Se alguém chegasse para você agora e perguntasse se está cansado ou bem-disposto, qual seria a sua resposta? A Conectaí, empresa do grupo Ibope Inteligência, fez essa pergunta para 1.499 homens e mulheres entre 18 e 64 anos, moradores nas principais capitais do país, e descobriu que 98 em cada 100 estão cansados, ou seja, praticamente todo mundo. Mais da metade dos entrevistados afirma que já acorda indisposto e durante a tarde e à noite a canseira bate ainda mais forte, com o pique indo a zero para fazer qualquer coisa que não seja se jogar no sofá ou na cama. Dentre os que se dizem exaustos, metade afirma que essa fadiga é mental e física, 1/4 diz que é só a mente que precisa de férias e os outros 1/4 falam que sentem o corpo quebrado. Nessa matemática todos saem perdendo, já que a fadiga mental interfere na perda temporária da memória (principalmente com relação a datas, nomes e compromissos), traz dificuldade de concentração, alteração no padrão do sono, sensação de mente esgotada e uma vontade de não pensar em nada. No corpo, as queixas mais comuns são dores generalizadas, inclusive na cabeça, e musculares, o arrastar dos pés na hora de caminhar e o desejo de ficar deitado o máximo de tempo possível.
Outro dado que chama atenção no estudo, encomendado pela empresa de saúde Sanofi, é que os brasileiros sabem identificar perfeitamente quem são os responsáveis por todos esses sintomas: o estresse e a correria do dia a dia lideram o ranking, seguidos pela falta de condicionamento físico, os conflitos pessoais, a alimentação desequilibrada, a preguiça e os problemas no trabalho e de saúde. No grupo dos jovens entre 20 e 29 anos, 99% declararam que estão cansados por conciliarem estudo, ingresso no mercado de trabalho e insegurança com relação ao futuro. Outra causa apontada para o aumento do cansaço é a tecnologia, que encurtou o caminho da comunicação e nos possibilitou ficar conectados com o mundo 24 horas. Se ela traz uma infinidade de vantagens, por outro lado nos priva do tempo de descanso necessário para a recuperação do agito diário. Além disso, ela pode causar dependência - há muita gente que não se desliga de aparelhos como o celular nem durante a madrugada. Vale lembrar que, depois de você mandar mensagens ou ver uma reportagem, seu cérebro ainda fica trabalhando por algum tempo, para refletir sobre o que você leu ou escreveu.
Dentre as pessoas que se disseram cansadas, 74% confessaram que não fazem atividade física regularmente; 65% delas moram na Região Sudeste, contra 62% da Centro-Oeste e Norte; e a maioria é mulher (98% contra 97% dos homens), o que reforça o fato de que elas estão assumindo cada vez mais responsabilidades.
É importante ressaltar que a fadiga pode trazer sérias consequências. Só para ter uma ideia, a pesquisa apurou que 61% dos brasileiros cansados deixam de cumprir obrigações com certa frequência por causa da canseira, 50% evitam se locomover por falta de disposição, mesmo que seja para fazer algo prazeroso, 72% revelaram que isso afeta o humor e 49% confirmaram que prejudica a vida sexual.
Para quem está disposto a mudar de time, é importante saber que, em comum, os 2% que se disseram cheios de disposição afirmaram que têm alimentação balanceada, dormem bem e buscam o equilíbrio entre a vida pessoal e a profissional. Para também chegar lá, é preciso avaliar sua rotina e procurar tempo para fazer as coisas de que você gosta. Com certeza você vai achar.
Aliviando o estresse
Ao contrário do que a maioria das pessoas imagina, não é apenas dando socos num saco de areia, se acabando de correr no calçadão ou derretendo de tanto suar no spinning que você vai manter o estresse sob controle. Na verdade, modalidades intensas como essas podem até aumentar a tensão e acabar trazendo prejuízos à saúde se você não sentir prazer ao realizá-las. É por isso que hoje, quando o assunto é estresse, os especialistas não defendem uma ou outra atividade física: o que vale é se divertir ao colocar o corpo em movimento, seja dançando, patinando, puxando ferro, seja fazendo ioga, pelo menos três vezes por semana. Com isso, além de melhorar o condicionamento físico, você estimula a produção de neurotransmissores responsáveis pelo bem-estar, como endorfina e serotonina.
Fadiga crônica: trate dela
Segundo o International Chronic Fatique Syndrome Study Group, as causas da fadiga crônica ainda não são conhecidas, mas já se sabe que ela provoca indisposição, cansaço persistente e fraqueza muscular sem motivo aparente e em ciclos que podem durar meses ou anos, acompanhados de, no mínimo, quatro dos seguintes desconfortos: dor de garganta, gânglios inflamados e dolorosos, dor muscular, cefaleia com características diferentes das anteriores, dor em várias articulações, comprometimento da memória recente ou da concentração, sono que não repousa e fraqueza intensa que persiste por mais de 24 horas após o esforço físico. É um mal que atinge mais mulheres e cujo tratamento envolve dieta balanceada, prática regular de atividade física, controle do estresse, redução no consumo de álcool e reabilitação fisioterápica.
Hora de rever a rotina
Não são apenas as crianças que precisam ter uma rotina, os adultos também, especialmente aqueles que vivem cancelando a ginástica e a happy hour com os amigos ou abrindo mão do sono, da alimentação saudável e dos momentos relaxantes por causa do cansaço. Para essas pessoas, uma boa saída é criar uma rotina igualzinha à que a Supernanny propõe para os baixinhos rebeldes, ou seja, com horários definidos para acordar e dormir, fazer as principais refeições, se divertir - ou programar algo que faça você se esquecer temporariamente das contas vencidas ou da reunião com o chefe - e malhar. Nesse último caso, não há necessidade de se matricular numa academia ou ir até um parque que fica distante de sua casa ou do trabalho. Vale fazer qualquer atividade que o tire da inércia, o que inclui levar o cachorro para passear, brincar de pega-pega com os filhos, lavar o carro, andar de bicicleta ou falar com o colega de trabalho pessoalmente em vez de ligar no ramal dele ou mandar um e-mail. Dependendo de seu perfil, também é interessante reservar alguns minutos do dia para receber uma massagem, fazer alongamento ou alguma técnica de respiração, meditar, tomar um banho um pouco mais demorado ou, simplesmente, deitar com as pernas para cima sem pensar em nada.
(texto publicado na revista Contigo nº 2026 - 17 de julho de 2014)
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