sábado, 30 de agosto de 2014

Movimento cor-de-rosa - Bianca Donatto


Você leu o best-seller 50 Tons de Cinza, no qual a mulher se submete aos desejos do homem que ama? Pois vai adorar os 10 tons de pink que contamos a seguir: dicas para reforçar sua feminilidade - sem abrir mão da autonomia - e conquistar uma vida ainda mais plena!

As últimas décadas foram marcadas por muitas vitórias femininas. Se antes a mulher era criada para se dedicar exclusivamente aos assuntos do lar, as batalhas feministas quebraram os muros que impediam uma participação social efetiva. A mulher conquistou o direito ao voto, passou a estudar, se especializar e pôde, enfim, exercer uma profissão. Era o início de um novo mundo: encantador, mas sem referenciais para se espelhar. "Muitas entenderam que a única forma de dar conta dessas novas demandas era copiar quem já o fazia, ou seja, o sexo masculino", aponta a psicóloga Lidia Aratangy, de São Paulo (SP). Foi assim que características marcantes da alma feminina foram abafadas: adotou-se um comportamento mais objetivo e racional, e as emoções foram trancadas na gaveta.

De volta à essência

A boa notícia é que já passamos na fase de testes. Está mais do que comprovado que, além de esposas e mães, somos ótimas funcionárias e chefes e, quando queremos, abrimos o vidro de palmito sem qualquer ajuda! Vivemos agora um momento de resgate, graças à percepção de que os ingredientes poderosos que compõem a arte de ser mulher, desprezados lá atrás, podem fazer maravilhas se aplicados no cenário atual. "Precisamos entender que a nossa essência não tem nada a ver com submissão, mas com um olhar mais atento às emoções", diz a neuropsicóloga Aparecida Natali, de São Paulo (SP). Reunimos a seguir dicas práticas para você fazer as pazes com seu lado mais feminino. Cá entre nós: mostrar um pouco das nossas particularidades pode deixar o mundo mais equilibrado, gostoso e - graças às nuances cor-de-rosa - muito mais bonito!

1) Não renegue a ternura

Esqueça a ideia de que ser doce é sinônimo de fragilidade! "É absolutamente possível expor uma mensagem com firmeza sendo suave e gentil", garante a psicoterapeuta Sâmara Jorge, de São Paulo (SP). Nossa sensibilidade, simpatia e talento para levar os relacionamentos nos torna melhores profissionais que os homens. Sendo assim, quando for pedir algo a alguém, faça com jeitinho e sempre se coloque no lugar do outro.

2) Confie na voz interna

Intuição, pressentimento, feeling, sexto sentido... O nome não importa. Os cientistas já comprovaram que a capacidade de intuir é mais intensa na mulher, por causa do maior tráfego de impulsos nervosos na ponte que liga os hemisférios direito (emocional) e o esquerdo (racional) do cérebro. "Mas em tempos nos quais automatizamos todas as questões, é preciso resgatar esse olhar mais amoroso e sensível diante da vida", diz a especialista. A dica, portanto, é abrir o coração para as pistas que vêm de caminhos fora do convencional.

3) Tire proveito da capacidade de se adaptar

Ao longo dos anos, a mulher foi se reinventando diante de diferentes cenários, o que lhe conferiu um incrível potencial de adaptação. E não é preciso nem buscar referências históricas. "As variações hormonais influenciam fortemente as emoções e até a condição física feminina, por isso somos mais habituadas a lidar com as mudanças e suas implicações", ressalta a psiquiatra Carmita Abdo, coordenadora do Programa de Estudos em Sexualidade (ProSex) do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas. Essa elasticidade geralmente se reflete também no dia a dia. Ponto para nós!

4) Recomece, se for preciso

Outro trunfo proporcionado pela resiliência feminina é a possibilidade de mudar de ideia no meio do caminho. É que muitas vezes, em pleno trajeto que antes parecia perfeito, a gente percebe que seria melhor tentar de novo, de outro jeito... E, sendo assim, por que não recomeçar? "O importante é a consciência do que se quer, por meio da reflexão, do diálogo interno e até da intuição. Para ser mais feliz, mantenha esses canais abertos e nunca tenha vergonha de voltar atrás", instrui Sâmara.

5) Cuide sim, mas sem se descuidar!

Desde cedo, a mulher tem o impulso e é educada para assistir quem está ao seu redor. Esse instinto se manifesta muito além da relação com os filhos: a gente cuida do marido, dá suporte às amigas, se preocupa com o bem-estar dos colegas de trabalho... "O feminino acolhe, educa, transforma e conduz", diz Aparecida Natali. Em tempo de individualismo exacerbado, cultivar essa essência é mais do que positivo. Mas nada de se jogar para escanteio! Cuidar de nós mesmas nos deixa mais preparadas para cuidar de tudo o que nos cerca e nos envolve.

6) Mulheres, uni-vos!

Apesar de existir um estímulo cultural para a competição entre as mulheres, vale muito a pena ir na contramão e estreitar os laços. Ao buscar apoio, trocar confidências, compartilhar dos medos, anseios e desejos nos famosos clubes da Luluzinha, tornamos a vida muito mais leve. "Esses encontros entre mulheres são ainda excelentes oportunidades para ativar o feminino dentro de nós e promover trocas muito ricas", aponta Sâmara.

7) De vez em quando, saia do comando

Na ânsia por realizar as mesmas tarefas que os homens, e com ainda mais qualidade, contraímos a Síndrome da Mulher Maravilha: achamos que temos que resolver todas as questões, o tempo todo. "Isso nos levou à criação de um ego gigante, cheio de atribuições e pobre de emoções. Passamos a competir, até inconscientemente, com nossos próprios parceiros amorosos", diz Aparecida. Aí, já viu: adeus, romantismo! "Para frear essa tendência, reflita se você tem dado espaço a seu par ou se está sempre se adiantando para resolver tudo sozinha", sugere Sâmara.

8) Aproveite a liberdade sexual

Mais do que quantidade, estamos falando de qualidade! "Foi-se o tempo em que as mulheres tinham que prestar contas para a sociedade sobre quando, com quem e com que frequência estavam transando. Hoje, elas devem respostas a si mesmas. E a principal é: estou satisfeita com minhas relações?", diz a expert Carmita Abdo. Para que as respostas sejam positivas, abra-se para o erotismo! Vale ler histórias picantes, assistir a um filme com uma história de paixão ardente e trocar mensagens provocantes com o parceiro durante o dia. Essas pequenas coisas ativam a libido, que pode ficar apagada em meio às inúmeras atribuições do dia a dia.

9) Valorize sua beleza

Reservar algum tempo para seus rituais - um creminho diário, o make-up e uma boa hidratação nos cabelos, por esemplo - é uma atitude muito bem-vinda. "Ela ajuda a reforçar a autoestima, destacando seus pontos positivos e trabalhando aqueles com os quais você não está tão satisfeita", diz Sâmara Jorge.

10) Seja uma agente da transformação

Muitas mulheres culpam os homens pela condição de desvantagem que (ainda) enfrentamos em alguns setores. "No entanto, elas se esquecem que quem educa esses homens somos nós mesmas, as mulheres", ressalta Lidia Aratangy. O antídoto, segundo ela, está em mudar pequenas atitudes do cotidiano: pedir ajuda para os meninos nas tarefas de casa, ensinar a gentileza, evitar rotular as atribuições pelo gênero dos filhos. "Estimular a igualdade é muito educativo e não favorece só a classe feminina. É bom para toda a sociedade", completa.



(texto publicado na revista A (Ana Maria Braga) nº 7 - ano de 2012)




















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