Doar sangue, cabelo, alegria ou tempo. Resgatar a autoestima, um animal, um sonho ou uma vida. Conheça histórias de pessoas que descobriram diferentes razões para viver e uma mesma felicidade - a de ajudar
Quando eu tinha 17 anos, uma amiga me levou ao hemocentro. Mesmo não podendo doar sangue, saí de lá emocionada. Logo que completei 18, voltei e fiz minha boa ação. Não parei por aí: passei a doar também plaquetas e medula. Mas doar sangue não bastava: queria doar meu tempo. Pesquisei e encontrei um hospital infantil para doenças hematológicas na cidade. E lá fui eu me inscrever para ser voluntária. Quando terminei a graduação em psicologia, senti que meu destino era apenas um: doar também meu trabalho. Hoje sou pós-graduanda nesse hospital e achei meu caminho do bem. Marília Falsetti, 23 anos, Campinas (SP)
Depois de ter câncer nas duas mamas e passar por uma histerectomia, comentei com uma amiga a ideia de fazer algo para mostrar minha gratidão pela cura: deixar meu cabelo crescer e doá-lo a pacientes em quimioterapia. No dia seguinte, ela me enviou seu cabelo, que havia acabado de cortar! Percebi que poderia ajudar mais gente e, assim, nasceu a Rapunzel Solidária. Em quatro meses entregamos cerca de 25 perucas. Acredito que mudei um pouco a vida de cada uma dessas mulheres e crianças guerreiras. E, sobretudo, mudei minha vida também! Elizabeth Lomaski, 50 anos, São Paulo (SP)
Abraço essa causa: ser gentil, prestativa e atenciosa. Sempre ajudo pessoas com dificuldades para atravessar a rua, dou informações corretas quando me pedem, cedo o meu lugar no ônibus a pessoas mais velhas. A gentileza com os funcionários do prédio onde moro, por exemplo, é uma prática cotidiana. E bom-dia, boa-tarde, boa-noite, até logo, obrigada e com licença nunca são demais. (Berenice de Siqueira, 64 anos, São José dos Campos (SP)
Aos 30 anos, decidi preservar as tradições italianas aqui no Bixiga. Já fomos uma grande colônia, mas, com o tempo, os italianos envelheceram, e os valores foram se perdendo. Para lutar pelo lugar onde nasci, liderei o projeto de tombamento do bairro, que se tornou Patrimônio Histórico e Cultural de São Paulo, e fundei o Centro de Memória do Bixiga. Não posso deixar a cidade perder a oportunidade de viver a rica cultura italiana (Walter Taverna, 80 anos, São Paulo (SP)
Em 15 anos como fotógrafa, pude perceber que as mulheres que registrei com minha câmera não se viam como eu os via: cheias de vida, beleza e personalidade. Então, tomei como missão revelar, por meio da fotografia, a grandiosidade presente em cada um de nós. Durante as sessões, acontecem momentos muito marcantes, mas o mais gratificante é quando elas se veem nas fotos e percebem quanto são lindas. Algumas até choram. Isso me faz perceber que estou no caminho certo: contribuo para a autoestima de cada uma e me torno todo dia um pouquinho melhor também (Michelle Moll, 33 anos, São Paulo (SP)
Quando minha filha recebeu o diagnóstico de uma doença degenerativa, neguei e tentei me convencer de que com ela seria diferente. Não foi. Laís é cadeirante e artrítica desde os 3 anos de vida. Então, arregacei as mangas e aderi ao movimento de apoio a pacientes com artrite reumatoide. E lá se vão 21 anos de muitas lutas contra o preço dos medicamentos, a falta de especialistas e a discriminação social em razão das deformidades. Mas também foram muitas as conquistas. Às vezes, bate um desânimo, porque essa missão é acompanhada de muita dor, mas sei que, unidos pela causa, podemos garantir qualidade de vida e direitos a muitas pessoas. Lauda Santos, 56 anos, Brasília (DF)
Tudo começou quando conheci a Menina, uma gatinha que encontrei perdida na entrada de uma biblioteca. Ela estava muito machucada, teve a pata amputada, mas viveu muito bem, por anos, na minha casa. A partir dessa experiência, meus olhos se abriram para a situação dos animais de rua. Decidi abraçar a causa e tentar minimizar o sofrimento deles. Nessa luta, conheci muita gente que ajuda esses animais, tirando-os das ruas e, principalmente, conscientizando as pessoas, o governo e a mídia de que eles não estão aqui para nos servir; estão no mundo para colorir nossa vida, alegrar nossa existência. As dificuldades são inúmeras, mas, a cada vida que salvamos, nosso coração se enche de ânimo. Enedina Quinelato, 60 anos, Vargem Grande Paulista (SP)
