domingo, 22 de maio de 2016

Por que artistas vendem mais depois de morrer? - Lais Montagnana


É um efeito psicológico, que nos faz querer ficar próximos do ídolo. Mas tem também uma forcinha da imprensa.

No fatídico 23 de julho, quando a morte de Amy Winehouse foi anunciada, a venda de CDs da cantora inglesa cresceu 37 vezes. Há dois anos, quando o mundo parou para acompanhar o funeral de Michael Jackson, foi a mesma coisa. Ele vendeu 4 milhões de álbuns em um mês. E o sucesso não é efêmero na morte. Em 2010, Elvis Presley, morto há 34 anos, liderou a lista da revista americana Forbes de celebridades que mais lucraram após o falecimento. Amy, Michael, Elvis e tantos outros que morreram repentinamente eram famosos em vida. Mas o que motivou o aumento de fãs póstumos? "É uma forma de manter vivo o ídolo", diz Simone Domingues, psicóloga da Unicsul, em São Paulo. Além disso, o sentimento da perda contagia os que nem eram fãs e as repetitivas notícias sobre a celebridade aumentam o efeito, causando envolvimento geral. "A imprensa apimenta a curiosidade do ser humano", afirma Cristiane Decat, doutoranda em psicologia da saúde pela UnB. E a fortuna do ídolo segue crescendo. Michael Jackson, por exemplo, já rendeu mais de R$ 424 milhões desde que morreu. Amy segue o mesmo caminho. Ela vendeu 13 milhões de álbuns em 8 anos de carreira. E 1 milhão nas primeiras 2 semanas desde sua morte.

E morrer de abstinência alcoólica é possível?

Com o resultado inconclusivo da autópsia de Amy, a família atribuiu a morte da cantora à abstinência alcoólica. Ela teria parado de beber abruptamente e morrido. Mas isso é possível? Não, segundo Ricardo Fittipaldi, da Federação Brasileira de Gastroenterologia. Ele explica que abstinência de álcool, pode causar a psicose delirium tremens. A pessoa teria alucinações que levariam ao suicídio, como, por exemplo, achar que voa e se jogar da janela. Mas, para ele, a hipótese de abstinência não convence. Ela teria enfartado após uma superdosagem de drogas. Alcoolismo é combatido com medicamentos em clínicas, porém Amy disse "não, não, não" à rehab e abriu mão do tratamento.



(texto publicado na revista Super Interessante edição 295 - setembro de 2011)

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