quarta-feira, 31 de agosto de 2016
Paulistana Nota Dez: Maria Eulina Reis Hilsenbeck - Ana Carolina Soares
Nome: Maria Eulina Reis Hilsenbeck
Profissão: empresária
Atitude transformadora: criou uma oficina de costura em um prédio anexo ao Castelinho da Rua Apa
Natural da pequena São José dos Basílios, no interior do Maranhão, Maria Eulina Reis Hilsenbeck deixou o sertão nordestino em 1971 para "tentar a sorte na cidade grande" - no caso, São Paulo. Sem emprego, teve de morar na rua e, por várias noites, dormiu no abandonado Castelinho da Rua Apa - a decrépita construção nos Campos Elíseos tem fama de mal-assombrada desde os anos 30, quando um triplo homicídio dizimou a família que morava ali. Após dois anos na miséria, Maria arrumou trabalho em uma fábrica de laticínios e, algum tempo depois, casou-se com um executivo da empresa.
A virada em sua trajetória, porém, não a fez esquecer de seu antigo abrigo. Em 1993, Maria criou a ONG Clube de Mães do Brasil, que oferece uma oficina profissionalizante de costura e distribui refeições à população sem-teto do centro. Logo no início das atividades, pediu autorização ao governo federal, então responsável pelo imóvel, para usá-lo como sede. "É meu dever ajudar outras pessoas a recuperar a dignidade e reverter a má fama do Castelinho", afirma. A concessão veio em 1996, das mãos do presidente Fernando Henrique Cardoso.
Até hoje, no entanto, não foi possível utilizar o local. As quase oito décadas sem manutenção levaram a construção a um estágio avançado de deterioração. Com a ajuda de voluntários e até de moradores de rua. Maria ergueu um prédio anexo ao endereço, com uma sala de costura no andar de cima e uma loja no térreo. Sua batalha para ocupar de vez o lugar pode terminar nos próximos meses com um final feliz. A associação deve receber neste ano uma verba de 2,7 milhões de reais da Secretaria de Justiça do Estado de São Paulo para reformar a estrutura do lugar. Aí, quem sabe o movimento que auxilia hoje 300 pessoas afaste definitivamente os fantasmas do edifício. "A verdadeira monstruosidade é um espaço grande em uma região crucial ficar abandonado por tantos anos", entende Maria.
(texto publicado na revista Veja São Paulo de 24 de junho de 2015)
Memória: A luta de um nikkei - Mauricio Xavier
O livro narra a saga de "japonês paulistano" que combateu na II Guerra Mundial
O relacionamento improvável entre um japonês que lutou na Força Expedicionária Brasileira (FEB) e uma jovem carioca deu origem a Amor entre Guerras (Editora Planeta, 320 páginas, 34,90 reais), romance baseado em episódios reais. O livro da jornalista Marianne Nishihata narra a história de Alberto Tomiyo Yamada e Ilma Faria. Os dois se conheceram na estação de trem de Mogi das Cruzes, no interior de São Paulo, em dezembro de 1940. Depois de três anos de namoro, Yamada - nascido em Tóquio, mas registrado como cidadão paulistano - foi convocado para lutar pelo Brasil na II Guerra Mundial. Entre os 25 000 pracinhas que embarcaram para a Itália, havia duas dezenas de nikkeis (japoneses ou descendentes que vivem fora do país de origem). "Esses rapazes lutaram do lado contrário ao do país de seus pais e avós, divididos entre a farda e as origens", diz Marianne. A ficção surge em alguns capítulos do romance, a exemplo do pedido de noivado no Parque da Luz. Mas a autora mantém os fatos históricos, como a coragem (e também o despreparo) da tropa brasileira durante as batalhas, o medo do nipo-brasileiro de ser confundido com um inimigo e a paixão que venceu o preconceito e a rivalidade.
(texto publicado na revista Veja São Paulo)
Paulistano Nota Dez: Ricardo Stiepcich - Gabriel Bentley
Nome: Ricardo Stiepcich
Profissão: empresário
Atitude transformadora: criou uma escola para oferecer cursos profissionalizantes gratuitos a pintores
Em 2011, Ricardo Stiepcich comemorava trinta anos no comando da empresa de tintas da família, a Futura, em Guarulhos, quando sentiu vontade de colaborar na melhora da formação de seus principais clientes. "Percebi que a maioria dos pintores era pouco especializada e, apesar de demonstrar vontade de aprender, não tinha recursos para investir nisso", lembra. Sua primeira iniciativa foi criar uma espécie de "agência" para indicar profissionais a construtoras da capital. Três anos depois, levou a história mais adiante, e fundou a Universidade Futura do Pintor, instalada em um prédio de 2 000 metros quadrados na Rua Paraupava, no Belenzinho, na Zona Leste. Ali, são ministrados cursos gratuitos divididos em duas áreas: Escola, voltada para iniciantes no ofício: a Academia, dirigida a profissionais já inseridos no setor. Em pouco mais de um ano, a instituição formou 238 alunos. O custo mensal de manutenção, estimado em 120 000 reais, é bancado pela companhia de Stiepcich.
Os programas duram em torno de um mês, com aulas de técnicas como o uso de gel envelhecedor, a percepção das cores e o estudo de superfícies, entre outras. Uma vila fictícia, com cinco casas, serve de campo de testes para a aplicação prática do ensino teórico. Há ainda conteúdos relacionados à gestão de negócios. As sessões são ministradas por colaboradores voluntários. Para ser aceito, o interessado - que recebe os materiais de graça - precisa passar por uma entrevista. Na conclusão do curso, a turma realiza um mutirão solidário em uma instituição de caridade. Entre as que já foram agraciadas com a ação estão a Comunidade Terapêutica Filhos da Luz, em Carapicuíba; o Asilo São Vicente de Paulo, em Guarulhos; e a Creche Menino Deus, na Freguesia do Ó, na Zona Norte. Os "formados" comemoram a mudança no status profissional. "Minha demanda de trabalho dobrou, não tenho mais horário disponível até novembro", afirma Altamir Martiniano, pintor há vinte anos, que passou pela reciclagem em dezembro último. "Eles são verdadeiros artistas, só precisam de uma lapidação", afirma Stiepcich.
(texto publicado na revista Veja São Paulo de 4 de maio de 2016)
terça-feira, 30 de agosto de 2016
segunda-feira, 29 de agosto de 2016
Então é por isso que eu coloco o pé pra fora da coberta de noite! Eu não fazia ideia de que este era o motivo. (O Sagaz)
Na próxima vez que você se deitar para dormir, preste atenção nos seus pés. Durante a noite, você costuma colocar os pés para fora da coberta? Provavelmente sim, porque este é o melhor método do mundo para dormir bem.
Mas por que?
Cientistas descobriram que insônia e temperatura corporal estão relacionadas. Quando estamos cansados, a nossa temperatura corporal cai drasticamente. Isso sinaliza para nosso corpo que está na hora de dormir.
Mas onde os seus pés entram na história? O segredo está na sola. Esta parte do seu pé tem duas características muito importantes: primeiro, ela não tem pelos e, segundo, ela possui uma rede especial de veias que ajudam a regular a temperatura. Esta rede - conhecida como anastomoses arteriovenosas - ajuda a regular a irrigação de sangue na sua pele, fazendo com que ela esquente ou esfrie. Portanto, quando uma brisa fresca chega na sola do seu pé durante a noite, ela contribui para esfriar o sangue neste local. Em seguida, este sangue mais frio correrá através do seu corpo, diminuindo a temperatura corporal e enviando para seu cérebro um "sinal" para dormir.
Em contraste, uma temperatura corporal elevada nos deixa alertas e melhora nossa memória, o que era um importante mecanismo de sobrevivência no passado. Quando você está "aquecido", seu desempenho é melhor em várias atividades, mas dormir não é uma delas.
