terça-feira, 27 de dezembro de 2016

Siga a intuição e acerte sempre


Todos somos intuitivos. E é possível desenvolver essa capacidade com exercícios e atenção. Confiando 100% em sua voz interior, você recupera uma importante chave para ser feliz e bem-sucedido.

Quantas vezes você não pensou ter esgotado as possibilidades de como solucionar um problema quando - bingo! - uma voz parece soprar a resposta. E de quantas enrascadas já se livrou porque algo lhe disse para mudar radicalmente os planos na última hora. Talvez nem se dê conta, mas você é uma pessoa intuitiva - como todo mundo, aliás -, e esse dom independente de crença religiosa ou de ser uma pessoa espiritualizada ou cética.

Mesmo quem nunca se preocupou em entender esses chamados sabe que eles conduzem a planos e ideias, trazem inspiração e fazem com que se esteja no lugar certo na hora certa - ou se evite estar no lugar errado na hora errada. Esse guia interior nos aponta rumos a tomar na carreira, nos relacionamentos ou em situações comuns, como escolher um caminho ao dirigir o carro. "A intuição faz parte da natureza humana e está a dispor de todos desde a infância. Algumas pessoas, entretanto, entendem melhor essas mensagens. Mas a qualquer momento pode-se desenvolver e, principalmente, aprender a confiar na sabedoria interior", afirma a psicóloga Virgínia Marchini, diretora do Centro de Desenvolvimento do Potencial Intuitivo, em São Paulo.

Cultivar essa faculdade ajuda não apenas a resolver problemas e a tomar decisões, mas também a viver em sintonia com nossa essência. "Não basta saber que somos intuitivos. Temos que usar esse conhecimento para orientar todos os setores da vida", diz a psicóloga Regina Célia Metidieri, diretora da Escola da Intuição de São Paulo Sara Bat.

Além da razão e da emoção

As mensagens podem surgir de diversas maneiras por meio de um súbito pensamento, chamado insight, uma sensação física, uma visão ou até mesmo um sonho revelador. Seja qual for o canal, é como se a informação nos fosse confiada por algo fora da influência da razão ou da emoção. "Cada um precisa descobrir a maneira como sua intuição se revela", completa a consultora americana Nancy SantoPietro, autora do livro Feng Shui, Harmonia dos Espaços (Ed. Nova Era).

Sensações corporais são formas bastante comuns - embora nem sempre compreendidas - da linguagem intuitiva, diz a psicóloga Regina Metidieri. "O corpo fala", assegura. "A tensão muscular ou a sensação de mal-estar que antecedem uma decisão podem indicar mensagens do inconsciente."

Todos nascemos providos dessa sabedoria, que acaba se perdendo ao longo do tempo, sobrepujada pelos conhecimentos e pelas limitações que a educação e a sociedade nos impõem. "Mesmo muito pequena, uma criança sem pensar reconhece quem transmite a ela segurança e escolhe quem vai beijar ou para que colo vai", lembra Nancy SantoPietro.

Quanto mais procuramos desvendar os caminhos da intuição, mais facilmente captamos suas mensagens. Pode ser difícil, a princípio, distinguir entre a sutileza de uma intuição e as cobranças internas. "Por isso, é fundamental separar o verdadeiro insight do medo ou do desejo", alerta a psicóloga Virgínia Marchini. "O receio de que algo não vá dar certo ou, por outro lado, o desejo de que alguma coisa se concretize pode ser confundido com um flash", diz a especialista.

Aprendendo a confiar

É bom acreditar 100% na intuição? Afinal, a maioria das pessoas costuma mesmo desconfiar de tudo o que não é lógico e fundamentado numa relação de causa e efeito. A pergunta procede: como desmarcar uma reunião, uma viagem ou um encontro amoroso baseado simplesmente numa sensação? "A intuição é infalivelmente verdadeira", assegura uma das maiores estudiosas do assunto, a inglesa Alice Bailey (1850-1949), em um dos livros fundamentais sobre o tema, Do Intelecto à Intuição. "Todas as soluções repentinas de problemas na aparência complexos ou insolúveis, assim como as invenções revolucionárias, têm origem na intuição", escreveu Bailey.

O que ela possibilita

Estes benefícios foram relacionados pela consultora americana Patricia Einstein em seu livro Intuição - O Caminho da Sabedoria Interior (ed. Cultrix).

- Perceber as melhores escolhas e transformá-las em realidade.
- Ter mais contato com os pensamentos e sentimentos de quem você ama, dos amigos e colegas.
- Reagir a qualquer situação com convicções fortes e com a sensação de confiança no próprio conhecimento.
- Conseguir ler nas entrelinhas o que se passa no trabalho e nos relacionamentos.
- Estar sincronizado com as mudanças certas na carreira e tomar decisões hábeis nos negócios.
- Encontrar seu par ideal e saber quem é realmente melhor para você.

