Cantora lança "Encore: Movie Partners Sing Broadway" com participação de atores, como Melissa McCarthy
Barbra Streisand, cujo próximo álbum de duetos Encore: Movie Partners Sing Broadway, que será lançado dia 26, conta com elenco estelar, incluindo Melissa McCarthy e Jamie Foxx, fala sobre outro dueto, com outra cantora célebre. Trata-se de Judy Garland, cujo programa de TV Barbra visitou em 1963, o que parece ter sido um momento divisor de águas na história das legendárias vocalistas americanas.
Barbra Streisand, você percebe, sempre esteve no controle da sua imagem, da sua carreira, desde que começou a cantar nos clubes de Greeenwich Village - então uma adolescente desengonçada usando roupas de brechó, no início dos anos 1960. Foi a sua determinação que fez dela uma das mais perenes estrelas americanas.
É também a razão pela qual é improvável que ela se retire completamente para trás dos portões de ferro da sua mansão que, afirma, é o único lugar em que se sente totalmente à vontade. Ao contrário de muitas grandes estrelas da sua geração e estatura, Barbra raramente cedeu o controle a um empresário, um colega, ou um Svengali.
O que nos leva de volta a Judy Garland, com quem sempre foi comparada e colocada em contraste. Ela ainda não havia completado 20 anos quando as duas se encontraram, mas já em vias de um estrelato astronômico; Judy Garland, 41 anos, morreria seis anos depois, uma das mais notórias vítimas, da fama devoradora. Mas quando cantaram dois standards em contraponto, Happy Days Are Here Again (Streisand) e Get Happy (Garland), estavam totalmente afinadas uma com a outra.
"Posteriormente ela passou a me visitar e me dar conselhos", disse Barbra. "Judy veio ao meu apartamento em Nova York e me disse, 'não permita que façam com você o que fizeram comigo'. Não entendi o que ela queria dizer. Estava apenas começando." Os "eles" a que Judy se referia - estúdios, imprensa, fãs cruéis - jamais conseguiram fazer o mesmo com Barbra. Desde os primeiros dias da sua carreira, deixou transparecer uma fragilidade e abertura emocional similar a Judy Garland. Mas seu olhar e as unhas longas deixavam entrevar a resistência de uma pessoa singularmente capaz de se proteger.
Aos 74 anos, ela está bem, embora a sua versão hoje seja mais suave, mais tranquila, em relação àquela de seis décadas de filmes, desde o de estreia que lhe propiciou um Oscar, o musical Funny Girl (1968). Barbra criou sua própria realidade alternativa neste local, que compartilha com o marido, o ator James Brolin. E escreveu um livro sobre a criação da sua Xanadu My Passion for Design, que se tornou a base para uma peça sobre ela, Buyer & Cellar, de Jonathan Tolins.
Tão logo fincou pé no palco, durante ensaios para seu primeiro show na Broadway, I Can Get It for You Wholesale, soube, afirma, que nasceu para dirigir, em todos os sentidos do termo. E de fato esteve atrás das câmeras, como diretora, e atuou como estrela e produtora de filmes como Yentl, O príncipe das marés e O espelho tem dua faces. Mas dirigir implica esperar o sinal verde, o dinheiro e direitos ao material do filme.
Embora tenha sido anunciado algumas semanas antes que ela produziria sua versão do musical Gipsy, em que retrataria a Mama Rose do palco, o projeto voltou de novo ao limbo. "Estou à mercê deles. Um dia afirmam que vamos fazer Gipsy, no dia seguinte voltam atrás."
E o álbum é Encore, o 35º gravado em estúdio da cantora. (Até agora suas gravações já venderam 245 milhões de cópias em todo o mundo; e com Partners, ela se tornou a única cantora a ter um álbum ocupando o 1º lugar em seis décadas sucessivas).
Barbra diz que o trabalho com outros intérpretes - Antonio Banderas, Alec Baldwin, Anne Hathaway e Set MacFarlane - foi como produzir uma série de minifilmes. Para sua interpretação de Anything You Can Do, de Irving Berlin, de Annie Get Your Gun, inventou um prólogo em que ela e Melissa McCarthy discutem ao saber que estavam ansiando pelo mesmo papel no filme. Isto permitiu a Barbra inserir no texto uma piada sobre como dizer o seu nome: é Streisand, como "areia na praia" e não "Strize-and", seu sobrenome mal pronunciado, algo que incomoda desde que apareceu pela primeira vez no programa The Ed Sullivan Show, nos anos 1960.
Recentemente, ela ouviu John Mayer em uma entrevista com Andy Cohen, e para sua consternação, "ambos a chamaram de Barbra Strizeand". Ela disse que está ansiosa para eles ouvirem o dueto com Melissa McCarthy. "Talvez consigam entender meu nome", afirmou.
(texto publicado no jornal O Estado de São Paulo - caderno 2 - C7 - 15 de agosto de 2016)
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