É por isso que, muitas vezes, as pessoas inconscientemente colocam um pé para fora da coberta durante a noite. Portanto, na próxima vez que você não conseguir pegar no sono, verifique onde estão os seus pés. Pode ser que eles estejam precisando de um pouco de ar fresco. O corpo humano é mesmo perfeito, não é?
A minha homenagem a Gene Wilder
O primeiro filme e do qual mais gostei até hoje com o ator Gene Wilder se chama "Jovem Frankenstein" (1974), uma comédia que foi filmada em cores, mas depois passada para o branco e preto como se fosse um filme antigo. Gostei também dos filmes "A fantástica fábrica de chocolate" onde ele interpretou o protagonista, Willy Wonka, e "O Expresso de Chicago".
O doutor e a criatura cantando "Putting on the Ritz"
Gene Wilder como Willy Wonka
O expresso de Chicago
Paulistano Nota Dez: Alessandro Marconi - Alessandra Freitas
Nome: Alessandro Marconi
Profissão: orquidófilo
Realidade que transformou: criou um projeto para plantar 1 000 orquídeas ao redor das marginais Pinheiros e Tietê
Há dez anos, o orquidófilo Alessandro Marconi deixou o curso de engenharia mecatrônica na Unip para dedicar-se a uma paixão. Encantando por orquídeas, aceitou um trabalho como técnico no Orquidário Morumby, onde se dispôs a cuidar das flores e a estudá-las por um ano. "Li muito e percebi que várias plantas cultivadas por especialistas os colecionadores não existiam mais em abundância na cidade", conta Marconi. A descoberta fez com que ele e a namorada, a produtora Carolina Sciotti, resolvessem abrir a ONG Mil Orquídeas Marginais, que tem o objetivo de replantar a espécie ao redor das marginais Pinheiros e Tietê. O local já foi território de variedades nativas desse gênero, extintas devido ao tempo e à poluição. O projeto, criado em setembro de 2014, visa a inserir no espaço 1 000 mudas na Cattleya Ioddigesii, uma variação cor-de-rosa da flor. "Até agora, já colocamos 700 orquídeas nas matas ao redor do rio", afirma Carolina. De acordo com o casal, a meta deve ser alcançada em abril do ano que vem.
Para dar visibilidade à ação, eles montaram uma página no Facebook, que contabiliza quase 10 000 curtidas. Por lá, combinam dias específicos para que voluntários interessados possam ajudar com as mudas. "Já chegaram a aparecer vinte pessoas em um só dia", relata Marconi. Em uma viagem até a marginal, eles conseguem plantar cerca de cinquenta orquídeas de uma vez. Quem não pode comparecer tem a opção de contribuir financeiramente com a ONG. Basta acessar o site milorquideasmarginal.iluria.com e comprar uma unidade, ao custo de 35 reais. "Cada flor vendida é amarrada a uma árvore do canteiro, onde também colocamos uma placa com o nome do doador como forma de agradecimento", explica. Segundo Carolina, um dos objetivos do projeto é embelezar o Pinheiros e recuperar um pouco da vegetação que existia por ali. "Queremos que as pessoas vejam aquilo como um rio, e não como um esgoto entre duas pistas de trânsito", completa o orquidófilo. O próximo passo é expandir a empreitada. "Pretendemos ir para áreas verdes e praças da capital. Um dos primeiros locais da fila é o Parque Burle Marx", afirma Carolina.
(texto publicado na revista Veja São Paulo de 2 de março de 2016)
sábado, 27 de agosto de 2016
Diga-me como você se exibe e eu lhe direi qual é o seu vazio - Carolina Vila Nova (Conti Outra)
Quais são as formas que expressamos nossos vazios? Existe um motivo para o exibicionismo físico? Ou para a exibição daquilo que se tem em bens materiais? A exibição exagerada de dotes intelectuais? De sociabilidade? De excesso de simpatia? Ou ainda de “sex appeal”?
Tudo na vida segue em busca de equilíbrio. E assim, para se analisar uma pessoa ou situação, basta perceber se há equilíbrio em todas as partes que compõe este alguém ou momento.
O simples fato de uma pessoa precisar se exibir já demonstra falta de equilíbrio. Quando alguém está inteiro e balanceado, não possui necessidade de se aparecer. O mesmo acontece como consequência e de forma natural, na intensidade que tem de ser.
Chegamos todos nesta vida sem manual de instrução sobre como seguir em frente. Passamos esta trajetória em busca de nós mesmos e de respostas que permeiam nossa consciência do início ao fim. Entre um momento e outro, extravasamos nossas dúvidas e faltas de respostas de inúmeras formas. Muitas que doem e nos marcam profundamente.
É na infância que construímos os nossos valores, crenças e princípios. E toda falta de amor, compreensão e qualquer dificuldade que se tenha tido nesta fase, irá se manifestar mais tarde, quando jovens ou adultos. Muitas vezes passa-se a vida na busca pela compensação de um fato do passado, sem sucesso ou sem qualquer consciência disso.
A busca desenfreada pelo amor de alguém, por exemplo, que acaba refletindo em diversos relacionamentos, um atrás do outro, ou em vários ao mesmo tempo, deixa clara a falta de afeto na infância. Uma mágoa em relação ao pai ou à mãe, ainda que inconsciente, faz com que o ser humano se sinta tão profundamente só, que o mesmo se perde na busca pela compensação de amor num parceiro ou parceira. Como nada, nem ninguém substitui este amor, a busca torna-se infinita e mal sucedida.
Todo excesso de nós mesmos ou de algumas de nossas características vem demonstrar uma falta de equilíbrio. Assim como a necessidade de exibição dessas características.
A exibição e ostentação de dinheiro mostra uma ausência de valores amorosos. Assim como a exibição e humilhação através da posse de dotes intelectuais, mostra a necessidade de subjugar o outro, compensando uma provável subjugação do passado. O excesso de sociabilidade, escancarando a necessidade de ser aceito, quando de forma inconsciente não há a aceitação por parte de si mesmo. E daí por diante.
Toda falta gera em nós um vazio, que em nós permanece de forma inconsciente, e na maioria das vezes por muito tempo. Anos a fio. É pelo despertar de consciência, pelo auto-conhecimento, o se olhar para dentro, que nos permite finalmente preencher esses “buracos” de forma adequada.
Não mudamos a história de nosso passado, mas somos capazes de mudar o que sentimos ao lembrar de nossas histórias. Transformamos nossas mágoas e dores em compreensão e aceitação. A partir daí, toda e qualquer necessidade de se sobressair desparece.
Uma vez donos de nós mesmos, não importa o que o mundo pensa ou o que o mundo fala. Só importa a paz finalmente encontrada no melhor lugar possível: em si mesmo.
10 conselhos que recebemos antes de vir para esse planeta (O Segredo)
1. Você receberá um corpo. Poderá amá-lo ou odiá-lo, mas ele será seu todo o tempo.
2. Você aprenderá lições. Você está matriculado numa escola informal de tempo integral chamada Vida. A cada dia, terá oportunidade de aprender lições. Você poderá amá-las ou considerá-las idiotas e irrelevantes.
3. Não há erros, apenas lições. O crescimento é um processo de ensaio e erro, de experimentação. Os experimentos ‘mal sucedidos’ são parte do processo, assim como experimentos que, em última análise, funcionam.
4. Cada lição é repetida até ser aprendida. Ela será apresentada a você sob várias formas. Quando você a tiver aprendido, passará para a próxima.
5. Aprender lições é uma tarefa sem fim. Não há nenhuma parte da vida que não contenha lições. Se você está vivo, há lições a serem aprendidas e ensinadas.
6. ‘Lá’ só será melhor que ‘aqui’ quando o seu ‘lá’ se tornar um ‘aqui’. Você simplesmente terá um outro ‘lá’ que novamente parecerá melhor que ‘aqui’.
