No papel de ativista contra a violência doméstica, a atriz vencedora do Oscar Reese Witherspoon elogia a lei brasileira Maria da Penha e, em casa, ensina a seus dois filhos a arte da gentileza
Pequena, quase tímida em seu vestidinho preto, a atriz Reese Witherspoon causou frisson entre as mais de 1,4 mil mulheres de 95 países que a aplaudiram de pé, no final de fevereiro, em uma convenção nos arredores de Washington, capital dos Estados Unidos, contra a violência doméstica, causa que ela abraçou há cerca de cinco anos. Algumas horas depois, quando recebeu CLAUDIA para esta entrevista, Reese já não parece pequena, muito menos tímida. Quando fala sobre violência doméstica, tema para o qual é embaixadora global da gigante de cosméticos Avon, torna-se quase enérgica. "A violência contra a mulher é uma epidemia, e todas nós somos responsáveis por protegermos umas às outras", afirma ela, enfática. Um dos casos que considera mais exasperante é o da brasileira Maria da Penha, que conheceu durante uma visita a São Paulo, em 2008. A cearense, que quase morreu e ficou paraplégica após levar um tiro e sofrer anos de outros abusos do ex-marido, foi uma das inspirações para a Lei 11.340, mais conhecida como Lei Maria da Penha, uma das mais avançadas do mundo na área.
Reese não sai do papel de ativista nem mesmo dentro de casa. Ela costuma conversar com os dois filhos sobre "o que é correto no mundo dos relacionamentos". "Violência é inaceitável. Nossos filhos vão se tornar homens; se puderem ser cuidadosos e afetivos, estaremos realmente produzindo uma mudança no mundo", afirma. Aos 36 anos, ela é uma mulher delicada, traço característico da tradicional criação no sul dos Estados Unidos. É reservada e bastante ligada à família - não só ao atual marido, o agente Jim Toth, e aos filhos, Ava, 12 anos, e Deacon, 8, fruto do casamento com o ator Ryan Phillippe, mas também aos pais e ao irmão mais velho. "Todas nós sabemos como é difícil equilibrar trabalho e família, mas eles me ajudam muito com as crianças", diz. "E é assim que mantenho os dois pés no chão." Acumulando sucessos na vida particular e na carreira no cinema - recebeu um Oscar em 2005 pelo papel de June Carter, em Johnny e June (Walk the Line) -, ela vem se dedicando cada vez mais ao ativismo. Uma em cada três mulheres no mundo sofre algum tipo de abuso, insiste Reese; é preciso romper o ciclo de silêncio. Para a garota que continua se reinventando, nem mesmo tornar o mundo um lugar melhor para se viver parece um desafio grande demais.
(texto publicado na revista Claudia nº 4 - ano 51 - abril de 2012)
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