Fala-se muito a respeito do infarto do miocárdio, mas ainda há pouca informação sobre ele. Na maioria das vezes, o infarto é decorrente da interrupção total ou parcial da passagem de sangue por uma das artérias coronárias. Essas artérias são as que levam o sangue com o oxigênio para as células, servindo de combustível para que o coração se contraia. A obstrução delas leva à ausência de oxigênio nas células, que então começam a morrer. Portanto, quanto mais tempo durar a interrupção do fluxo sanguíneo, maior o número de células afetadas e o dano causado. O local da obstrução também é importante: quanto mais próximo da parte superior da artéria (mais alto), maior serão a região afetada.
Na maioria das vezes, a doença começou muito antes do dia do infarto. As placas de gordura se depositam silenciosamente nas artérias durante anos. Então, por algum motivo, a artéria se rompe e provoca a formação de um trombo sanguíneo, interrompendo a passagem do sangue.
Sendo assim, o tratamento da fase aguda visa principalmente restabelecer o fluxo sanguíneo. Esse procedimento é realizado com uma injeção de substâncias que dissolvem o trombo ou por desobstrução mecânica, com o implante de um dispositivo chamado Stent, colocado por meio de um cateterismo cardíaco. Pode-se perceber que, quanto mais rápida for feita a desobstrução, menor as consequências do infarto. O que chamamos de "janela ideal de tempo" para o seu tratamento seria o prazo de até uma hora a partir do início dos sintomas. Após esse período, quanto mais o tempo passa, menores são as chances de recuperação, ainda que se utilizem os procedimentos mais modernos. Mas até seis horas após os primeiros sintomas, ainda pode-se conseguir benefícios. Portanto, é de fundamental importância saber identificar os sintomas do infarto e procurar ajuda imediatamente.
Os sintomas clássicos são dor no peito em compressão irradiada para o braço esquerdo, geralmente associada a náuseas e ao suor intenso. Porém, muitos pacientes têm sintomas atípicos, principalmente mulheres e pessoas diabéticas - no último caso, podem não ter qualquer sensação de dor, apenas mal-estar e sudorese. Há ainda pessoas que se queixam apenas de falta de ar ou dores epigástricas ou nas costas, o que pode ser confundido com doenças gástricas, úlceras etc.
Quem são os que devem estar mais atentos ao problema? Os portadores de fatores de risco, como pressão e colesterol altos e diabetes, pessoas com sobrepeso, fumantes, sedentários e aquelas com alta carga emocional. Homens acima de 55 nos e mulheres com mais de 65 são os mais atingidos pelo problema. Quem reúne vários desses fatores deve redobrar os cuidados. Essa é uma doença traiçoeira, que mata cerca de 300 mil brasileiros por ano, e necessita de atendimento especializado e conduta rápida.
(texto publicado na revista Contigo nº 2005 - 20 de fevereiro de 2014)
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