Economia (e) política da cidade, a disciplina ministrada na USP por Fernando Haddad, chegou ao fim no dia 22 de junho. A sãopaulo ouviu quatro estudantes de pós-graduação sobre as aulas dadas pelo prefeito-professor
Lotação máxima
Pontual, Haddad começava a aula às 9 h. Quem chegasse atrasado era punido, mas não pelo docente: com 30 inscritos mais vários ouvintes, a sala sempre sofria de deficit de cadeiras, que eram buscadas em outra sala. O professor não se chateava com a movimentação.
Olha o risco!
Os 12 anos sem dar aula na USP não afastaram a didática bem-humorada de Haddad. Na década de 1990, ele pedia que os alunos vissem "Rei Leão", animação da Disney, para procurar em uma cena a sombra do leão Scar contra a lua, formando um martelo e foice, símbolo comunista.
Lista de presença
Durante o semestre letivo, houve um dia com atraso, de uma hora e meia; numa manhã em que os corredores da FFLCH foram tomados por membros do movimento negro e de um grupo que luta por mais transporte na zona sul. O prefeito ainda faltou a uma aula, que foi reposta após o término planejado da disciplina. Um mestrando contou que Haddad era um dos poucos professores que começavam a aula no horário.
Em 2015, ele fez piada consigo mesmo. Citou o caso do prefeito Paulo Azeredo (PDT), que teve seu mandato cassado por ter construído uma ciclovia em Montenegro (RS), e olhou para os alunos com cara de coitadinho, dizendo "Olha o risco que corro!", e dando de ombros.
E o parque Augusta?
Considerado um professor de "teorias amplas", o prefeito era questionado sobre questões pontuais da cidade em quase todas as aulas. Quando lecionava sobre noções urbanísticas em Marx, ouviu de um aluno: "O parque Augusta pode ser um exemplo disso?". Respondeu explicando o imbróglio do parque dos Búfalos, área na zona sul que é disputada por prefeitura e moradores. Não falou da área na rua Augusta.
Aula com horário de padeiro
Uma das poucas aulas dadas nas manhãs de segunda-feira na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, a disciplina ganhou o apelido de "aula do padeiro". Acontecia das 9 h às 12h30, sem intervalo. Terminada a aula, o professor saía com pressa. O horário difícil ajudou a encher menos de alunos, explicou um dos estudantes.
Sem jaleco
O uniforme do docente era: calça jeans, camisa clara e paletó escuro. Em dias de calor, saía o blazer. Um pouco difícil prestar atenção à lousa com ele lá na frente,confidencia, sorrindo, uma aluna.
Segura a selfie!
Durante o decorrer do curso, não houve um estudante que tenha pedido para fazer uma selfie com o professor-prefeito. Mas, no último dia de aula, depois da turma toda se aglomerar para fazer um retrato coletivo, alguns alunos sacaram o celular e garantiram o registro com o mestre.
Harvey sim, Simmel não
Com uma ementa enxuta, o curso pedia leituras de um punhado de pensadores: Max Weber, David Harvey, Georg Simmel, Harvey Molotch, Henri Lefebvre e Manuel Castells. Enquanto alguns que não estavam na ementa, como Karl Marx e Joseph Schumpeter, foram muito utilizados, outros, como Simmel, foram lindos em casa, mas pouco suscitados em sala.
É vermelha ou azul?
Na quinta (2), os alunos receberam suas notas: B para todos, numa escala que vai de A a F. Desconfiam que a nota única veio para cumprir o prazo da USP, e que o prefeito não terminou de corrigir as provas.
Olha o risco!
Os 12 anos sem dar aula na USP não afastaram a didática bem-humorada de Haddad. Na década de 1990, ele pedia que os alunos vissem "Rei Leão", animação da Disney, para procurar em uma cena a sombra do leão Scar contra a lua, formando um martelo e foice, símbolo comunista.
Lista de presença
Durante o semestre letivo, houve um dia com atraso, de uma hora e meia; numa manhã em que os corredores da FFLCH foram tomados por membros do movimento negro e de um grupo que luta por mais transporte na zona sul. O prefeito ainda faltou a uma aula, que foi reposta após o término planejado da disciplina. Um mestrando contou que Haddad era um dos poucos professores que começavam a aula no horário.
Em 2015, ele fez piada consigo mesmo. Citou o caso do prefeito Paulo Azeredo (PDT), que teve seu mandato cassado por ter construído uma ciclovia em Montenegro (RS), e olhou para os alunos com cara de coitadinho, dizendo "Olha o risco que corro!", e dando de ombros.
E o parque Augusta?
Considerado um professor de "teorias amplas", o prefeito era questionado sobre questões pontuais da cidade em quase todas as aulas. Quando lecionava sobre noções urbanísticas em Marx, ouviu de um aluno: "O parque Augusta pode ser um exemplo disso?". Respondeu explicando o imbróglio do parque dos Búfalos, área na zona sul que é disputada por prefeitura e moradores. Não falou da área na rua Augusta.
Aula com horário de padeiro
Uma das poucas aulas dadas nas manhãs de segunda-feira na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, a disciplina ganhou o apelido de "aula do padeiro". Acontecia das 9 h às 12h30, sem intervalo. Terminada a aula, o professor saía com pressa. O horário difícil ajudou a encher menos de alunos, explicou um dos estudantes.
Sem jaleco
O uniforme do docente era: calça jeans, camisa clara e paletó escuro. Em dias de calor, saía o blazer. Um pouco difícil prestar atenção à lousa com ele lá na frente,confidencia, sorrindo, uma aluna.
Segura a selfie!
Durante o decorrer do curso, não houve um estudante que tenha pedido para fazer uma selfie com o professor-prefeito. Mas, no último dia de aula, depois da turma toda se aglomerar para fazer um retrato coletivo, alguns alunos sacaram o celular e garantiram o registro com o mestre.
Harvey sim, Simmel não
Com uma ementa enxuta, o curso pedia leituras de um punhado de pensadores: Max Weber, David Harvey, Georg Simmel, Harvey Molotch, Henri Lefebvre e Manuel Castells. Enquanto alguns que não estavam na ementa, como Karl Marx e Joseph Schumpeter, foram muito utilizados, outros, como Simmel, foram lindos em casa, mas pouco suscitados em sala.
É vermelha ou azul?
Na quinta (2), os alunos receberam suas notas: B para todos, numa escala que vai de A a F. Desconfiam que a nota única veio para cumprir o prazo da USP, e que o prefeito não terminou de corrigir as provas.
(texto publicado na revista sãopaulo - 5 a 11 de julho de 2015)
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