sábado, 27 de agosto de 2016

Paulistana Nota Dez: Ivani Nacked - Jussara Soares


Nome: Ivani Nacked
Profissão: empresária
Atitude transformadora: implantou bibliotecas comunitárias que reúnem um acervo de 20 000 livros na capital

Um livro pode mudar uma vida. A certeza da empresária Ivani Nacked é fruto de experiência própria. Nascida na Penha, na Zona Leste, ela acabou fisgada pela leitura aos 10 anos de idade, com o clássico Meu Pé de Laranja Lima, de José Mauro de Vasconcelos. A então menina emocionou-se com a história de Zezé, o travesso garoto de família pobre que fez de uma árvore sua grande companheira. "Foi a primeira obra que me ajudou a entender o mundo", relembra. Essa experiência marcante serviria de inspiração, anos depois, para a criação do Instituto Brasil Leitor, fundado em 2000 com a ajuda do marido, o economista William Nacked. O objetivo é, com o apoio de empresas, implantar bibliotecas comunitárias pelo país. Em quinze anos de atuação, a entidade inaugurou 144 espaços do tipo, sendo vinte na capital (há doze em atividade no momento por aqui, com um acervo conjunto de 20 000 livros). Alguns deles estão localizados em escolas públicas municipais e em lugares como o Poupatempo Santo Amaro e a Academia do Barro Branco, em Santana.

O mais recente, com 920 obras, surgiu em maio, numa unidade da Fundação Casa, na Vila Guilherme. A maioria dos 108 menores abrigados tem entre 16 e 18 anos e 40% estavam fora da escola no momento da internação. "Muitos nunca haviam segurado um livro e, aos poucos, descobrem esse prazer", diz o coordenador pedagógico do local. Rivaldo dos Santos. Por ali, a saga Harry Potter da britânica J. K. Rowling, e A Rosa do Povo, compilação de poesias do mineiro Carlos Drummond de Andrade, encontram-se entre os títulos preferidos. "Nossa missão é colocar a literatura no caminho das pessoas, onde quer que elas estejam", afirma Ivani. Outro projeto já implementado foi o Embarque na Leitura, que começou em 2004 e disponibilizou publicações a passageiros em cinco estações do metrô e uma da CPTM. Por falta de patrocínio, no entanto, ele encerrou suas atividades em 2013. "Nesse tempo, ao menos contribuímos para estimular o hábito da leitura os vagões dos trens", consola-se Ivani.


(texto publicado na revista Veja São Paulo de 9 de setembro de 2015)

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