Mais de mil toneladas de concreto (3,8 toneladas na cabeça, 8 em cada mão), algumas disputas e um milagre formam o Cristo Redentor, nossa maravilha carioca
Outra obra
O padre francês Pierre Boss foi o primeiro a vislumbrar, no século 19, um monumento a Cristo no Corcovado (ainda chamado de Pináculo da Tentação). Mas só em 1921, como comemoração dos 100 anos de independência, foi aberto um concurso para escolher um projeto. Segundo o desenho original, Jesus seguraria um globo terrestre e uma cruz nas mãos.
A religião
A cessão do terreno do Corcovado para o Cristo irritou a Igreja Batista. Mas o presidente Epitácio Pessoa autorizou a obra usando um argumento curioso: a Igreja Católica levou porque pediu primeiro. Pessoa não foi o único a se render à causa: o mestre de obras Heitor Levy era judeu quando começou o trabalho. Ao final da obra, se converteu ao cristianismo.
Melhor que a liberdade
O Cristo levou 5 anos para ser erguido, metade do tempo da Estátua da Liberdade. Também foi mais barato: custou 2 500 contos de réis (R$ 9,5 milhões) enquanto a Estátua de Liberdade custou 60 mil. E, embora seja um projeto perigoso - a 710 metros do chão - não houve acidentes graves entre os mil trabalhadores. Um milagre do Cristo.
Recadinhos
A coroa de espinhos na cabeça é, na verdade, um para-raios: o Cristo já perdeu sobrancelha, lábio inferior e um dedo para os raios. A estátua tem dois corações: um externo e um interno, onde está o nome da família de Levy. Há nome também atrás dos pedaços de pedra-sabão que a forram. São amigos e familiares das mulheres que fizeram o revestimento.
Nos tribunais
Não brinque com o Cristo: quando, em 2009, cartazes do filme 2012 mostraram a estátua sendo destruída, a Arquidiocese do Rio não ficou feliz. Notificou judicialmente a Columbia Pictures, que se retratou e tirou a montagem. É nos tribunais também que corre outro processo: até hoje, os herdeiros de Heitor Costa, o arquiteto, e de Paul Landowski, o escultor, brigam para saber quem é o "pai" do Cristo.
(texto publicado na revista Super Interessante edição 300 - janeiro de 2012)
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