Os freegans combatem o capitalismo com um exemplo o que pode ser desagradável para a maioria: para não pagar e eliminar o desperdício, comem o que os outros jogaram fora.
Toda sexta-feira, um grupo de paulistas da região do ABC se junta para preparar um grande banquete. Por volta das 11 horas, eles vão até a feira mais próxima e esperam as barracas serem desmontadas. Quando os feirantes despejam no lixo os últimos alimentos que não foram vendidos, o grupo ataca vorazmente a xepa. É hora de escolher os ingredientes para um almoço freegan - uma refeição na qual absolutamente nada pode ser comprado.
A palavra freegan é uma mistura de free ("livre", "grátis", em inglês) com vegan (vegetarianos que não comem nenhum derivado animal). Apesar do nome, alguns freegans comem carne e laticínios. O importante mesmo é combater o desperdício e se recusar, sempre que for possível, a pagar por qualquer cosia. Estaríamos diante do Movimento dos Sovinas Radicais? Não, nas palavras dos adeptos da coisa: "Freeganismo é uma perspectiva que age contra o sistema capitalista, denunciando esse modo de vida tóxico ambientalmente e socialmente", diz o jardineiro Eduardo Pedrini, freegan integrante do grupo Erva Daninha (ervadaninha.sarava.org), que promove o almoço descrito acima. Os freegans se declaram anarquistas e repudiam qualquer manifestação de poder - não há hierarquia em seus grupos.
Além de recolher o alimento jogado fora por restaurantes e mercados, eles pegam roupas e mobília descartadas pelos consumidores capitalistas. Ao fazer isso, diz um representante do movimento na Inglaterra que se identifica apenas por J. D., a pessoa pode atingir a felicidade espiritual. Isso sem falar na satisfação material: "Eu mergulho na lixeira todos os dias. Sempre achei coisas ótimas e não me lembro de uma vez que tenha passado fome nos últimos 6 anos".
(texto publicado na revista Super Interessante nº 248 - janeiro de 2008)
Nenhum comentário:
Postar um comentário