sábado, 20 de agosto de 2016

Caipira pop - Fabiana Schiavon


Disco duplo reúne seleção de gravações importantes de Almir Sater como violeiro, cantor e compositor

No ano em que completa 60 anos de vida e quase 40 anos de carreira, o cantor, compositor e violeiro Almir Sater ganha homenagem com o lançamento do álbum "O Violeiro Canta". O disco duplo resgata 28 músicas do artista, dando destaque aos principais parceiros de sua vida, como Renato Teixeira, Paulo Simões e Guilherme Rondon , além de reunir músicas de LPs que já estão fora de catálogo. "O meu trabalho é mais solitário. Eu faço poucas parcerias, e, quando faço, já levo a música pronta", brinca Sater. "Acredito que é preciso ter muita intimidade para fazer música com outra pessoa, como eu tenho com Paulo Simões e Renato Teixeira. É preciso ser quase como um casal", define o artista.

Nascido em Campo Grande (MS), Sater chegou a estudar direito, mas a música falou mais alto em sua vida. Logo começou a trabalhar como músico da cantora Tetê Espíndola. A coletânea conta um pouco dessa história, ao lembrar de "Semente", faixa na qual ele faz um dueto com Tetê. "O meu primeiro trabalho profissional foi com ela. Eu tocava viola, violão, fazia arranjos. Aos poucos, fui me encantando com aquilo e não tinha estímulo para ir à faculdade. Eu acordava só com vontade de pegar a viola", lembra Sater, que não se considera um artista de música sertaneja.

"Eu nunca defini muito o meu trabalho, porque sou violeiro, e o instrumento depende muito da pessoa que fica atrás dele. A minha geração é roqueira, apesar de eu ouvir músicas de diversos países, do Nordeste e do Centro-Oeste do Brasil. Gosto de música boa."

A escolha do repertório desse novo álbum não tem a mão do artista. "Eu não tenho culpa nenhuma em relação ao trabalho. O crédito é todo de Carlos Sion", diz o artista, referindo-se ao produtor do álbum. "É muito bom olhar para trás e lembrar como as coisas eram vistas naquela época. A capa do disco é do tempo da novela 'Ana Raio e Zé Trovão' [Manchete, 1991]. Eu tinha metade da idade que tenho hoje", lembra Sater, que viu sua música se popularizar quando se arriscou como ator em "Pantanal" [Manchete, 1990]. "As novelas são como um bico. Entrei em "Pantanal" porque sempre fui muito ligado a essa região do país, e isso acabou popularizando o meu trabalho."

Veja os destaques

O álbum duplo "O Violeiro Canta" tem 28 faixas no total

"Um Violeiro Toca"

Um dos clássicos nascidos da parceria entre Almir Sater e Renato Teixeira, a música está no disco "Rasta Bonito" (1989)

"Chalana"

A regravação da música de Mario Zan (1920-2006) está em um disco ao vivo de Sater, lançado em 1992.

"Semente"

Faixa de seu primeiro álbum solo, de 1981, a composição é de Sater com Paulo Simões, outro parceiro sempre presente em sua carreira. Nela, o violeiro divide os vocais com Tetê Espíndola.

"Homeless Souls"

A música revela um parceiro internacional de Sater, Joe Lech.

"Tristeza do Jeca" e "Cruzada"

A primeira foi regravada no disco "Rasta Bonito" (1989). O clássico de Angelino de Oliveira (1888-1964) mostra mais uma vez o lado cantor de Sater. Já a segunda canção, do mesmo álbum, foi composta por Tavinho Moura e Márcio Borges, do Clube da Esquina, em 1978.

"Kikió"

Encontrada no álbum "Cria" (1986), é uma parceria do violeiro com Geraldo Espíndola, irmão de Tetê Espíndola, cantora com quem Sater iniciou a carreira como músico de sua banda.

"O Carrapicho e a Pimenta" e "Bicho Preguiça"

Também são canções do disco de estreia de Sater, de 1981, que revela outro parceiro, o crítico de arte Paulo Klein.

"Moda Apaixonada"

Do mesmo disco de 1986, a faixa tem dois parceiros. Além de Paulo Klein, o músico pantaneiro Guilherme Rondon participa da composição.



(texto publicado no jornal Agora de 12 de agosto de 2016)

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