terça-feira, 23 de agosto de 2016

Paulistana Nota Dez: Vivianne Reis - Adriana Farias


Nome: Vivianne Reis
Profissão: atriz e produtora cultural
Atitude transformadora: fundou uma ONG para auxiliar crianças refugiadas

O trabalho voluntário de Angelina Jolie no amparo a filhos de refugiados levou pessoas de várias partes do mundo a seguir o mesmo caminho. Inspirada no exemplo da estrela de Hollywood, surgiu no Brasil em junho de 2012 a IKMR, sigla em inglês para a expressão "Eu conheço meus direitos". A ONG tem sede em Uberlândia, no Triângulo Mineiro, e outras duas unidades no Brasil (u7ma no Rio de Janeiro, a outra aqui na capital). Criado em 2013, o escritório paulistano da entidade, no bairro dos Jardins, surgiu por iniciativa da atriz e produtora cultural Vivianne Reis, de 35 anos. "Com os adultos preocupados com a sobrevivência, as crianças eram esquecidas no seu direito de brincar e se desenvolver", explica ela, que auxilia atualmente 200 menores estrangeiros. Do total de atendidos, 70% vieram da Síria, como as irmãs Hanan, de 11 anos, e Yara, de 1.

A IKMR promove todo último sábado do mês atividades de recreação. Em parceria com o Hopi Hari já levou 100 famílias para visitar o parque. Em outra ação, setenta crianças desfrutaram uma manhã de cinema com pipoca e bebidas inclusas, graças a doações via redes sociais. "Alguns foram a uma sessão pela primeira vez na vida", afirma Vivianne. Com ajuda de mais cinquenta voluntários, ela também promoveu festas infantis e gincanas em outras capitais do país, como Manaus e Porto Alegre.

Com o passar do tempo, Vivianne resolveu aprofundar-se no universo dessas crianças, frequentando o ambiente onde elas moram. "Certa vez, visitei a casa de uma família em que o pai dormia no chão da sala com um lençol e a mãe e os três filhos, em uma cama de casal", conta. A instituição passou então a arrecadar verba para a compra de mobília usada. Parte do dinheiro amealhado pela ONG é destinado à aquisição de passagens aéreas. Em um ano, a IKMR conseguiu agregar nove famílias separadas pela guerra. Uma das histórias tocantes foi a de um sírio que, após meses de trabalho em um restaurante em São Paulo, conseguiu reunir apenas 6 500 reais dos 13 000 de que precisava para trazer à capital a esposa e as filhas de 6 e 7 anos. "Os parentes corriam sério risco, pois estavam em uma das áreas mais perigosas de seu país", conta Vivianne. Graças aos intensos pedidos nas redes sociais, ela conseguiu resolver o problema. "Desde agosto, eles vivem juntos em um cortiço no bairro do Pari", conta.


(texto publicado na revista Veja São Paulo de 28 de outubro de 2015)

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