terça-feira, 15 de setembro de 2015

Paulistano Nota Dez: Rodrigo Bottini - Jussara Soares


Nome: Rodrigo Bottini
Profissão: analista financeiro
Atitude transformadora: criou folhetos para colocar em carros de motoristas que param em vagas para deficientes

Em março de 1998, um mergulho imprudente mudou a vida do analista financeiro Rodrigo Bottini. O objetivo era passar por um bambolê na piscina. Ao pular, no entanto, ele ficou com os braços presos no aro e bateu com a cabeça no fundo. O resultado da brincadeira foi trágico. Bottini teve lesão medular e ficou tetraplégico. Com fisioterapia, conseguiu recuperar os movimentos dos braços e das mãos. Hoje, aos 39 anos, locomove-se com uma cadeira de rodas. Além de trabalhar, pratica esportes, é ritmista de dois blocos carnavalescos e circula pela cidade com um automóvel adaptado. Os obstáculos mais frequentes são motoristas que estacionam irregularmente em áreas para pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida. Das 38 798 vagas na Zona Azul, 819 são exclusivas, segundo dados da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET). Existem 31 056 condutores autorizados a usar esses espaços. Mas é comum espertinhos ocuparem os lugares, mesmo correndo o risco de pagar pela infração 53,20 reais e receber 3 pontos na carteira.

Dez anos atrás, cansado de ver esse tipo de problema na cidade, Rodrigo começou a aplicar "multas educativas". Ao encontrar um carro parado onde não deve, coloca um informativo no para-brisa alertando o proprietário. Quando pega a pessoa no flagra, costuma ouvir pedidos de desculpa e a promessa de que as instruções serão lidas. "A conscientização leva tempo", afirma. Ele já "autuou" mais de 200 motoristas em ruas e estacionamentos de bancos, shoppings e lojas. Em julho, ampliou o projeto, batizado de Multa Moral. Com a ajuda de um financiamento coletivo no site O Pote, imprimiu 1 000 talões para que outros cadeirantes e simpatizantes multipliquem a ação na metrópole. Pelo menos 2 000 folhas já estão nas mãos de agentes voluntários. "Minha meta é que as pessoas se tornem fiscais da cidadania", explica.



(texto publicado na Veja São Paulo de 2 de setembro de 2015)

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