quarta-feira, 18 de maio de 2016

Laços de família - Katia Cardoso


Veterinário descreve a relação entre as pessoas e seus animais de estimação, mostrando como um afeta a vida do outro até nas doenças!

A fidelidade que os animais dispensam a seus tutores humanos é indescritível, pois resgatam a pessoas das regiões mais sombrias de seus problemas e angústias, motivando a vida a seguir seu curso novamente.

Mas por que eles fazem isso? De que forma? Os animais, por suas atitudes simples, objetivas e espontâneas, atuam com grande poder nas nossas fraquezas e inseguranças, renovando nossas energias e melhorando, dessa forma, nossa autoestima e autoimagem.

E que poder é esse?

É o poder do sentimento (amor). Quando os animais gostam dos seus tutores, agem para que a relação seja perfeita - ao contrário das relações humanas, em que nem sempre existe um sentimento verdadeiro de amor e respeito. Os animais nos aceitam exatamente como somos e não nos pedem mudanças de comportamento ou de atitudes.

Os animais nos pedem apenas abrigo, água e comida, e, ainda assim, caso seu tutor não tenha água, comida nem abrigo, não haverá problema, pois a atenção e o carinho já lhe são suficientes. Os animais não têm interesse em nossa conta bancária, herança, propriedades, bens, títulos e honrarias. Para eles, nada disso importa ou tem valor.

É o caso, por exemplo, dos moradores de rua, que quase sempre estão acompanhados por seus amigos caninos. Além de esses animais se identificarem com seus tutores (moradores de rua), existe uma relação de simbiose, ou seja, interesses mútuos pelos quais um se beneficia por ficar ao lado do outro e vice-versa. Os moradores de rua sentem-se mais seguros na medida em que estão acompanhados de cães que os protegem, especialmente durante o sono, ocasião em que eles são muito atacados e furtados nos seus ínfimos pertences. Os cães também se beneficiam de restos alimentares, de um pouco de abrigo e da proteção e carinho que eventualmente lhe são proporcionados. Esses animais vivem uma condição de sinceridade afetiva irrestrita. Algumas pessoas consideram que somos seres mais evoluídos, no entanto, nessa questão de sentimentos, de fato os animais podem nos ensinar muito.

Depois de dizermos tudo isso, surge a velha discussão sobre o animal racional e o irracional! Racional significa conhecer a razão. Agir com racionalidade significa agir de forma pensada e estudada. O irracional é todo aquele que não sabe o que é razão e é dirigido somente por seus instintos. De fato, considerando essas definições, os animais, por serem puro instinto, são irracionais (não há aqui conotação negativa).

A relação entre o ser humano e os animais de estimação

A relação com o ser humano tornou-se tão complexa que, ao entrar para uma família, o animal é capaz de provocar alterações no comportamento de todos os seus membros. Ele passa a compartilhar hábitos humanos, adquirindo muitas vezes o status de pessoa.

Com todos os avanços da medicina, pesquisas mostram que o convívio com os animais é considerado um dos melhores recursos terapêuticos. Os animais domésticos passaram a ser considerados importantes na sociedade por oferecer apoio emocional.

Para as pessoas, principalmente para quem vive em grandes centros urbanos, o animal representa contato com a natureza. A simples presença de um animal de estimação pode ser relaxante, ajudar a diminuir a pressão sanguínea e o estresse.

Diante de um tema tão amplo, há uma ciência que estuda essa interação tão impressionante entre o humano e os animais: a antrozoologia.

A antrozoologia fornece indicações e ensinamentos sobre a melhor forma de conviver e lidar com um animal, cuidando dele e desfrutando de sua companhia.

De fato, os animais são como um mata-borrão ou uma esponja que absorve as energias do ambiente ou dos seus tutores e somatizam em seu corpo toda a sorte de influências 'negativas'.

A cumplicidade dos animais com seus tutores é imensa. O animal é capaz de solidarizar-se com seu tutor quando ele está doente ou precisa de algum cuidado especial, como no caso de deficientes visuais, por exemplo.

É possível que, em  determinados momentos de relação do ser humano com o animal, os campos mórficos de ambos interajam com as tendências às doenças e produzam quadros sintomatológicos parecidos, tanto físicos quanto psíquicos. Isso significa que tutor e animal podem manifestar os mesmos sintomas para determinada doença.

Dessa forma, o tratamento exclusivo do animal torna-se ineficaz na maioria das vezes, pois apenas nos quadros agudos e situações muito pontuais é que o tratamento traria resultados. No entanto, o desafio dos médicos veterinários na atualidade está em trabalhar com doenças crônicas (incuráveis), pois são as mais complexas e as que estão de fato relacionadas com os seus tutores.

Outra forma  de adoecer

Entre as principais situações que mais podem fazer com que os animais de estimação adoeçam, podemos destacar uma viagem do tutor, a gestação de sua tutora, a chegada de uma visita ou de um novo animal no ambiente, reformas e situações conflituosas entre os familiares, como, por exemplo, brigas, discussões, conflitos e separações.

Obviamente nem todos os animais irão adoecer por conta desses acontecimentos.


(texto publicado na revista AnaMaria nº 1009 - 12 de fevereiro de 2016)

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