quarta-feira, 21 de maio de 2014

Avós da nova era - Cíntia Marcucci


Agora elas mimam as crianças pelo Face, mas continuam transmitindo experiência e sabedoria. Veja como ser uma avó antenada e participativa - na medida

As avós brasileiras mudaram - e bastante! Atualmente, são mais ativas, entram e saem da internet, pintam as unhas de azul e muitas até trabalham fora. Que o diga a atriz Fernanda Montenegro. Aos 85 anos, ela tem três netos. "Trabalho muito, mas sempre que posso estou por perto", diz a atriz.

"Hoje as avós podem participar de maneiras diferentes da vida das crianças. Muitas falam com elas pelo Facebook, por exemplo", diz a psicóloga Lídia Aratangy, autora do Livro dos Avós (Editora Artemeios).

A leitora Maria Aparecida de Almeida faz parte da turma das "vovós conectadas": "Sempre mando um WhatsApp para o meu neto e pergunto se ele vem almoçar comigo", ela conta. Mas os conflitos familiares continuam parecidos com os da era pré-internet. "Meu genro acha que eu mimo demais o menino. Ele dormiu na minha cama até os 3 anos!", diverte-se Maria.

Veja a seguir como lidar com as novas questões (e as velhas também!) que toda avó enfrenta um dia.

6 dilemas antigos que são atuais

Muitas avós acreditam que precisam ensinar a filha - ou a nora - a ser mãe. Por isso acontecem tantos conflitos e saias justas na maioria das famílias. Mas tomando os cuidados certos, é perfeitamente possível evitar as discussões e ficar só com a parte boa da convivência com os netos. Confira as situações que mais causam desentendimentos e saiba como agir em cada uma delas!

Quem dita as regras?

Na casa da avó, valem as normas dela. É chato a mãe querer deixar por escrito os horários das refeições, do banho, do quanto pode brincar... Noras e filhas devem confiar no bom senso da mãe ou da sogra. Esse tipo de recomendação só vale para o essencial, como o horário de tomar remédio. Mas, quando estiver na casa dos netos, as avós devem respeitar as regras de lá. Nada de dar doce escondido!

Quem cuida da criança?

Algumas avós podem achar ruim que o neto vá para a creche em vez de ficar com ela quando termina a licença-maternidade da mãe. Isso é uma decisão dos pais da criança e é melhor não interferir. Por outro lado, se a família achar que o bebê deve ficar com uma das avós, é preciso entender que a função de educar e impor limite continua sendo dos pais. Os avós podem ajudar, mas a responsabilidade é mesmo de quem colocou a criança no mundo.

Como ajudar sem invadir?

As avós muitas vezes querem ajudar a filha ou a nora com tudo, principalmente quando um bebê novinho chega à família. Em alguns casos, cheias de boas intenções, podem exagerar, tentando organizar a vida e a casa dos filhos, lavando a roupa, limpando a casa, cozinhando, cuidando das crianças. O casal pode se sentir desconfortável com isso e ficar sem jeito de falar algo. O ideal é esperar que peçam ajuda antes.

Dá para ensinar a ser mãe?

Tem muita avó que se sente na obrigação de ensinar a filha ou a nora como criar os filhos. Ficam nervosas quando flagram alguma coisa que consideram errada. Mas o ideal é deixar que cada mulher descubra seu jeitinho de cuidar das crianças. Se alguém perguntar, claro que tem que dar a própria opinião, mas sem querer colocar o dedo na cara da "nova mamãe" quando algo sair diferente daquilo que era esperado.

Como evitar abusos?

Muitos pais abusam da boa vontade das avós e, para poderem sair e se divertir, deixam os filhos para elas cuidarem todo fim de semana. Uma vez ou outra isso pode ser uma delícia, mas, se vira rotina, acaba prejudicando os passeios e o sossego dos avós. Eles também precisam curtir a vida, ora bolas. Manter um equilíbrio é a chave nesses casos. Quem sentir que está havendo uma certa "folga" pode dizer que precisa sair ou que simplesmente quer descansar naquela noite.

Como manter a ligação?

Quando a avó trabalha ou mora em outra cidade, fica mais difícil ver os netos com frequência. Mas a tecnologia pode ajudar bastante. É só usar o Skype, as redes sociais ou os aplicativos de troca de mensagens, como o WhatsApp. Crianças e adolescentes adoram manter contato dessa forma. Mas vale uma dica para as avós: tem que respeitar limites e evitar fuçar a vida inteira dos netos na internet.


(texto publicado na revista AnaMaria nº 917 de 9 de maio de 2014)






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