7. Os outros são apenas espelhos de você. Você não pode amar ou odiar alguma coisa em outra pessoa, a menos que ela reflita algo que você ame ou deteste em você mesmo.
8. O que você faz da sua vida é problema seu. Você tem todas as ferramentas e recursos de que precisa. O que você faz com eles não é da conta de ninguém. A escolha é sua.
9. As respostas para as questões da vida estão dentro de você. Você só precisa olhar, ouvir e confiar.
10. Você se esquecerá de tudo isso.. e ainda assim, você se lembrará.
Confira alguns fatos curiosos que contam a história das Olimpíadas
É sempre bom conhecer um pouco da história do evento esportivo que mobiliza os quatro cantos do planeta
De quatro em quatro anos, atletas de diversos países se reúnem num país sede para disputarem um conjunto específico de modalidades esportivas. A própria bandeira olímpica representa essa união de povos e raças, pois é formada por cinco anéis entrelaçados, representando os cinco continentes e suas cores. Os Jogos Olímpicos da Era Moderna tiveram início em 1896, e seu palco foi em Atenas no Estádio Panathenaic, onde a base do estádio era composta por uma estrutura de mármore feita no século IV a.C.
De lá para cá uma série de fatos curiosos ocorreram na História das Olimpíadas, confira alguns selecionados abaixo:
- Los Angeles (EUA) foi a cidade que mais vezes se candidatou para ser sede dos Jogos Olímpicos. Foram nove candidaturas, sendo escolhida por duas vezes.
- O sueco Oscar Swahn foi o atleta mais velho a conquistar uma medalha em Jogos Olímpicos. Com 72 anos, ele ganhou medalha de prata na competição de tiro durante as Olimpíadas de Antuérpia (Bélgica) em 1920.
- A nadadora Maria Emma Hulga Lenk Zigler, mais conhecida como Maria Lenk, foi a primeira brasileira a participar dos Jogos Olímpicos. O fato histórico ocorreu nas Olimpíadas de Los Angeles, em 1932.
- Foi somente nos Jogos Olímpicos de 1932, Los Angeles, que os atletas vencedores começaram a ouvir o hino do seu país e a ver o hasteamento da sua bandeira, no momento da entrega das medalhas no pódio.
- Abebe Bikila foi o primeiro africano a conquistar uma medalha de ouro, isto em 1960 em Roma. E a maneira como ele a conquistou foi simplesmente incrível, pois venceu a maratona correndo descalço.
(texto publicado no jornal Week edição 2921 - ano VIII - agosto de 2016)
Psicólogos explicam por que pessoas muito inteligentes têm poucos amigos (Conti Outra)
É óbvio que ter amigos é algo necessário, e que a interação com outras pessoas tem muitas vantagens. Alguns cientistas resolveram responder à pergunta: é realmente preciso ter amigos para ser feliz e estar plenamente satisfeito com a vida? Para isso, foi realizada uma pesquisa, da qual participaram 15 mil pessoas com idades entre 18 e 28 anos, moradores de áreas com densidades populacionais distintas e acostumadas a se comunicar frequentemente com os amigos.
Três conclusões principais da pesquisa
Os psicólogos evolutivos Satoshi Kanazawa, da Escola de Economia e Ciência Política de Londres, e Norman Lee, da Universidade de Gerenciamento de Singapura (SMU), após a análise dos resultados do estudo chegaram às seguintes conclusões:
Em primeiro lugar, as pessoas que moram em locais de alta densidade populacional, de forma geral, se sentem menos felizes.
Em segundo lugar, para se sentir feliz, a maior parte das pessoas precisa se reunir frequentemente com seus amigos ou com pessoas que pensam de forma similar. Quanto mais comunicação próxima, maior é o nível de felicidade.
Em terceiro lugar, as pessoas com inteligência superior à média da população representam uma exceção a esta regra.
Quanto mais alto é o QI, menor é a necessidade do ser humano de se relacionar constantemente com amigos.
Geralmente, intelectuais não consideram muito atraente a vida com muita atividade social. Eles não se interessam em ser a «alma da festa».
Pessoas muito inteligentes costumam ter um círculo social reduzido
O cérebro de uma pessoa com habilidades intelectuais elevadas funciona de forma diferente. E a sociabilidade está incluída nestas diferenças.
Sim, ser inteligente pode não ser algo simples. Dentro de cada intelectual existe seu próprio universo particular.
Para as pessoas com inteligência superior à maioria, a vida social é mais um supérfluo do que algo primordial. A maioria dos grandes gênios foram e costumam ser solitários. Na verdade, são poucas as pessoas que os entendem e os aceitam. Mas isso não é problema para eles. Pelo contrário, quanto mais precisam socializar, menos felizes eles se sentem.
Pessoas inteligentes gostam mais de tratar dos assuntos importantes para elas do que de socializar
A pesquisadora Carol Graham, da Brookings Institution, especialista na «economia da felicidade», acredita que as pessoas inteligentes usam a maior parte do tempo tentando atingir metas a longo prazo. Os intelectuais se sentem satisfeitos quando fazem aquilo que os leva a conquistar determinados resultados.
O pesquisador que trabalha na busca de vacinas contra o câncer ou o escritor que está criando um romance formidável não precisam interagir com outras pessoas. Até porque isso poderia distrai-los de sua meta principal, ou seja, influenciaria de forma negativa na sua felicidade e desequilibraria sua harmonia interna.
As razões estão no passado distante
Você já ouviu falar na teoria da savana? Segundo ela, há algo dos nossos ancestrais que carregamos não só nos genes, mas também em nossa memória subconsciente. O estilo de vida dos nossos antepassados, com que a história humana teve início, influencia até hoje em nossa vida e em nossa noção de felicidade.
Nos sentimos felizes exatamente nas mesmas situações e circunstâncias nas quais as pessoas que viveram há milhares de anos também se sentiam felizes.
Para sermos exatos, o círculo social dos antepassados se resumia aos 150 membros que seu grupo tinha, em média. Eles viviam em lugares isolados, com densidade populacional menor que uma pessoa por quilômetro quadrado. Precisavam estar sempre juntos para sobreviver num ambiente hostil.
Mas hoje vivemos na Era das tecnologias, com muita gente ao nosso redor. Porém, a maior parte das pessoas continua mostrando traços de comportamento dos nossos antepassados, que permaneceram em nossa memória genética. Parece até que nosso corpo vive numa realidade, e o cérebro, em outra. O corpo pode estar numa metrópole com milhares de habitantes, enquanto o cérebro permanece na savana praticamente deserta.
Isso serve para a maioria das pessoas. Mas não para todas.
Grande inteligência permite a adaptação às novas condições
Os intelectuais, diferentemente das pessoas com habilidades mentais medianas, conseguiram, em alguma etapa da evolução humana, superar a memória do passado, já que ela não se encaixa nos dias atuais.
Tais pessoas podem se adaptar com mais facilidade. Parece até que a natureza deu a eles a tarefa de resolver novos problemas evolutivos. Por isso, quem é inteligente pode viver facilmente de acordo com suas próprias leis, sem se apegar muito às nossas origens.
Uma inteligência alta permite que pessoa não fique pendente dos outros, e sim mantenha o foco em suas metas individuais. Pessoas inteligentes estão em harmonia com elas mesmas, e só de vez em quando precisam interagir mais intimamente com os demais.
