A calvície afeta cada vez mais as mulheres, gerando um efeito psicológico mais devastador que a masculina, pois os cabelos são símbolo de feminilidade. Os quadros iniciais da queda capilar nem sempre são investigados em seu início e, até que produzam um quadro clínico evidente, muito tempo pode ter passado.
Com o avanço das técnicas de tratamento, o público feminino tem à disposição inúmeras possibilidades, como xampus, loções, medicamentos de uso oral, mesoterapia capilar (aplicação de substâncias no couro cabeludo), tratamentos com laser e, em alguns casos, o transplante capilar. O transplante pode ser uma ótima opção com resultados bastante satisfatórios e permanentes. As técnicas para esse procedimento ainda são pouco conhecidas pelas mulheres no Brasil.
A perda capilar feminina é muito mais complexa que a masculina, pois pode ter diversas causas. Por isso, o primeiro passo é fazer uma avaliação da saúde da paciente. Nos casos em que o cabelo fica muito ralo é importante realizar o transplante principalmente na área do "topete", que é a região mais evidente, o que já traz um grande benefício estético.
Existem outras situações nas quais a mulher pode se beneficiar com o transplante capilar. Por exemplo, quando se submetem à cirurgia plástica facial e, em geral, ficam com uma cicatriz atrás das orelhas ou perdem as costeletas, o que as impedem de usar os cabelos presos. Outras têm a linha frontal muito alta e, consequentemente, a percepção de uma testa maior e não se sentem atraentes por isso. As "entradas" muito pronunciadas também são motivo de descontentamento. E também as mulheres que sofreram agressões no couro cabeludo causadas por tratamentos químicos. Em todos esses casos é indicado o procedimento. O único pré-requisito é que ainda tenham uma boa área doadora (região da nuca).
Alguém pode perguntar: e a naturalidade dos fios, como fica? Com as técnicas atuais é possível proporcionar resultados muito satisfatórios. No caso das mulheres, a FUT (Folicular Unit Transplantation) é a mais indicada, porque dá a possibilidade de retirar uma grande quantidade de folículos de uma faixa relativamente pequena de cabelo. A cirurgia é realizada com anestesia local, causando o mínimo de desconforto. Os folículos são retirados da região da nuca (região occipital), pois é um local pouco impactato pelo hormônio que causa calvície, o DHT (Di-hdrotestosterona). Eles são transplantados de forma customizada, levando em consideração a linha frontal da paciente, a densidade e a distribuição dos fios para proporcionar um aspecto natural. A cicatriz da área doadora ficará muito discreta, coberta pelos cabelos e muito difícil de se visualizar. A recuperação da cirurgia é curta e é rápido o retorno às atividades profissionais e sociais. O resultado final deverá se aproximar ao máximo da form como os fios se dispõem de forma natural na cabeça. Quem sofre de ausência de pelos nas sobrancelhas e cílios, causada por algum trauma, por exemplo, também pode se beneficiar desse tipo de tratamento.
A alimentação influencia nos cabelos
Cuidar da alimentação é um alerta que todos os médicos fazem para seus pacientes, porque tudo o que é ingerido interfere diretamente no organismo, inclusive no crescimento dos cabelos. As mulheres muitas vezes fazem dietas restritivas para emagrecer, o que funciona como um gatilho para que os cabelos caiam mais rápido. Apesar de serem repostos, pode levar algum tempo para isso, ocasionando o incômodo de diminuição de volume no penteado. Por isso, é importante ter uma alimentação saudável e balanceada. Uma dieta rica em proteínas é benéfica aos fios, enquanto que uma alimentação com muitas gorduras ou mesmo doces deve ser evitada, já que esse tipo de consumo pode influenciar na transformação hormonal local, levando ao aumento de dermatite seborreica (caspa). Isso ajuda a afinar os fios, mesmo que em pequena quantidade, e nos pacientes com tendência genética a desenvolver calvície. Alimentos ricos em vitamina B, principalmente a Biotina, são importantes para a saúde capilar.
Trate os fios durante o sono
Aplicar cremes faciais noturnos já é uma prática entre as mulheres. Agora é a vez de os cabelos receberem tais cuidados. Estudos comprovam que o melhor horário para o metabolismo da pele e do cabelo e sua recuperação após um dia de exposição ao sol, poluição e vento é à noite. Isso ocorre porque o tempo de contato e a ação são prolongados, não há o problema da luz solar com os compostos fotossensíveis nem limitação de tempo, já que, enquanto a pessoa estiver dormindo, o tratamento estará sendo feito. Atualmente é possível contar com uma infinidade de cremes de cabelo para serem usados durante a noite. Alguns especificam que é preciso lavar o cabelo na manhã seguinte, outros funcionam estilo "leave-in", sem enxague. Reparar a estrutura, devolver elasticidade, nutrir a fibra capilar e estimular o crescimento dos cabelos são alguns dos benefícios que os cremes noturnos prometem.
Os fatores que provocam a caspa
Um dos agentes que causam a caspa é o uso de água quente no couro cabeludo durante a lavagem, já que ela pode gerar irritação, maior atividade de glândulas sebáceas e, como consequência, o seu desenvolvimento. Outro fator de influência é o uso de secadores muito próximos ao couro cabeludo, estimulando a oleosidade que leva a seu aparecimento. Também se deve evitar dormir com os cabelos úmidos, o que aumenta a proliferação de fungos no couro cabeludo e as chances de piora da oleosidade e da própria caspa. Já nas situações em que ela é associada à descamação, que são as que mais incomodam por causa de desconforto social e coceira, é indicado o uso de xampus de controle de oleosidade que tenham ação queratolítica, ou seja, que removem as células mortas e melhoram o aspecto descamativo, e de loções hidroalcoólicas, que combate a oleosidade.
(texto publicado na revista Contigo nº 2001 - 23 de janeiro de 2014)
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