quinta-feira, 12 de junho de 2014

Pintas na pele: como reconhecer o perigo - Dra. Daniela Schmidt Pimentel, dermatologista


Nem todas as pintas são bem-vindas do ponto de vista médico. Algumas precisam de avaliação mais profunda com o objetivo de checar sua origem e se há possibilidade de se transformarem em um tumor cutâneo. Cientificamente definidas como nevos melanociticos, elas são manchas ou pequenas elevações na pele que variam do castanho-claro ao bem escuro, por vezes podendo ter mais de uma cor. São compostas por células nevicas classificadas em dois grupos: congênitos ou adquiridos.

Os congênitos se apresentam no nascimento, acometem 1% dos neonatos e se manifestam como lesões pigmentadas planas de tamanho variável, redondas ou ovais de limites nítidos. Tais nevos são considerados pequenos quando inferiores  a 1 centímetro e grandes quando maiores de 20 centímetros. A maioria delas é benigna e por isso não há indicação de tratamento. No entanto, algumas podem se transformar em câncer de pele, daí a necessidade de um exame prévio, pois o conceito de que todas as pintas de nascença são benignas nem sempre é verdadeiro, principalmente quando seu tamanho está acima do padrão.

Já as adquiridas surgem no decorrer da vida, costumam aumentar com a idade e algumas ainda podem apresentas pelos. Essas lesões são encontradas na maioria dos adultos brancos, na média de dez a 40 lesões e, normalmente, apresentam pigmentação uniforme, mas podem sofrer modificações ao longo da vida em relação à assimetria, à uniformização da borda, ao diâmetro e à coloração. Inicialmente, essas pintas são manchas planas, de coloração acastanhada, que aumentam de tamanho entre 4 a 6 milímetros.

Já as pintas chamadas de nevos displásicos possuem características próprias e costumam ser precursoras de melanomas malignos. Podem surgir esporadicamente ou estarem relacionados a histórico familiar. Clinicamente, os nevos displásicos se diferenciam dos nevos melanociticos comuns por várias características: são mais numerosos, especialmente quando há influência genética, e maiores de 6 milímetros. Apresentam como particularidade a coloração, que não é uniforme, variando do róseo ao negro, o tamanho, superior quando comparado às lesões benignas, e as bordas e a pigmentação irregulares. Esses nevos têm maior chance de se transformarem em melanomas malignos, sendo que esse risco é ainda maior quando há casos de câncer de pele na família.

Quando a pinta for considerada "suspeita" durante a avaliação, ou seja, aquela que tem potencial para virar um câncer de pele, deve ser removida cirurgicamente, com anestesia local e enviadas para avaliação laboratorial. Também deve-se considerar a necessidade de excisão da pinta quando ela se localiza em regiões de traumas frequentes, como na alça do sutiã ou em locais de difícil acompanhamento, como no couro cabeludo. É possível evitar que a pinta vire um câncer cutâneo? Na verdade, não se pode impedir tal desenvolvimento, o  ideal é que pessoas de pele clara com muitas pintas evitem a exposição solar excessiva e façam uso do protetor com FPS 30, no mínimo.



(texto publicado na revista Contigo nº 2011 - 3 de abril de 2014)








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