Paulistana Nota Dez: Ivani Nacked - Jussara Soares
Nome: Ivani Nacked
Profissão: empresária
Atitude transformadora: implantou bibliotecas comunitárias que reúnem um acervo de 20 000 livros na capital
Um livro pode mudar uma vida. A certeza da empresária Ivani Nacked é fruto de experiência própria. Nascida na Penha, na Zona Leste, ela acabou fisgada pela leitura aos 10 anos de idade, com o clássico Meu Pé de Laranja Lima, de José Mauro de Vasconcelos. A então menina emocionou-se com a história de Zezé, o travesso garoto de família pobre que fez de uma árvore sua grande companheira. "Foi a primeira obra que me ajudou a entender o mundo", relembra. Essa experiência marcante serviria de inspiração, anos depois, para a criação do Instituto Brasil Leitor, fundado em 2000 com a ajuda do marido, o economista William Nacked. O objetivo é, com o apoio de empresas, implantar bibliotecas comunitárias pelo país. Em quinze anos de atuação, a entidade inaugurou 144 espaços do tipo, sendo vinte na capital (há doze em atividade no momento por aqui, com um acervo conjunto de 20 000 livros). Alguns deles estão localizados em escolas públicas municipais e em lugares como o Poupatempo Santo Amaro e a Academia do Barro Branco, em Santana.
O mais recente, com 920 obras, surgiu em maio, numa unidade da Fundação Casa, na Vila Guilherme. A maioria dos 108 menores abrigados tem entre 16 e 18 anos e 40% estavam fora da escola no momento da internação. "Muitos nunca haviam segurado um livro e, aos poucos, descobrem esse prazer", diz o coordenador pedagógico do local. Rivaldo dos Santos. Por ali, a saga Harry Potter da britânica J. K. Rowling, e A Rosa do Povo, compilação de poesias do mineiro Carlos Drummond de Andrade, encontram-se entre os títulos preferidos. "Nossa missão é colocar a literatura no caminho das pessoas, onde quer que elas estejam", afirma Ivani. Outro projeto já implementado foi o Embarque na Leitura, que começou em 2004 e disponibilizou publicações a passageiros em cinco estações do metrô e uma da CPTM. Por falta de patrocínio, no entanto, ele encerrou suas atividades em 2013. "Nesse tempo, ao menos contribuímos para estimular o hábito da leitura os vagões dos trens", consola-se Ivani.
(texto publicado na revista Veja São Paulo de 9 de setembro de 2015)
Paulistano Nota Dez: Luis Junqueira - Clara Novais
Nome: Luis Junqueira
Profissão: professor de português
Atitude transformadora: criou projeto para a publicação de livros de crianças e adolescentes em instituições públicas
Após ser diagnosticada com uma doença grave, o maior conforto da jovem Angelina era a companhia do seu labrador, Charlie, que a seguiu até os últimos dias do tratamento. A história de afeto entre os dois, fruto da imaginação de uma menina de 13 anos, e outras tramas ficcionais elaboradas por crianças e adolescentes estão virando livro pelas mãos do professor de língua portuguesa Luis Junqueira. O docente ajuda os iniciantes a desenvolver as narrativas, que, depois de revisadas e editadas, são impressas com pequena tiragem em gráficas da capital. Fazer com que os futuros autores ponham a mão na massa foi o jeito encontrado por Junqueira para estimular o interesse deles pela escrita e pela literatura. "Não ensino a todos da mesma maneira, mas, a partir do estilo e da dificuldade de cada um", relata o paulistano de 34 anos, morador do Jardim Bonfiglioli, na Zona Oeste.
O negócio surgiu quando Luis lecionava em colégios particulares. Batizado de Primeiro Livro, o projeto é aplicado há um ano em instituições públicas e já teve 300 aprendizes. Em São Paulo, a iniciativa envolveu duas unidades da Fundação Casa na Vila Maria, na Zona Norte, e a Escola Municipal de Ensino Fundamental Campos Salles, na comunidade de Heliópolis, na Zona Sul. "Alguns despejam as palavras inconscientemente no papel, sem reler nada", conta o professor. "Vou vendo nos buraquinhos que aparecem no texto os caminhos para ensinar."
Até agora, foram lançados 300 títulos, e cada autor recebeu 25 exemplares, realizando 7 500 volumes. Para isso, Luis obteve o apoio de 493 pessoas, que, juntas, doaram mais de 56 000 reais por meio de um site de financiamento coletivo. "Fizemos festas com sessões de autógrafos, todas muito emocionantes", afirma. Com as obras em mãos, alguns dos jovens presenteiam parentes ou tentam vendê-las. "Mas muitos optam por trocar seus trabalhos com os dos colegas", diz o professor.
O negócio surgiu quando Luis lecionava em colégios particulares. Batizado de Primeiro Livro, o projeto é aplicado há um ano em instituições públicas e já teve 300 aprendizes. Em São Paulo, a iniciativa envolveu duas unidades da Fundação Casa na Vila Maria, na Zona Norte, e a Escola Municipal de Ensino Fundamental Campos Salles, na comunidade de Heliópolis, na Zona Sul. "Alguns despejam as palavras inconscientemente no papel, sem reler nada", conta o professor. "Vou vendo nos buraquinhos que aparecem no texto os caminhos para ensinar."
Até agora, foram lançados 300 títulos, e cada autor recebeu 25 exemplares, realizando 7 500 volumes. Para isso, Luis obteve o apoio de 493 pessoas, que, juntas, doaram mais de 56 000 reais por meio de um site de financiamento coletivo. "Fizemos festas com sessões de autógrafos, todas muito emocionantes", afirma. Com as obras em mãos, alguns dos jovens presenteiam parentes ou tentam vendê-las. "Mas muitos optam por trocar seus trabalhos com os dos colegas", diz o professor.
(texto publicado na revista Veja São Paulo de 6 de abril de 2016)
quinta-feira, 25 de agosto de 2016
O senhor Claudia Raia - Dirceu Alves Jr.
O ator e coreógrafo Jarbas Homem de Mello emociona o público em Chaplin, o Musical e sai da sombra da famosa atriz, com quem vive há três anos
Desde o Carnaval de 2012, Jarbas Homem de Mello, de 45 anos, temeu ver uma carreira de dua décadas ofuscada pela sombra de um aposto, o de namorado da atriz Claudia Raia. Na época, ele contracenava com a estrela no musical Cabaret, e as cenas da intimidade dos camarins ganharam visibilidade nacional em uma troca mais afoita de carinhos no sambódromo carioca. "No dia seguinte, eu acordei e cheguei a pensar que tínhamos feito uma bobagem", lembra. O ator e coreógrafo era então conhecido no circuito dos palcos paulistanos, mas anônimo no mundo das celebridades. O relacionamento engatou e rendeu outra montagem de sucesso. Crazy for You, de 2013 a 2014. Hoje, o romance, definido pelos dois como casamento, não é novidade. O medo de entrar para a história na sombra da parceira famosa também se dissipou totalmente. Prova disso é a performance dele como protagonista do espetáculo Chaplin, o Musical. Em cartaz no Theatro Net, no Shopping Vila Olímpia, a versão brasileira da produção americana de Christopher Curtis e Thomas Meehan foi vista por 25 000 espectadores desde a estreia, em maio, e os ingressos para as próximas duas semanas estão esgotados.
O sonho de viver Chaplin nasceu há dois anos para o artista gaúcho, radicado na capital paulista desde 1994. Surgiu nos ensaios de Crazy for You, e a preparação tomou forma em setembro passado. Como ícone do cinema mudo, o inglês Charles Chaplin (1889-1977) se expressava pelo corpo, e por isso Jarbas reforçou seus conhecimentos de acrobacia e sapateado, além de tomar aulas de patinação, slackline e violino.A obsessão foi tanta que, para imitar o canhoto Chaplin, passou a escrever com a mão esquerda. Sua mulher famosa assina a produção do musical e levantou a verba de patrocínio. Mas nem os detratores mais ácidos ousam dizer que a razão do sucesso está no esforço de Claudia nos bastidores. Em duas horas e meia, o protagonista comove e faz rir ao representar o realizador do clássico O Grande Ditador dos 14 aos 82 anos sem recorrer a truques, como maquiagem pesada e explorando basicamente o gestual e a postura. Ainda oferece uma leitura psicológica do caráter dúbio do personagem. A cena final, em que Chaplin recebe o Oscar honorário em 1972, leva muita gente às lágrimas. "O que mais admiro na personalidade dele é a eterna superação pelo trabalho", afirma Jarbas. "Teve uma infância difícil, um pai que bebia, a mãe louca... Mesmo consagrado, a cada rasteira que levava vinha um filme melhor."
