terça-feira, 15 de setembro de 2015

Paulistano Nota Dez: Luan Almeida - Juliene Moretti


Nome: Luan Almeida
Profissão: publicitário
Atitude transformadora: criou perfis no Tinder com o objetivo de arrecadar roupas para moradores de rua

No início deste ano, o publicitário Luan Almeida era um usuário do Tinder com o sonho de ajudar moradores de r ua. O que um assunto tem a ver com o outro? Aparentemente nada. Pelo menos foi assim até abril, quando ele recebeu a missão de desenvolver uma campanha que utilizasse uma plataforma digital durante um curso de pós-graduação em direção de arte na Miami Ad School/ESPM, na Vila Mariana. "Ali tive a ideia de unir esses dois mundos", diz. Para isso, o publicitário criou um perfil chamado Doe um Match e passou a usar o aplicativo de paquera de forma diferente. Em vez de procurar parcerias amorosas, seu objetivo era arrecadar doações de roupas e agasalhos. Assim, Almeida saía distribuindo likes aleatoriamente. Quando recebia a contrapartida de outro usuário, o chamado match, explicava o projeto na janela de bate-papo. Se o "xaveco do bem" funcionava, eles combinavam o encontro para a entrega das peças. "No começo, as pessoas ficavam surpresas, não entendiam direito e se irritavam", conta. "Acabei denunciado como 'spam' e suspenso pela administração do site."

Almeida não desistiu e criou outras cinco contas, nas quais deixa a intenção da iniciativa bem mais clara. As fotos que ilustram as páginas são de moradores de rua e a descrição informa: "Você procura alguém para se esquentar no inverno, nós também". A ideia conquistou o coração dos outros pretendentes em tempo recorde. Foram mais de 6 000 peças arrecadadas por meio de 6 800 matches somente nos últimos três meses. "Abri um perfil no Facebook e comecei a receber doações por lá também", afirma. Os artigos são distribuídos em parceria com a ONG Entrega por SP, toda última terça-feira do mês, em diversos pontos da capital. Recentemente, o projeto se expandiu para outras cidades, como Santos, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. Almeida, de 23 anos, continua solteiro, mas jura que nunca mais usou o Tinder para sua função original. "Meu maior prazer é ajudar outras pessoas a não se sentir invisíveis", afirma.





(texto publicado na revista Veja São Paulo de 8 de julho de 2015)

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