A finalidade do yoga
A finalidade das disciplinas iogues tem sido descrita de forma muito variada: como a descoberta da verdade, como a realização do Eu superior, como a realização da identidade de Brahman e Atman e como a unificação do homem com Deus. Todas as descrições se voltam para os conceitos fundamentais do Yoga. Entretanto, usaremos a seguinte definição: Yoga é um meio de atingir a união com o verdadeiro Eu superior, o Deus íntimo.
A palavra sânscrita "Yoga" tem dois significados. O primeiro "união", implica harmonia, unidade e estabilidade. O segundo "jugo" (como o utilizado para atrelar os bois ao carro, a fim de puxá-lo), significa a união do eu pessoal com o eu divino. Tal unificação é possível através da concentração em torno de um símbolo ou de uma entidade sagrada, assim como de um chakra, de uma mandala, de um mantra, ou simplesmente do verdadeiro Eu superior. A realização desse objetivo requer a completa negação do que for pessoal, do eu individualizado, que é um obstáculo entre o aspirante e seu objetivo de completa liberdade. Somente quando a negação da individualidade for atingida é que o aspirante poderá começar a viver numa dimensão superior, em que todas as coisas, inclusive o eu pessoal, são encerradas numa única. Dessa união surge a verdadeira vida, e nela jaz o portão de entrada para a libertação espiritual. Entendidas dessa maneira, a autonegação e a auto realização não possuem sentido contraditório. Quando uma pessoa persiste em elevar seu nível de existência através da prática constante, a união com Deus - o principal objetivo do Yoga - pode finalmente ser realizado.
Em nossa percepção habitual da realidade, o sujeito e o objeto existem como entidades distintas, separadas. De fato, a ciência baseia-se na contraposição do sujeito ao objeto. Um cientista procura observar o fenômeno num padrão preciso e através de leis formuladas, que explicam o que ele está observando. A observação do próprio sujeito, entretanto, não é considerada; o conhecimento obtido, por esta razão, é do objeto apenas, e não do sujeito que distinguiu e compreendeu este objeto. Neste sentido, a ciência não examina completamente o campo de observação, e seu conhecimento é, portanto, incompleto.
Em contrapartida, o conhecimento alcançado através da unidade do sujeito e do objeto leva em consideração a realidade de ambos, e a profunda integridade universal da qual essa realidade surgiu. Tal união do sujeito com o objeto - presente no enunciado chamado Samadhi - é o principal objetivo da prática iogue. No trabalho científico, um objeto é compreendido através da infiltração pelos cinco órgãos sensitivos. Contudo, quando o sujeito, que confronta e se opõe ao objeto, é negado e transcendido, a intrínseca natureza desse objeto pode ser apreendida diretamente pelo superconsciente, em vez de sê-lo através dos órgãos sensitivos. Essa forma de conhecimento pode ser chamada de sabedoria. O propósito do Yoga é atingir o estado de integridade do sujeito e objeto, no qual jaz a verdadeira sabedoria.
A ativação dos chakras é um modo indispensável de realizar este objetivo. As técnicas para ativar o chakra, parte da tantra yoga, intensificam as funções do corpo e da mente e são o caminho mais eficiente de desenvolver os "siddhis". Embora definidos comumente como "poderes milagrosos", os siddhis são melhor compreendidos como faculdades conferidas ao aspirante quando este experimenta o reino divino da existência.
A mera crença individual no mundo das divindades é fútil especulação; precisamos efetivamente experimentar a realidade deste mundo para nos unirmos ao Absoluto e atingirmos a libertação final - o Nirvana. O despertar dos chakras transporta a pessoa para o mundo divino, o mundo do Verdadeiro Eu Superior.
As oito disciplinas do Yoga
A prática iogue compreende oito tipos ou "cláusulas" de disciplina. Elas foram, primeiro, codificadas por Patanjali, que coligiu seu Yoga Sutras no Século V ou VI a.C, tendo como base os ensinamentos de várias iogues.
As oito disciplinas são:
1) Yama (abstinência do comportamento pecaminoso)
2) Niyama (conduta virtuosa)
3) Asana (postura física)
4) Pranayama (controle da respiração)
5) Pratyahara (remoção dos sentidos)
6) Dharana (concentração)
7) Dhyana (meditação)
8) Samadhi (união de sujeito e objeto)
Estas disciplinas podem ser classificadas em cinco grupos:
1) Treinamento moral: Yama e Niyama - Purificação e harmonização da mente.
2) Treinamento físico: Asana, Pranayama - Regularização da energia vital e da circulação sanguínea; controle das funções muscular e nervosa.
3) Treinamento mental: Pratyahara, Dharana - Irromper a carapaça do ego, através da interiorização e do controle da consciência.
4) Treinamento espiritual: Dhyana - Realização da superconsciência e contato com seres espirituais.
5) Samadhi: integridade com o Divino - O mais elevado estágio do desenvolvimento espiritual.
No método genuíno, algumas dessas disciplinas são praticadas juntamente com configurações energéticas conhecidas como mudras. Os mudras são práticas muito importantes, as quais, tradicionalmente, tem sido ensinada somente por discípulos proeminentes. São mais importantes do que a prática isolada do pranayama ou dos asanas, e por essa razão são considerados potencialmente perigosos para o que não estiverem adequadamente preparados.
Os mudras são gestos que produzem grande energia psíquica e profundas emoções "espirituais". Certos mudras costumam ser utilizados para controlar processos fisiológicos involuntários normais do subconsciente. Eles desenvolvem a percepção do fluxo de energia vital (prana) no corpo astral e permitem ao praticante controlá-lo de forma consciente. Uma vez obtido isso, o prana pode ser enviado a qualquer parte do corpo, ou até transmitido a outras pessoas (por essa razão, a cura psíquica torna-se possível).
"O inteligente irrita-se com a burrice. O sábio diverte-se." - Curt Goetz
(texto extraído do livro "Teoria dos Chakras - Ponte para a Consciência Superior" e publicado na revista O Pensamento - Revista Oficial do Círculo Esotérico da Comunhão do Pensamento - nº 6 - ano 106 - nov/dez de 2014)
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