terça-feira, 22 de setembro de 2015

O que nos faz santos ou não está no coração - Pe. Cido Pereira


No domingo, 30, às 12h, na praça de São Pedro, o Papa rezou a oração mariana do Ângelus com os peregrinos. Antes, ele refletiu sobre o Evangelho do dia, que mostra um diálogo duro de Jesus com os fariseus e escribas que repreendiam os discípulos de Jesus por não seguirem a tradição.  Esses preceitos antigos não devem substituir o mandamento de Deus, afirma Jesus. Algumas normas praticadas com escrúpulos acabam sendo apresentadas como autêntica fé. Quem não as pratica se torna transgressor, e Jesus mostra que não é bem assim. As Palavras de Jesus "nos enchem de admiração", diz Francisco que explica: "sentimos que nele há verdade e que a sua sabedoria nos liberta de preconceitos".

Francisco nos alerta para que não incorramos no mesmo erro hoje. A mera observância exterior da lei não nos faz bons cristãos. Também nós corremos "o perigo de nos considerarmos adequados ou, pior, melhor do que os outros pelo simples fato de observar as regras, as tradições, mesmo se não amamos o próximo, somos duros de coração, soberbos, orgulhosos".

Uma observância da lei que não muda o coração e não se traduz em atitudes concretas, é estéril, diz Francisco. É preciso "abrir-se ao encontro com Deus e à sua Palavra, à oração, a buscar a justiça e a paz, a ajudar os pobres, os fracos, os oprimidos". Francisco fala, então, do mal que fazem à Igreja "as pessoas que se dizem muito católicas e vão muitas vezes à igreja, mas, depois, na sua vida cotidiana, descuidam da família, falam mal dos outros e assim por diante". E acrescenta: "Isso é o que Jesus condena, porque é um 'contra-testemunho' cristão".

Francisco insiste na afirmação de Jesus: "Não existe nada fora do homem que, entrando nele, possa torná-lo impuro. Mas são as coisas que saem do homem que o tornam impuro". Dessa forma, Jesus "sublinha a primazia da interioridade, ou seja, a primazia do coração. O que nos faz santos ou não santos é o que está no nosso coração, são as nossas escolhas "e o desejo de fazer tudo por amor a Deus. As atitudes exteriores são consequência das decisões do coração. Daí se conclui que "se o coração não muda, não somos verdadeiros cristãos".

E como gosta sempre de fazer, o Papa propõe algumas perguntas a serem respondidas: "Onde está meu coração? Qual é o meu tesouro? É Jesus, a sua doutrina? É o coração bom ou o tesouro é outra coisa?" Concluindo, o Papa reafirma que "é o coração que deve ser purificado e convertido. Sem um coração purificado, não se pode ter mãos verdadeiramente limpas e lábios que pronunciem palavras sinceras de amor - tudo é duplo, uma vida dupla - lábios que pronunciam palavras de misericórdia, perdão".



(texto publicado no jornal O São Paulo edição 3067 - ano 60 - 2 a 8 de setembro de 2015)

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