quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Leve e feliz sem tanto calmante! - Karina Fusco


Tomar remédio para dormir por meses a fio, em vez de buscar soluções para os problemas que nos tiram o sono, pode ser um perigo

A professora Alexsandra Rodrigues, de 26 anos, começou a tomar calmante por indicação médica. Sofria de insônia, ansiedade, transtorno de humor e estava insatisfeita com o trabalho. Assim como ela, cada vez mais brasileiros recorrem aos calmantes da classe dos benzodiazepínicos, da qual fazem parte Rivotril, Valium e Lexotan. Um levantamento feito pela IMS Health, consultoria global que também atua no Brasil, mostra que entre 2009 e 2013 houve aumento de 42% na venda desses remédios no Brasil. Emérita Sátiro Opaleye, professora de psicobiologia da Unifesp, diz que esse dado é preocupante. "Como são receitados por médicos, a população não imagina que esses medicamentos causam dependência." O ideal é usá-los em último caso, por pouco tempo e buscar outras maneiras para relaxar e dormir melhor. Alexsandra conseguiu se livrar dos tranquilizantes incluindo atividades prazerosas na rotina e resolvendo os pepinos que a atormentavam. "Comecei a fazer ginástica, zumba e voltei a frequentar a igreja. Há dois anos durmo bem sem medicação." Veja o que você pode fazer para também passar longe dos calmantes e ter boas noites de sono.

Por que é perigoso usar muito tempo esse tipo de droga

Especialistas dizem que os benzodiazepínicos devem ser usados, no máximo, por duas semanas para casos de insônia e um mês para tratar ansiedade. Mas muitas pessoas tomam esse tipo de calmante todas as noites durante anos seguidos. Se usados por longos períodos, eles podem provocar os seguintes males:

- Perda de memória
- Quedas
- Dependência
- Arritmia cardíaca
- Alterações nas células sanguíneas
- Comportamento agressivo
- Se for combinado a álcool ou outras drogas, podem levar à morte

Causas que mais levam ao uso de calmantes

- Tensão
- Angústia
- Ansiedade
- Medos
- Decepções amorosas
- Dores crônicas
- Luto
- Problemas pessoais ou profissionais
- Insônia

Para se livrar da dependência

De acordo com o médico especialista em sono Edilson Zancanella, da Unicamp, calmantes só devem ser consumidos por curto espaço de tempo e em situações bem específicas, como um período de estresse intenso, durante picos de ansiedade ou em casos de luto pela perda de alguma pessoa querida. Quando a situação começa a se normalizar, o médico deve orientar o paciente a tentar reduzir as doses. "A retirada do medicamento deve ser lenta, reduzindo-se a dosagem pouco a pouco, e acompanhada por um médico. Ficar sem o remédio de um dia para o outro pode causar síndrome de abstinência, que provoca tremores, palpitações, tonturas e náuseas", alerta o especialista. Se você toma calmante há tempos, converse com seus médico sobre tentar diminuir as doses.

Como dormir bem sem remédios

- Calmante não resolve problemas. O melhor é enfrentá-los. Se for necessário, procure a ajuda de um psicólogo.

- Tenha um horário regular para deitar e levantar.

- Peça orientação médica para reduzir gradualmente as doses do calmante até poder deixar de tomar o remédio de vez.

- Tente praticar ioga ou meditação.

- Mantenha o quarto sem iluminação e barulhos.

- Evite bebida alcoólica.

- Não leve computador, celular ou outros aparelhos tecnológicos e com luz para a cama.

- Nada de TV no quarto. Prefira ler algo gostoso antes de dormir.

- Escolha uma atividade da qual goste e faça exercícios físicos regularmente.

- Procure um médico para investigar se você não tem apneia do sono. Pode ser a causa das noites maldormidas.

- No jantar, coma algo mais leve. Deixe de lado pratos gordurosos.




(texto publicado na revista AnaMaria nº 932 - 22 de agosto de 2014)









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