sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Paulistano Nota Dez: Marcelo Galático - Felipe Neves


Nome: Marcelo Galático
Profissão: empresário
Atitude transformadora: criou a Liga do Funk, projeto que auxilia jovens da periferia a se profissionalizar na música com letras engajadas

Os participantes do projeto Liga do Funk batem palmas a todo momento. Aplaudem para embalar versos cantados a capela e demonstrar aprovação aos discursos entusiasmados dos amigos a respeito de temas da vida na periferia. Idealizada em 2011 pelo empresário Marcelo Galático, de 38 anos, a iniciativa se mostra uma espécie de escola do funk. Ali, as letras sexualizadas dão lugar a canções engajadas. Redução da maioridade penal, drogas, crime e exposição do corpo feminino estão na boca dos integrantes, fãs do ritmo criado no Rio de Janeiro. Às terças-feiras, aproximadamente 200 jovens se reúnem em um espaço na Vila Buarque, cedido por uma ONG, a fim de participar de rodas de debate e aulas de canto, postura de palco, produção musical e dança. A ideia é orientar os MCs (como são chamados os vocalistas do estilo) iniciantes, apresentando os desafios da trajetória de artista. Entre os aspirantes está Jhonefer Vieira, de 17 anos. Ele pegou o microfone para cantar no Voz da Liga, concurso que tem por objetivo avaliar a evolução dos estudantes. "Quero ser reconhecido, mas a estrada é longa", diz. "Estou aprendendo bastante sobre música e sociedade."

Agenciador de shows de grandes nomes do gêmero, a exemplo de Valesca Popozuda, Galático nasceu em São Miguel Paulista, na Zona Leste. Começou a trabalhar aos 12 anos na função de empacotador em um supermercado. Aos 16, por pouco não participou de um assalto que resultou na morte dos envolvidos. "Contei à minha mãe que haviam me chamado e ela me convenceu a não ir", lembra. "Aprendi uma lição: aquele não era o caminho." Após o sucesso na carreira artística, o rapaz não deixou de pensar em ajudar os jovens de baixa renda que, como ele, almejam um bom futuro. "Sempre fui sonhador e acabei conquistando muita coisa", afirma. "Precisava retribuir de alguma forma. Mesmo que eles não saiam daqui cantores, com certeza serão cidadãos melhores."



(texto publicado na revista Veja São Paulo de 22 de julho de 2015)

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