Jarbas nasceu em um bairro agrícola de Novo Hamburgo, um dos principais polos calçadistas do Rio Grande do Sul, como o recheio de uma família de três filhos. Hoje aposentados, o pai era caminhoneiro e entregador de leite e a mãe ajudava a segurar as pontas como cabeleireira. Na parede do quarto que dividia com os irmãos, duas imagens de Chaplin - uma do filme O Garoto e a outra uma foto do comediante com um cão - não lhe diziam quase nada. Só percebeu o artista quando assistiu ao longa Tempos Modernos na televisão aos 17 anos. "Ele era todo desencaixado, caminhava com as pernas abertas", recorda. O jovem já havia descoberto o teatro amador, era vocalista de uma banda de rock, dançava música folclórica e fazia curso técnico para modelista de fábrica de sapatos. "Era a única perspectiva concreta", lembra. Faturava extras como produtor de pequenas peças e shows em Porto Alegre. A mudança para São Paulo foi justificada por um teste para um seriado na TV Manchete que nunca entraria no ar, pois a emissora decretou falência e acabou extinta em 1999. Boa-pinta, ganhou a vida como garçom em restaurantes descolados e acumulou experiência em comédias que não impressionam a crítica mas têm público cativo, além de atuar em peças infantis nas quais explorava o talento de sapateador. A (pouca) sobra do mês era aplicada em cursos de flamenco, balé clássico e canto.
Com a expansão por aqui do mercado de musicais, Jarbas era um dos raros atores preparados para enfrentar os testes e marcou presença em sucessivas produções. Rent (1999), Les Misérables (2001) e O Fantasma da Ópera (2005) são algumas delas. Selecionado para o time de substitutos de Miss Saigon (2007), pulou fora e montou a comédia Querido Mundo, ao lado da atriz Maximiliana Reis. "Jarbas e eu estávamos um tanto frustrados e, com despretensão, conquistamos um sucesso de três anos e 150 000 espectadores pelo país", conta Maximiliana. Durante as audições para o musical Pernas pro Ar, em 2009, ele apertou a mão de Claudia Raia e lançou um "muito prazer". Os dois só se conheciam de vista. Meses depois, a estrela comentou que produziria Cabaret e ele, na cabeça dela era o único artista capaz de dançar, cantar e interpretar MC, o segundo personagem da história. "Você não brinca comigo, daqui a um ano vai se esquecer disso e ficarei frustrado", provocou. O reencontro se concretizou em 2011, e ele se mostrou à altura, sendo indicado aos prêmios Shell e Governador do Estado, além de monopolizar os elogios na pele do mestre de cerimônias de uma boate de Berlim da década de 30. O personagem foi imortalizado por Joel Grey no filme estrelado por Liza Minnelli em 1972. A confiança se transformou em admiração, Claudia estava separada do ator Edson Celulari, e tudo veio à tona no tal beijo no sambódromo. O assédio em torno do namoro tirou o sono do ator. De repente, o homem solteiro e discreto por opção estava ao lado de uma celebridade, a ex de um galã e mãe de dois filhos. "Era um pacote grande", diz.
A primeira aparição oficial do casal foi na entrega do Prêmio Shell, um mês depois do Carnaval. Dezenas de fotógrafos cercaram a mesa dos dois. Experiente nos holofotes, a estrela cochichou em seu ouvido. "Vamos nos beijar e brindar com a taça de champanhe que eles ganham a foto e nos deixam sossegados." A barra pesou quando Jarbas ouviu comentários, de pessoas próximas, de que estava sendo oportunista ao posar de namorado da atriz. "As pessoas podem falar o que quiserem, mas saem do teatro de queixo caído com o trabalho dele, e só nós sabemos das tantas afinidades que nos une", afirma Claudia.
Vivendo em um apartamento no Itaim, por onde circulam os gatos Espeto, Próspero e Porter, a dupla divide o tempo com interesses semelhantes. São aulas de dança, sapateado, pilates e ginástica e, além dos futuros musicais, há o projeto de uma temporada de estudos no exterior. O ator ainda sonha dirigir Claudia em um monólogo dramático, adaptado de um clássico grego. "Nunca tinha tido o prazer e a solidez de fazer planos com alguém, pensando longe, em 2018 ou 2020", afirma ele. Fanática por sapatos, a mulher recorrer à consultoria do marido na hora de renovar a coleção. Bem versado no assunto, ele sabe analisar as costuras e a qualidade dos solados.
Jarbas convive com amigos famosos dela, como os apresentadores Luciano Huck e Angélica e o empresário José Maurício Machline, que o convidou neste mês para coreografar um dos números do Prêmio da Música Brasileira em homenagem a Maria Bethânia. "É um profissional que não tem constrangimento em se adaptar a um conceito e criou um balé moderno relacionado às religiões africanas no Brasil", elogia Machline. A turma dele também já é a de Claudia. Um dos amigos mais próximos, o ator e produtor Carlinhos Machado se comove com a generosidade dela. "Perdi minha mãe e minha tia em seis meses, e Claudia me ajudou a enfrentar a dor em todos os momentos. O casal tem temperamento muito parecido", completa Machado, que trabalha nos bastidores de Chaplin.
Se a base da atriz ainda é no Rio de Janeiro, será por pouco tempo. Os filhos dela, Enzo, 18 anos, e Sophia, 12, passam os fins de semana por aqui, e veio do rapaz a sugestão da transferência para São Paulo. Enzo prestará o vestibular para administração e a mãe pesquisa uma escola para Sophia. Em meio a isso, vem a procura de uma casa maior. Ela revela que a única exigência do marido é ter uma churrasqueira. "Ele leva muito jeito na cozinha e é ótimo na hora de assar uma carne", conta. A convivência dos familiares tem sido testada e, pelo visto, alcança resultados. Os dois últimos réveillons foram celebrados em Garopaba, no litoral de Santa Catarina, com a presença dos parentes de Jarbas. "Quando vi o Enzo tomando chimarrão com minha sogra, eu respirei aliviada e percebi que as famílias estavam integradas", diz Claudia.
(texto publicado na revista Veja São Paulo de 24 de junho de 2014)
Chaplin, o Musical
A nova sacada fitness - Ana Carolina Soares
Ana Moser abre academia no Morumbi com mensalidades a partir de 99 reais para financiar sua ONG, que promove esporte na periferia
Dos 16 anos até sua aposentadoria em 1999, Ana Moser, uma das melhores jogadoras do vôlei mundial, submeteu o corpo a um massacre físico em busca de uma performance acima da média. Entre outras conquistas importantes, ganhou medalha de bronze na Olimpíada de Atlanta, em 1996. Deixou as quadras por não aguentar mais as dores. Ela sacrificou os dois joelhos e passou por quatro cirurgias ao longo da carreira. Nas fases de recuperação de treinos e jogos, seu amigo e preparador físico da seleção brasileira, José Elias de Proença, apresentou-lhe um colchão milagroso em 1994. O estofado tem 30 centímetros de espessura e é usado para atividades físicas, com a vantagem de minimizar o impacto nas articulações. A atacante nunca mais deixou de viajar com o apetrecho na bagagem. "É melhor do que qualquer esteira ou bicicleta porque não provoca lesões e queima um monte de calorias", conta a ex-esportista. "Isso me ajudou a voltar a andar."
