Ator, que completa 50 anos de profissão em junho, revive os últimos dias do ex-presidente no cinema
Prestes a completar 50 anos de profissão, celebrados em junho, o ator Tony Ramos revela que a atuação em "Getúlio", em que interpreta o controverso ex-presidente do Brasil, morto em 1954, é o segundo marco divisor em sua carreira. "Há alguns marcos divisórios na carreira de um ator. Na TV, foi assim como "Grande Sertão; Veredas" (Rede Globo), minissérie da obra de Guimarães Rosa, que fiz há 25 anos. Sou muito seletivo no cinema, não chato, mas o roteiro t em que me inquietar para que eu sinta que o expectador também vai. isso aconteceu com esse filme. Acho "Getúlio" o segundo marco divisório da minha carreira, que é bem-vindo para mim, e num ano iconográfico: daqui a dois meses completo 50 anos de profissão", afirma.
O filme, dirigido por João Jardim estreia no dia 1º de maio por conta dos discursos do ex-presidente aos trabalhadores, que aconteciam nesse dia.
O enredo do filme se inicia a partir do momento em que Getúlio é acusado de mandar matar o maior inimigo político do seu governo, o jornalista Carlos Lacerda (Alexandre Borges). O atentado provoca a morte de um major da aeronáutica. Ao lado da filha, Alzira Vargas (Drica Moraes), seu braço direito na presidência, Getúlio tenta se manter no poder e provar sua inocência. Diante das ameaças dos militares que pedem a deposição imediata do presidente, Getúlio comete um ato extremo, o suicídio.
O ator falou sobre a primeira vez que ouviu falar do ex-presidente. "No dia em que Getúlio morreu, minha vó, mãe de minha mãe, preparava a massa do bolo do meu aniversário, que era no dia seguinte, 25 de agosto. Lembro-me de vovó dizer: 'minha nossa senhora, morreu Dr. Getúlio'. E começou a chorar", relembra.
Mas ele disse que encarnar o personagem não mudou a visão que tem do ex-presidente. "As visões, até contraditórias, que todos nós podemos ter de um dirigente político, ou as decepções, tudo isso não muda nada no ator. A consciência do ditador que ele foi, das alianças ruins que ele fez, também eu sei. Para o ator quanto mais contraditório o personagem, melhor", ressalta.
Tony diz que o roteiro, que conta os últimos 19 dias do ex-presidente, merece atenção. "Eu sou um otimista com relação ao meu país. A gente torce para que o povo se sensibilize um pouco. Se for possível com o filme tocar os jovens sobre o aspecto da reflexão política, terá sido uma grande conquista".
(texto publicado no jornal Giro S/A nº 261 - ano VI - 17 de abril de 2014)
Trailer do filme "Getúlio"
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