Milhões de mulheres, tanto no Brasil como no mundo, sofrem com cólicas menstruais a ponto de impactar em sua produtividade no trabalho, que pode ser reduzida em até 70% nesse período, sem contar que 30% das que têm dor se afastam do emprego por pequenos períodos do dia.
E as mais jovens sofrem ainda mais com as cólicas, porque o organismo está se "entendendo" com a produção de prostaglandina, substância que age como uma química produzida localmente, cuja síntese e liberação no endométrio são contrabalanceadas pelo estrógeno e pela progesterona, respectivamente. Essa ação promove movimentos de contrações uterinas dolorosas para eliminar o endométrio após não haver fecundação. Como os hormônios contidos nos anticoncepcionais provocam atrofia do endométrio, local de produção da prostaglandina, a pílula é amplamente indicada nos casos de cólica para mulheres com vida sexual ativa e que não desejam engravidar.
Apesar de a pílula anticoncepcional ser utilizada com o objetivo de evitar a gravidez, muitas possuem substâncias que também ajudam a combater a cólica menstrual e a acne, conforme demonstram estudos científicos. No entanto, alguns mitos rondam o uso desse medicamento. Os mais comuns são que ele engorda e aumenta as varizes. Na verdade, os anticoncepcionais atuais, pela baixíssima dose hormonal, podem dar um pequeno inchaço ao corpo da mulher, mas que é facilmente controlado com a prática de exercícios físicos, alimentação adequada e drenagem linfática. Além disso, pode-se observar também um discreto aumento do apetite. Quanto às varizes, os estudos mais atuais nessa área demonstram que a dose dos contraceptivos é insuficiente para provocar o aumento dos vasos, principalmente em membros inferiores.
Outro ponto que causa preocupação é que mulheres que fazem uso dos anticoncepcionais têm mais chance de desenvolver câncer de mama e de colo de útero. Não há nada provado a esse respeito, e sim muitas dúvidas. Em geral, as pílulas têm dose hormonal muito baixa que não chega a interferir no ciclo natural do câncer de mama. Quanto ao câncer de colo de útero, não há nenhuma associação ao uso da pílula, pois ele está ligado em mais de 95% dos casos à infecção pelo vírus do HPV.
Em alguns casos as pílulas contraceptivas também ajudam a controlar a acne hormonal, que aparece com maior intensidade no fim do ciclo menstrual devido aos níveis hormonais flutuantes, um resultado das alterações do próprio ciclo. Estudos têm demonstrado que ajustar os níveis hormonais pode ter um efeito benéfico na pele afetada pela acne. Em casos assim, os anticoncepcionais agem equilibrando a ação dos hormônios e podem ser usados para diminuir os efeitos da acne. Mas, quando as dores da cólica menstrual ou a intensidade da acne não responderem ao uso das pílulas, é necessário procurar um especialista que irá investigar as causas desses problemas e indicará o melhor tratamento.
(texto publicado na revista Contigo nº 1997 - 26 de dezembro de 2013)
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