia nada. Passei a mão novamente e novamente ouvi o tal ruído metálico. Contei a ele o que havia ouvido e ele disse: "Tenho parafusos na perna porque tive um acidente de moto ainda jovem."

O médico ficou tão impressionado que convidou Denise para trabalhar com ele no consultório. "No início eu não cobrava nada, apenas queria checar se o que eu detectava era o que os pacientes realmente tinham. Eu dava os diagnósticos e não errava um. Fiz isso durante meses. O dr. Angelloz então me pediu para tirar um diploma de massoterapeuta. Depois do curso passei a ganhar pelo serviço."

Em pouco tempo, Denise conquistou a própria clientela, sem publicidade, só no boca a boca. "Mas tive de voltar ao Brasil porque minha mãe ficou doente. Não voltei na esperança de curá-la, vim para ficar com ela e me despedir. É muito difícil quando a pessoa quer morrer. Ela dizia: 'Estou cansada. Reza para eu conseguir ir embora, não aguento mais esta vida'. Ela estava com 90 anos. Por isso não me senti frustrada. Nos divertimos muito juntas, ela fez cerâmica até três semanas antes de morrer", conta a terapeuta.

Hoje Denise atende no Centro Médico de Terapias Integradas, no Leblon, no Rio de Janeiro. "Ofereço às pessoas e litoterapia, uma terapia com pedras, a terapia dos cristais. É um método muito sério, apesar de não haver nada cientificamente comprovado nessa área." Quanto à cura do câncer, ela ainda não desistiu do sonho: "Quem sabe um dia volto a pesquisar sobre isso".




(texto publicado na revista Contigo - 2015)







Um comentário:

  1. Magnetismo ainda será explicação de vários fenômenos da vida.

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