domingo, 15 de junho de 2014

Quando dormir é um pesadelo - Jacqueline Manfrin


Quase 80% da população mundial já passou noites em claro. A insônia é um problema cada vez mais comum - e que merece cada vez nossa atenção

A recomendação é clara: dormir de 6 a 8 horas por dia para recuperar as energias e acordar com disposição no dia seguinte. Para muitos, a dificuldade está exatamente aí - pegar no sono. Dormir mal, acordar cansado, não conseguir dormir ou ter dificuldade para manter o sono durante a noite inteira são características de quem sofre de insônia. Geralmente, a insônia surge como um sintoma de outro problema físico, emocional, comportamental ou ambiental, que acaba influenciando no sono. Existem aqueles que demoram muito tempo para pegar no sono e ficam virando de um lado para outro na cama, outros que acordam muitas vezes durante a noite e uns que despertam de madrugada e não conseguem mais dormir, embora ainda estejam cansados. Existem três estágios da doença: intermitente, quando ocorre esporadicamente por motivos aleatórios, como estresse ou ansiedade; transitório, que pode durar desde uma noite até algumas semanas; e o mais grave, chamado de crônico ou permanente, cujo sono é prejudicado todos os dias e o tratamento médico é indispensável.

Apesar de não ser considerada um problema sério de saúde, a insônia pode prejudicar muito a qualidade de vida à medida que  também traz outras complicações, como cansaço, dificuldade de concentração, falta de energia, irritabilidade e sonolência durante o dia.

Existem muitas técnicas eficazes no tratamento da insônia. A princípio, o médico tenta desvendar alguns motivos que podem estar relacionados ao dia a dia, como a quantidade de cafeína e álcool ingeridos por dia, se fuma, se faz atividades físicas ou se está enfrentando algum momento particularmente difícil. Se a causa não for evidente, o diário do sono pode ser uma excelente ferramenta. Durante uma semana, você anota o tempo de cada sono, quantas vezes levantou e que tipos de alimentos você ingeriu. Isso dará algumas pistas para que o médico identifique a principal causa da insônia. Quando as causas da insônia não são claras, a polissonografia é o tipo de exame mais comum para investigar os distúrbios do sono. Por meio dele é possível avaliar o tempo e a qualidade de vigília e sono por meio de sensores posicionados pela superfície do corpo.

O uso de medicamentos para dormir pode ajudar, mas devem ser usados por alguns dias, até porque o seu uso prolongado pode fazer a insônia voltar. Antes de consumir qualquer tipo de remédio é imprescindível consultar um médico, pois podem ser perigosos para pessoas idosas ou com problemas no coração. Uma noite maldormida traz consequências sérias para o organismo e um dos distúrbios mais preocupantes são os problemas cardíacos. Além de interferir no físico, emocional e até estético, o sono tem forte influência na saúde. Segundo especialistas e pesquisadores da Universidade de Montreal, no Canadá, as pessoas que sofrem de insônia elevam a pressão arterial durante a noite, que é um dos fatores de risco mais nocivos para o coração. Com a pressão elevada, o músculo cardíaco não consegue descansar, o que aumenta a chance de arritmia cardíaca ou danos nas artérias e vasos sanguíneos, o que pode resultar em infarto, acidente vascular cerebral (AVC) ou insuficiência cardíaca.

A privação do sono também eleva as chances de diabetes e obesidade e, segundo os últimos estudos, acredita-se que seja mais comum entre as mulheres e que elas teriam predisposição genética a esse distúrbio. A dificuldade para dormir é agravada ainda pelas alterações hormonais, seja na TPM, na gestação, na menopausa ou na fase pós-parto.

Dicas para um noite tranquila

- Adquira uma rotina de sono. Vá se deitar e acorde sempre nos mesmos horários, inclusive nos finais de semana. Evite fazer refeições, falar ao telefone ou ver televisão na cama. Mantenha o quarto escuro e silencioso na hora de dormir.

- Não fumar, ingerir bebida alcoólica e consumir café, refrigerantes do tipo cola, chocolate e chá verde nas horas que antecedem o repouso. Para algumas pessoas, essas substâncias têm um efeito relaxante, mas provavelmente o sono será mais curto e poderão acordar com dor de cabeça e mal-estar.

- Keep calm. Preocupar-se excessivamente faz com que o organismo permaneça em estado de alerta constante, ou seja, há uma liberação em grande quantidade dos hormônios corticóide e adrenalina e o corpo não consegue relaxar. Como consequência, o sono fica prejudicado. Ioga e meditação podem ajudar a reduzir o estresse do dia a dia.

- Alguns remédios, como antigripais, analgésicos, antidepressivos e antialérgicos podem conter em suas fórmulas substâncias estimulantes, capazes de prejudicar o sono. Os medicamentos utilizados no tratamento de pressão alta, esquizofrenia e ansiedade também entram nessa lista.



(texto publicado na revista Bem+ nº 8 jun/jul de 2014)





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