Experiências como essa foram usadas por Ana Moser para montar uma nova academia de ginástica na cidade, a Dois Andares, inaugurada na segunda (26) no número 72 da Rua Professor Santiago Dantas, no Morumbi. Fruto de um investimento de 800 000 reais, o espaço de 400 metros quadrados segue o estilo estúdio, como são chamados os empreendimentos da área de fitness menores e especializados em alguma técnica ou modalidade. No caso do método desenvolvido pela ex-jogadora e por Proença, a ideia é fazer com que as pessoas aprimorem a forma com aulas de uma hora de duração, capazes de exterminar mais de 500 calorias. No lugar da malhação pesada em esteiras e aparelhos incrementados, os pupilos intercalam exercícios de pilates, fazem musculação puxando elásticos e queimam calorias no tal "colchão milagroso". No local há uma pilha com cinquenta deles. "Queremos proporcionar a consciência corporal e a saúde", afirma Ana Moser. "A boa disposição no dia a dia e a barriga tanquinho são consequência", completa.
Seu objetivo é ter 700 pessoas matriculadas por ali. O aluno frequenta o local de duas a quatro vezes por semana (os preços dos pacotes variam de 99 a 169 reais). O empreendimento foi financiado pelo prêmio de 1 milhão de reais que Ana ganhou pelo primeiro lugar no Aprendiz Celebridades, reality show de Roberto Justus, exibido no ano passado na Record. "Foi bem divertido e aprendi bastante", conta.
Os lucros do espaço vão ajudar a incrementar o caixa da ONG criada por ela em 2001, o Instituto Esporte & Educação. A entidade forma professores da área, além de oferecer atividades culturais e esportivas a mais de 3 000 pessoas de bairros da periferia. Como "degustação", a Dois Andares tem oferecido sessões gratuitas entre 12 horas e 12h40. Às segundas, quartas e sextas, elas ocorrem na Praça Professor João Alves da Silva, e às terças e quintas, na Praça Antônio Cândido de Azevedo Sodré. Quando chove, a turma ocupa as salas de aula.
Uma das motivações da ex-atleta para entrar no negócio do fitness é ajudar a reduzir um grave problema da população. De acordo com uma pesquisa do Ministério da Saúde, só 35% dos entrevistados praticam alguma atividade física durante pelo menos 150 minutos por semana. A cidade de São Paulo aparece como a capital campeã do sedentarismo, com índice de 30%. "Faltam opções mais em conta para a turma sair do sofá", entende. Ana Moser, citando locais que cobram mensalidades acima de 400 reais. "Existem até espaços baratos e com boa aparelhagem, mas sem a orientação de professores. Com isso, o frequentador acaba se machucando", diz. Em 2016, ela quer incluir no cardápio de seu endereço do Morumbi turmas de vôlei para crianças e adolescentes em quadras da região.
(texto publicado na revista Veja São Paulo de 4 de novembro de 2015)
Paulistano Nota Dez: Laé de Souza - Raphael Martins
Nome: Laé de Souza
Profissão: escritor
Atitude transformadora: criou um projeto de incentivo à leitura para crianças de escolas públicas
Em 1969, quando tinha 17 anos, o escritor Laé de Souza começou a publicar colunas e crônicas em jornais. Dois anos depois, passou a emplacar histórias em editoras infantojuvenis. De lá para cá, publicou 23 livros, entre eles, Acontece... de 1990, com mais de 250 000 exemplares vendidos. O sucesso como autor, no entanto, não foi capaz de satisfazer a vontade de colaborar para o aumento do índice de leitura entre crianças. Assim, em 1998, ele criou o projeto "Encontro com o escritor", em que suas obras eram emprestadas a colégios públicos para ser usadas em atividades de compreensão e interpretação de texto. Ao fim do semestre, Souza ia à sala de aula para fazer uma palestra e discutir sobre processo criativo. A iniciativa, que começou em quinze escolas da capital, hoje atinge 350 instituições no país. Dos 52 000 beneficiados, cerca de 5 000 são paulistanos. O crescimento exigiu adaptações na ideia original. "Ficou impossível atender todos pessoalmente. Agora o professor recebe um manual com o roteiro do que deve aplicar nas aulas", diz.
Para substituir o encontro presencial, surgiu uma oficina informal de escrita, na qual os alunos são estimulados a produzir os próprios textos. Os melhores, em torno de trinta, são publicados em uma coletânea anual. A partir de 2000, o esforço de Laé evoluiu para outros programas semelhantes, todos englobados sob o nome Projetos de Leitura. Exemplo disso é uma espécie de loja itinerante que vende seus livros por valores simbólicos, na faixa de 2 reais. Ocorre seis vezes por ano em diferentes espaços, e a próxima edição será no Parque do Ibirapuera, no próximo dia 26. O escritório também passou a promover encontros com grupos da terceira idade, internos da Fundação Casa e pacientes de hospital. O orçamento anual da entidade é de 400 000 reais, captados por meio de patrocinadores e da Lei de Incentivo à Cultura. "É muito gratificante oferecer livros a quem não costuma ter acesso a eles", afirma.
(texto publicado na revista Veja São Paulo de 8 de outubro de 2014)
quarta-feira, 24 de agosto de 2016
Hipertenso é sinônimo de acúmulo de raivas e pensamentos negativos! - Kaiowa Mara (ACM sem Agulhas)
Hipertenso é sinônimo de acúmulo de raivas e pensamentos negativos!
Você é hipertenso?
Conhecida comumente como PRESSÃO ALTA, a hipertensão arterial corresponde ao aumento acima da média da pressão sanguínea nas artérias. Esta enfermidade pode ocasionar lesões vasculares no coração, no cérebro, falência nos rins, problemas de visão, disfunção sexual e até psoríase.
O nome dessa enfermidade explica bem o que sucede. A pessoa afetada cria uma forte pressão causada pela hiper emotividade.
São pessoas que revivem sem cessar situações que lhe recordam feridas afetivas não curadas nem resolvidas.
Geralmente dramatizam muito devido a sua grande atividade mental.
Essa hipertensão está dizendo que chegou o momento de pensar em você, de enfrentar seus problemas afetivos e de parar de pensar que está aqui neste planeta para arrumar a vida dos outros.
Isso não quer dizer que não ajude a outras pessoas, porém, você não é responsável pela felicidade de ninguém a não ser da sua.
Mude esse conceito de responsabilidade, que conseguirá descarregar uma grande pressão inútil que, te impede de viver com alegria o momento presente.
A questão não é ganhar ou perder, mas sim, aceitar determinadas situações da vida.
Só uma pessoa que acumula, durante longos períodos, pensamentos e emoções que não foram expressadas é hipersensível e sua pressão descontrolada .
Suas raivas e contrariedades são reprimidas, fazendo ferver seu interior.
Seu desejo de controlar tudo e resolver as situações aumenta a pressão que pode tornar-se insustentável.
Para a Medicina Chinesa a hipertensão representa o excesso de expansão de energia do fígado e está relacionada ao estresse. A hipertensão é chamada de Síndrome de Yang Ming ou excesso de energia yang no fígado.
A hipertensão pode se apresentar na forma de crise hipertensiva, em uma pessoa que a pressão sempre foi normal e, de uma hora para outra, apresenta uma crise de pico. Tal crise pode se repetir de tempos em tempos.
O que fazer?
É necessário libertar-se de lembranças desagradáveis e relaxar deixando que o tempo resolva essa situação. Pare de limitar seus pensamentos a um acontecimento determinado e de canalizar as suas forças negativas porque elas podem ser a sua destruição muito antes de você dar-se conta.
Deixe seu coração leve desapegando-se daquilo que o incomoda. Pare de sofrer antecipadamente, com medo do futuro porque, muitas vezes, sofremos por fatos que nunca acontecerão.
