quinta-feira, 31 de julho de 2014

A primeira meditação - Nádia Macedo


Para quem nunca experimentou a prática, pode ser um desafio concentrar-se na respiração e observar o fluxo dos pensamentos

Eu nunca havia meditado. Quando pensava sobre o tema, imaginava alguém sereno, sentado em lugar paradisíaco, com os olhos fechados e as mãos sobre os joelhos. Por causa da ansiedade, meditação sempre me pareceu um alvo quase impossível de atingir. Porém, o desejo de combater a tensão e de me conhecer melhor falou mais alto, e passei a procurar mais informações sobre o tema. E encontrei, em São Paulo, um curso de meditação voltada para a autodescoberta.

O curso foi criado por pessoas inspiradas pelo mestre Sri Chinmoy - um líder espiritual indiano que emigrou para os Estados Unidos nos anos 60 -, com o intuito de disseminar o ato de meditar. É o caso de Patanga Cordeiro, um servidor público que pratica a técnica há mais de dez anos, e que ministrou a aula, gratuita, de que participei em São Paulo, em uma terça-feira à noite.

Estávamos em 20 pessoas, cada uma sobre uma almofada individual. Patanga entra na sala e começa explicando as diferenças entre meditação e relaxamento. Na primeira, o objetivo é exercer a concentração, e devemos, de preferência, realizar a prática de olhos abertos. Na segunda, o objetivo é relaxar, e pode-se ficar de olhos fechados.

Depois das explanações, chega o momento dos exercícios. Com as pernas cruzadas, fiquei parada por mais de 20 minutos, prestando atenção apenas na respiração. Não foi fácil. Tracei uma batalha entre a tendência da minha mente a divagar e a minha decisão de mantê-la concentrada. Por alguns minutos, consegui, mas logo as minhas costas começaram a doer. Não resisti e me inclinei um pouco para a frente; quando voltei à posição inicial, quem me pediu atenção foram os pés, que  formigavam. No momento em que decidi mexê-los, ouvi uma intervenção de Patanga, dizendo que, para conseguir uma boa meditação, é preciso ignorar os pedidos do corpo. Continuei a batalha até o final do exercício. Não é simples, mas a sensação de conseguir alguns minutos de concentração é boa.

A meditação traz muitos benefícios para a saúde, como a melhora dos níveis de pressão arterial. Dedicar alguns minutos por dia à prática pode trazer paz e autoconhecimento. "Ontem, eu era esperto e queria mudar o mundo. Hoje, sou sábio e, por isso, estou mudando a mim mesmo", disse, certa vez, Sri Chinmoy.




(texto publicado na revista Vida Simples nº 147 - julho de 2014)


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