Ferramenta para o sucesso

De nada serve abrir esse canal de comunicação com o inconsciente se o conhecimento não impulsionar as ações. "Nas grandes empresas, executivos bem-sucedidos admitem que aprenderam a confiar na intuição e que ela se tornou mais precisa à medida que depositaram cada vez mais credibilidade nela", diz o consultor indiano Jagdish Parikh no livro Intuição - A Nova Fronteira da Administração (ed. Cultrix), que ensina como explorar as capacidades intuitivas no universo empresarial.

Em um levantamento internacional organizado por Parikh, 53,6% dos administradores afirmaram usar em igual proporção a intuição e a lógica e o raciocínio, enquanto 7,5% disseram que se guiam principalmente pela intuição na tomada de decisões.

Artistas plásticos, músicos, escritores, cientistas e outros profissionais que lidam com pesquisa e criatividade costumam ter essa faculdade muito bem desenvolvida. Mas ela não é privilégio de quem lida com as esferas impalpáveis da vida. "Executivos de sucesso firmam negócios apenas confiando em suas impressões. Ao lançar produtos inovadores, por exemplo, eles podem até ir contra os dados e as projeções de mercado e apostam apenas no seu taco", lembra a psicóloga Virginia Marchini. "Investir no conhecimento intuitivo e ir contra a corrente é hoje o que diferencia o empresário de visão", garante o gerente Fernando Valentim, de São Paulo.

Intelecto e feeling

Se existe uma receita de sucesso para os negócios, é equilibrar a intuição com a racionalidade. Quando se age baseado apenas no intelecto, corre-se o risco de encarar os desafios como meras equações. Por outro lado, é preciso avaliar se você não está superestimando o feeling pessoal. "Ao combinar razão e intuição, podemos nos tornar verdadeiros visionários", ressalta a psicóloga Frances Vaughn no livro Awakening Intuition (Despertando a Intuição), inédito no Brasil. "Fonte de informação tão valiosa quanto livros, pesquisas e relatórios, a intuição deve ser considerada nas tomadas de decisão", conclui a consultora Nancy SantoPietro.

Intuição, um pilar da personalidade

O psicanalista suíço Carl Jung (1875-1961) definiu que as diferenças de personalidade são decorrentes da maneira como cada pessoa usa a mente, percebe o mundo e faz seus julgamentos. Os tipos psicológicos se baseiam, segundo ele, no predomínio de uma das quatro funções da consciência: o pensamento, que se opõe ao sentimento, e a sensação, oposta à intuição. "Uma pessoa excessivamente racional costuma não levar em conta suas emoções e em contrapartida, alguém emocional ao extremo age sem pensar", explica a psicóloga Virginia Marchini. Quem desenvolve somente a sensação - informações captadas pelos cinco sentidos - despreza os insights inexplicáveis. Na outra porta, quem expressa sobreteudo a natureza intuitiva pode perder o foco da realidade exterior. "Segundo Jung, equilibrar o sentimento, o pensamento, a sensação e a intuição é o que faz o ser humano florescer", ensina a especialista.

Como abrir os canais

Desenvolver a intuição requer treino, da mesma forma como se aprende a tocar um instrumento musical. Uma vez integrada ao dia-a-dia, torna-se uma bússola para a vida. Siga estas sugestões de exercícios sugeridas pela psicóloga Virginia Marchini, de São Paulo.

- Aprenda a confiar no inconsciente. Se tiver um problema, peça que um sonho traga a resposta a seus questionamentos. Experimente também dispensar o despertador e constate como acordará na hora desejada.

- Introduza mudanças na rotina: mude caminhos ou a ordem como executa as tarefas. Assim, o cérebro estabelece novas conexões entre os neurônios, o que estimula a criatividade. E como intuição e talento criativo estão ligados, ao se desenvolver uma qualidade, desenvolve-se a outra.

- Exercite a imaginação. Transforme seus desejos e objetivos em cenas detalhadas. Coloque-se dentro delas. Isso estimula a visão interior.

- Oriente-se pelas sincronicidades que podem se revelar em encontros fortuitos com pessoas-chave, telefonemas oportunos, mensagens que chegam por meio de livros e filmes. Quando tiver uma questão a resolver, passeie em uma livraria, por exemplo. Provavelmente cairá em suas mãos um livro com respostas.

- Observe as mensagens de seu corpo. Tensões musculares, enjoos, dores de cabeça que antecedem um compromisso podem ser sinais intuitivos.

- Os momentos de quietude, como os proporcionados pelas práticas meditativas, ajudam a silenciar a mente e fazem a intuição fluir.

- Conheça a si mesmo. O autoconhecimento ajuda a separar a intujição das cobranças internas.



(texto publicado na revista Bons Fluídos nº 74 - julho de 2005)

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