A Acupuntura Coreana nas Mãos (sem agulhas) utiliza pontos que estimulam a circulação de energia para desobstruir os canais energéticos e equilibrar a pressão, ou seja, pontos para harmonizar, tonificar e fortalecer essa circulação de Qi. Auxiliando a liberar essas emoções que estão causando esse desequilíbrio tão grande, por estarem sufocadas, aprisionadas em seu coração.
Então a palavra certa é “desapegue-se”! Tire o foco do que não é feliz, nem lhe faz bem. Ame-se mais e…
Seja feliz!
Eu amo você.
terça-feira, 23 de agosto de 2016
Paulistana Nota Dez: Vivianne Reis - Adriana Farias
Nome: Vivianne Reis
Profissão: atriz e produtora cultural
Atitude transformadora: fundou uma ONG para auxiliar crianças refugiadas
O trabalho voluntário de Angelina Jolie no amparo a filhos de refugiados levou pessoas de várias partes do mundo a seguir o mesmo caminho. Inspirada no exemplo da estrela de Hollywood, surgiu no Brasil em junho de 2012 a IKMR, sigla em inglês para a expressão "Eu conheço meus direitos". A ONG tem sede em Uberlândia, no Triângulo Mineiro, e outras duas unidades no Brasil (u7ma no Rio de Janeiro, a outra aqui na capital). Criado em 2013, o escritório paulistano da entidade, no bairro dos Jardins, surgiu por iniciativa da atriz e produtora cultural Vivianne Reis, de 35 anos. "Com os adultos preocupados com a sobrevivência, as crianças eram esquecidas no seu direito de brincar e se desenvolver", explica ela, que auxilia atualmente 200 menores estrangeiros. Do total de atendidos, 70% vieram da Síria, como as irmãs Hanan, de 11 anos, e Yara, de 1.
A IKMR promove todo último sábado do mês atividades de recreação. Em parceria com o Hopi Hari já levou 100 famílias para visitar o parque. Em outra ação, setenta crianças desfrutaram uma manhã de cinema com pipoca e bebidas inclusas, graças a doações via redes sociais. "Alguns foram a uma sessão pela primeira vez na vida", afirma Vivianne. Com ajuda de mais cinquenta voluntários, ela também promoveu festas infantis e gincanas em outras capitais do país, como Manaus e Porto Alegre.
Com o passar do tempo, Vivianne resolveu aprofundar-se no universo dessas crianças, frequentando o ambiente onde elas moram. "Certa vez, visitei a casa de uma família em que o pai dormia no chão da sala com um lençol e a mãe e os três filhos, em uma cama de casal", conta. A instituição passou então a arrecadar verba para a compra de mobília usada. Parte do dinheiro amealhado pela ONG é destinado à aquisição de passagens aéreas. Em um ano, a IKMR conseguiu agregar nove famílias separadas pela guerra. Uma das histórias tocantes foi a de um sírio que, após meses de trabalho em um restaurante em São Paulo, conseguiu reunir apenas 6 500 reais dos 13 000 de que precisava para trazer à capital a esposa e as filhas de 6 e 7 anos. "Os parentes corriam sério risco, pois estavam em uma das áreas mais perigosas de seu país", conta Vivianne. Graças aos intensos pedidos nas redes sociais, ela conseguiu resolver o problema. "Desde agosto, eles vivem juntos em um cortiço no bairro do Pari", conta.
(texto publicado na revista Veja São Paulo de 28 de outubro de 2015)
Paulistano Nota Dez: Alex dos Santos - Aretha Yarak
Nome: Alex dos Santos
Profissão: rapper
Atitude transformadora: usa músicas de funk e rap para falar da importância da educação em colégios da periferia
Nascido e criado no bairro de Cidade Kemel, em Poá, município da Grande São Paulo vizinho ao distrito do Itaim Paulista, no extremo da Zona Leste, o rapper Alex dos Santos, de 27 anos, é o caçula de uma família marcada pelo consumo de drogas e pelo envolvimento com o crime. Na infância, nos anos 90, acostumou-se a ver policiais armados invadir o quintal da casa da avó, onde brincava com primos, á procura de três tios, à época ladrões de banco. Seu pai sofre com o alcoolismo e os dois irmãos mais velhos são ex-viciados em cocaína. Ele próprio foi usuário frequente da droga a partir dos 16 anos de idade, principalmente em noites de balada na região. "Eram 10 gramas por dia, no mínimo", recorda. Essa vida durou oito anos e só terminou no fim de 2011, quando se internou por três meses em uma clínica. Nesse período, escreveu sua primeira música. A letra resumia o drama pessoal e sensibilizou pacientes que passavam pela mesma situação. "Percebi que poderia ajudar outras pessoas fazendo algo de que gosto", conta. Assim, em fevereiro de 2013, um ano após concluir seu tratamento, passou a levar o hip-hop a colégios da periferia. Mas, no lugar de estrofes sobre carrões e outros artigos de luxo, marca registrada de muitos artistas ligados ao funk, cria rimas a respeito da importância de frequentar o colégio. "Minha ostentação é o estudo. Quero mostrar que só isso pode ajudar alguém a ganhar um dinheiro digno", diz.
Batizada de "rap e funk da educação", a batida de Lemaestro, seu apelido no meio, já foi ouvida por cerca de 300 000 jovens de 100 escolas da Grande São Paulo, como as estaduais Doutor José Eduardo Vieira Raduan, em Ferraz de Vasconcelos, e Américo Franco, em Poá. As apresentações ocorrem por meio de dois projetos, o Show de Inspiração e o MCs pela Educação, que são braço do Instituto Gerando Falcões, no qual atua como coordenador de arte e cultura. São cinco eventos por semana, com duração média de uma hora e meia, no pátio ou na quadra das instituições de ensino. A agenda está lotada até junho e há mais de dez colégios na fila de espera para o segundo semestre. A iniciativa viajou também para municípios do Rio de Janeiro e de Minas Gerais. Além de realizar os shows, ele ajuda estudantes a iniciar "carreira-solo". Entre os frutos desse trabalho, está um CD produzido em novembro de 2013 por alunos da Escola Estadual Professora Lacy Lenski Lopes, no Jardim América, em Poá. Até agosto, ele planeja ainda lançar o primeiro álbum próprio, batizado de Escolhas Mudam Histórias. "Quero usar minhas canções para ajudar as pessoas", afirma.
Em paralelo com a música, Lemaestro mantém um programa ligado ao esporte chamado Falcões do Skate. As aulas ocorrem nas manhãs de domingo, também na escola Lacy Lenski Lopes - há quarenta vagas disponíveis para crianças e adolescentes entre 8 e 20 anos. A modalidade surgiu em sua vida na infância e ele chegou a competir com o apoio de patrocinadores. O sonho de tornar-se um atleta de elite foi interrompido aos 16 anos, quando sofreu uma lesão. Sem ajuda financeira para bancar a recuperação, teve de abandonar o plano. Durante esses encontros com os jovens, o rapper aproveita para prestar orientação profissional e oferecer outros conselhos, até mediando conflitos típicos da idade. "Eu me tornei referência e muitos pedem ajuda." Sua influência com os garotos é tamanha que, em janeiro de 2014, acabou sendo escolhido pelo Global Shapers, uma iniciativa do Fórum Econômico Mundial, como um dos dezessete paulistas de até 30 anos com potencial para mudar o mundo.
(texto publicado na revista Veja São Paulo de 15 de abril de 2015)
Abertura e encerramento - Rio 2016
Momentos da abertura (Rio 2016)
Melhores momentos do encerramento (Rio 2016)
Mil novecentos e guaraná com rolha (Info Branding)
Pouca gente sabe, mas os refrigerantes, quase que no formato que conhecemos hoje, foram inventados por farmacêuticos e eram vendidos como produtos com propriedades medicinais!
