Americano diz que mexerico provoca prejuízos e defende sua extinção
Na empresa de relações públicas Empower, de Chicago, um funcionário só é contratado se concordar com a política de veto à fofoca no ambiente de trabalho. A orientação faz parte da cruzada que o executivo Sam Chapman, presidente da companhia e autor do livro "Empresa Livre de Fofoca" (editora Faro Editorial), faz contra os cochichos maldosos.
Ele defende a extinção do que classifica como 'apunhalada pelas costas". Para Chapman, o mexerico não é lucrativo. Leia trechos da entrevista com o executivo.
Folha - Por que o senhor decidiu escrever um livro sobre fofoca no ambiente corporativo?
SC - Tive a experiência de lidar com a fofoca dentro da minha empresa. Já perdi clientes e funcionários. E decidi acabar com isso. É a maior reclamação dos funcionários. Aqui, ninguém pode criticar alguém que não esteja presente.
Folha - Como esse comportamento afeta o dia a dia do trabalho?
SC - É um hábito que não é lucrativo. Pesquisas mostram que um funcionário gasta 65 horas por ano fazendo fofoca.
Folha - O senhor diz que, para banir a fofoca, é preciso estabelecer uma comunicação autêntica. Como isso funciona?
SC - Isso se tornou parte da cultura da empresa. Quando os funcionários veem a fofoca acontecendo, avisam e conversam. Eu mesmo chamo a atenção até de clientes quando um deles fala mal de um funcionário meu. A maioria fica constrangida e pede desculpas. No mundo dos negócios, as pessoas valorizam o que realmente pensamos. Então por que mentir, dissimular? Estar do lado da verdade é estar na zona mais lucrativa.
Folha - Há quem defenda que a fofoca é parte da natureza humana e, portanto, natural.
SC - Existem vários comportamentos negativos da natureza humana que não têm espaço no ambiente de trabalho. E a fofoca é um deles. Quando entrevisto alguém para a minha empresa, sempre abordo o tema. Só chamo quem está interessado em trabalhar, não em fofocar.
Folha - Você acha que outras organizações poderiam aproveitar seu método?
SC - Acredito que líderes de empresas, escolas e governos deveriam procurar fazê-lo. O maior problema é que muitos dos líderes são os melhores fofoqueiros. E, se você tem um gestor fofoqueiro, a organização também será assim.
O método do autor para evitar papos maldosos
- Mantenha conversas frequentes com colegas sobre o que incomoda.
- Para alcançar uma comunicação efetiva na empresa, críticas devem ser feitas cara a cara.
- Líderes devem dar o exemplo e não podem criticar quem não está presente.
- Profissionais devem se policiar mutuamente sobre conversas venenosas.
(texto publicado no suplemento Negócio, empregos e carreiras da Folha de São Paulo de 15 de junho de 2014)
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