Só neste ano, cerca de 5.600 brasileiras devem receber esse diagnóstico. Saber mais sobre essa doença pouco falada e tão traiçoeira é fundamental
O câncer de ovário quase não tem sintomas. E, quando tem, os sinais podem ser confundidos com os de outras doenças comuns, como infecção urinária, o que o torna um dos tumores ginecológicos mais perigosos: segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), três de cada quatro casos são diagnosticados em estágio avançado, quando a cura é mais difícil. A doença pode atingir mulheres de qualquer idade, mas é mais comum a partir dos 40 anos. Os médicos Sérgio Mancini Nicolau, chefe de oncologia ginecológica da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), e Rodolfo Strufaldi, professor de ginecologia da Faculdade de Medicina do ABC, nos ajudaram a esclarecer as principais dúvidas sobre esse mal.
1) Quais os fatores de risco?
História familiar de câncer de ovário ou de mama, não ter tido filhos ou nascimento do primeiro após os 35 anos; obesidade, endometriose, tabagismo, menopausa tardia e terapia de reposição hormonal.
2) Quem tem síndrome do ovário policístico deve se preocupar?
Não há relação entre ovários policísticos e câncer de ovário. A síndrome, de origem hormonal, atinge 15% das mulheres em idade reprodutiva e tem sintomas como irregularidade menstrual, aumento dos pelos, da oleosidade e da concentração de gordura corporal.
3) Como é o diagnóstico?
Durante a consulta, o médico faz perguntas sobre o histórico da mulher e de seus familiares. No exame pélvico, o ginecologista sente se há aumento nos ovários e sinais de líquido no abdome. Se ele desconfiar de algo, pede exames complementares.
4) Que exames podem detectá-lo?
Há o ultrassom pélvico e a medição do marcador tumoral sanguíneo CA 125 (80% das mulheres com câncer de ovário apresentam CA 125 alto)
5) Quais os sintomas mais comuns?
Inchaço, dor pélvica, dificuldade de comer ou sensação de plenitude, necessidade urgente e frequente de fazer xixi podem ser alguns dos sintomas. No entanto, esses sinais também podem estar relacionados a outras doenças, como infecção urinária. A mulher que apresentar esses sintomas quase todos os dias ou por mais de algumas semanas deve procurar o ginecologista.
6) Dá para se proteger?
É importante ter hábitos saudáveis, evitar a obesidade e o tabagismo, além de praticar exercícios. Gravidez, amamentação, laqueadura tubária e retirada de ovários e tubas uterinas também oferecem proteção.
7) Tomar pílula pode prevenir esse tipo de tumor?
Sim. Quando utilizada por cinco anos ou mais, a combinação de estrogênio e progesterona presente em algumas pílulas pode diminuir as chances de câncer ovariano. O efeito continua mesmo depois que se interrompe o uso.
8) A terapia de reposição hormonal agrava os riscos?
A terapia de reposição hormonal (TRH ou TH), feita em mulheres que não têm mais ovulação, pode aumentar de forma discreta o risco de desenvolver o câncer do ovário, mas, como se trata de uma doença rara, é difícil ter a real dimensão de qual seria esse risco.
9) Como é o tratamento da doença?
Cirurgia, radioterapia, quimioterapia e terapia-alvo. Alguns fatores são decisivos na escolha para cada caso, como o estado geral de saúde da paciente e se ela ainda planeja ter filhos.
(texto publicado na revista AnaMaria nº 940 - 17 de outubro de 2014)
Nenhum comentário:
Postar um comentário