Pois é, quem diria. Hoje martirizada por ter uma quantidade absurda de corantes, conservantes e açúcar, essa bebida começou quase como um suco, evoluiu para uma versão gaseificada e, após grande aceitação nos Estados Unidos, progrediu mais e mais. Ganhou componentes, cores, sabores, novas misturas e as receitas de sucesso passaram a ser guardadas como tesouros.
No Brasil, a novidade não foi aceita de primeira e alternativas tiveram que ser encontradas. Uma delas, o guaraná, pareceu ser boa escolha. Com apelo nacionalista, cor e sabor mais agradáveis ao gosto brasileiro, a bebida da fruta “matava dois coelhos em uma cajadada só”, seguindo a tendência mundial, tinha “propriedades medicinais” e altos índices de cafeína.
Uma das pioneiras no beneficiamento da bebida lançou sua versão com uma estratégia, digamos, interessante. A associação. Segundo alguns, o então Guaraná Champagne Antarctica, criado em 1921 pela Companhia Antarctica Paulista, recebeu esse nome por conta do leve amargor e da sua baixa adstringência. Outros defendem que as bolhas de gás carbônico e a coloração do produto é que contribuíram para essa escolha.
Outro ponto relevante é que as primeiras tampas-coroas metálicas, que selavam as garrafas, eram similares as de hoje em dia, só que em vez do plástico tinham um disco de cortiça (mesmo material das rolhas de champagne) para evitar o contato da bebida com o metal.
Qualquer semelhança é mera coincidência? Acredito que não. A companhia aproveitou esses “ingredientes” e abusou, chegando a deixar o produto sem identidade. As propagandas, o formato da garrafa, os elementos do rótulo, tudo fazia alusão aos champagnes da época, mais especificamente ao Mumm, um produto mais bem consolidado e com maior valor agregado.
A estratégia parecia boa, mas as vendas de refrigerantes, de qualquer sabor, ainda não eram um absurdo por esses lados, somente com o advento da tecnologia é que o povo brasileiro passou aceitar melhor o produto. Refrigeradores, latinhas e novos tipos de garrafa, facilitaram esse approach, e a essa altura a Coca-Cola, que vamos combinar, tinha muito mais poder financeiro e uma estratégia bem consolidada de mercado começou a nadar de braçada. Então qual foi à estratégia da Companhia Antarctica Paulista? Passou a utilizar em suas latinhas, elementos parecidos aos da latinha da Coca-Cola, cores e formas principalmente, e mais uma vez tínhamos um produto sem identidade.
A coisa evoluiu, e muito, com o produto refrigerante aceito, marcas começaram a surgir, o mercado se viu cheio de opções e algumas empresas passaram a se descolar, entre elas a Companhia Antarctica Paulista com o seu Guaraná Champagne Antarctica. O mercado tinha amadurecido e era preciso amadurecer, assim nova linguagem, novos elementos, novas cores passaram a ser adicionados à identidade do produto.
Nesse meio tempo, surgiu a Ambev (fruto da fusão entre a Companhia Antarctica Paulista e a Companhia Cervejaria Brahma) que se viu obrigada a fazer uma reforma no seu portfólio de marcas. A nova empresa tinha em suas mãos uma salada de produtos similares: Guaraná Brahma, Kas Guaraná, Guaraná Champagne Antarctica, Guará-Suco, Guaraná Baré, Guaraná Polar, entre outros. Descontinuou a maioria, restando somente o Guaraná Champagne Antarctica.
Tempos depois, trocou o nome do produto para Guaraná Antarctica, utilizar o termo champagne não fazia mais sentido, como dito, o rótulo tinha mudado, o formato da garrafa já não era parecido com uma garrafa de champagne e as propagandas não utilizavam mais esse gancho, enfim, um fechamento com chave de ouro para a família que, então, já contava com cores próprias, discurso amarrado e embalagens, teoricamente, bem resolvidas.
Hoje cheio de identidade, o Guaraná Antarctica, do Brasil, é vendido em diversos países (Argentina, China, Estados Unidos, Japão e Portugal são alguns exemplos) e está entre uma das marcas de refrigerantes mais vendidas no mundo. Uma evolução tão perceptível que contribuiu para o surgimento da expressão “Mil novecentos e guaraná com rolha”, uma alusão a coisas velhas/antigas e tempos passados.
A arte de cuidar - Pe. Léo Pessini
Vivemos hoje uma verdadeira "crise de humanização", cujos evidentes sintomas se manifestam através de descuido, descaso, indiferença e abandono da vida mais vulnerável. Os exemplos são muitos: comumente nos deparamos com crianças famintas, perambulando nos cruzamentos de nossas cidades; observamos o aumento do número dos excluídos das benesses do progresso e o descaso para com os idosos; promovemos o utilitarismo depredatório em relação ao meio ambiente e criamos instituições de saúde tecnicamente impecáveis, mas frias, sem alma e calor humano!
Felizmente começamos a ter exemplos e testemunhos de sensibilidade e solidariedade em relação à vida humana - vulnerabilizada pela doença e pelo sofrimento -, que nos deixam esperançosos ao apontar que a essência da vida e o cuidado. Mas o que entender por cuidado? A expressão terapêutica deriva do grego therapéuo, que significa "eu cuido". Na Grécia antiga, o thérapeuter era aquele que se colocava junto ao que sofre, compartilhando com ele a experiência da doença para poder compreendê-la e, então, mobilizar seus conhecimentos e sua arte de cuidar, sem saber se poderia realmente curar. Para compreender a doença, ele se interessava pela totalidade da vida do doente, inclinando-se para ouvi-lo e examiná-lo. Essa inclinação (que vem do grego klinos, termo do qual deriva a palavra clínica) significava também reverência e respeito ante o sofrimento do doente.
Palavra de paciente
Cuidar sempre é possível, mesmo quando a cura não pode mais ser alcançada. Sim, deparamo-nos com doentes ditos "incuráveis", mas que são - e nunca deveriam deixar de ser - "cuidáveis". Cuidar, mais que um ato isolado, é uma atitude constante de ocupação, preocupação e ternura com o semelhante, unindo competência técnico-científica a humanismo e ternura humana.
Através das palavras de um paciente, partilhamos a reflexão de um amigo camiliano, Tom O'Connor, sobre o que significa a experiência de cuidar. Como lhe disse este paciente, cuidar é quando você:
- Aproxima-se de mim, mesmo sabendo que não pode atender ao meu mais profundo desejo, isto é, a minha cura;
- Visita-me, mesmo sabendo que estou me despedindo da vida;
- Continua a me ver, mesmo sendo um dos representantes de uma das profissões que falharam em me curar;
- Vem me ver porque acredita em mim, tenha ou não cura a doença;
- Perde tempo comigo, embora eu esteja numa situação tão frágil e incapaz de dar algo em troca. Não posso nem dizer "obrigado" com elegância;
- Faz com que me sinta alguém especial, embora eu seja como todos os outros pacientes;
- Não me vê apenas como um caso perdido, mas como alguém, ajudando0me, assim, a me concentrar no viver;
- Relembra pequenas coisas minhas, se interessa pelo meu passado, meu futuro e minha família;
- Diz "boa noite", o que não significa "adeus", dando-me a certeza de que você estará de volta ao amanhecer:
- Não se concentra no meu "mau humor", mas em mim, como pessoa;
- Aproxima-se de mim sem ares de profissionalismo insensível, mas como ser humano que todos somos;
- Faz com que minha família fale bem de você e se sinta confortada na sua presença;
- Faz com que eu me sinta seguro em suas mãos.
O cuidado autêntico é amor, tem um poder próprio. É bom nos perguntar: Qual é a marca que estamos deixando em nossas vidas e na vida das pessoas com quem nos relacionamos? Oxalá seja sempre uma marca de ternura e cuidado, ou de ciência com ternura!
(texto publicado na revista Família Cristã nº 864 - ano 74 - dezembro de 2007)
Assinar:
Postagens (Atom)