Trabalhei em maternidade e berçário durante muitos anos, mas o ambiente hospitalar não me agradava. Venho de uma família de parteiras tradicionais e, para mim, o nascer é sagrado! Segui a tradição familiar, tornei-me doula e, junto com minha irmã, vou compreendendo cada vez mais o que vim fazer neste mundo: lutar por partos naturais e mais humanizados. O caminho é árduo, temos muito a fazer, mas é isso que amo e nisso creio. (Maria do Socorro Ferreira, 47 anos, São Bernardo do Campo (SP)
Há dois meses, eu e minha mãe criamos a Turma da Glória, um projeto que atende filhos de dependentes químicos e do álcool. A cada quinze dias, contamos histórias, brincamos e conversamos com mais de 25 crianças carentes da comunidade de Heliópolis, em São Paulo. Quero poder ajudá-las sempre mais. Vou continuar lutando para que elas não sigam o mesmo caminho de seus pais. (Gabrieli Trigone, 14 anos, São Paulo (SP)
Sou voluntária no grupo de visitas de um hospital municipal em Botafogo. Aqui conversamos com os pacientes e procuramos conhecer um pouquinho da história de cada um deles, que são, na maioria, idosos e muito sozinhos. Tentamos passar sentimentos de alegria, fé e esperança. O sorriso que recebemos é o nosso pagamento. Não podemos curá-los, mas cada gesto de carinho e cada palavra nos dão certeza de que podemos ajudá-los a lidar com suas dores. Raquel de Póvoas, 26 anos, Rio de Janeiro (RJ)
Sempre gostei de política e soube que votar é uma grande responsabilidade. Em 2008, entrei para o Movimento Voto Consciente, que promove a educação política da população com palestras, discussões e cursos sobre o voto, os partidos, as funções de cada cargo e que fazer para escolher bem o candidato. Para um país que viveu tanto tempo sob ditadura, posso dizer que a população está evoluindo muito politicamente e crescendo nesse aprendizado. Ivone Rocha, 50 anos, São Paulo (SP)
Há muito tempo tenho claro o que quero deixar de legado de minha vida: a positividade, o lado bom das coisas. Muita gente diz que isso é pura utopia, mas tenho certeza de que não estou sozinho. E essa certeza culminou no Razões para Acreditar, um blog só de boas notícias. Meu próximo passo é transformar o site em um catalisador social, capaz de motivar as pessoas a tomar grandes atitudes para mudanças sociais. Impossível? Eu acredito! Vicente Carvalho, 29 anos, São Paulo (SP)
Meus pais me ensinaram a lutar por igualdade e justiça. Fiz dessa lição minha causa na luta contra a homofobia. Sou homossexual e me empenho para que outros não sofram com a intolerância. É maravilhoso fazer com que alguém enxergue a vida de forma diferente e passe a respeitar sem egoísmo. Pode parecer um trabalho de formiguinha, mas, com um diálogo muito franco, sem ofensas nem armas, muita coisa vai mudar. Todos merecem ser felizes! Vanessa Argollo, 35 anos, São Paulo (SP)
No segundo colegial, tive um professor de filosofia que nos incentivava a pensar mais. Em uma de suas aulas, ele falou sobre uma ocupação na cidade, onde viviam pessoas sem água encanada, esgoto ou pavimentação, muitas crianças em situação precária. Eu e uma amiga decidimos fazer alguma coisa. Começamos a divulgar na escola uma arrecadação de brinquedos. Ficamos admirados ao ver que tinha mais gente querendo ajudar. Resolvemos não só entregar os brinquedos, como fazer uma tarde recreativa na comunidade. Foi incrível! Depois disso, motivada pelo tanto de jovens dispostos a semear o amor, dei continuidade ao projeto fundando o Abraço Social, um grupo de voluntários que tem como missão levar carinho àqueles que mais precisam. Sempre digo que "tudo se resolve com amor". E o Abraço Social é a prova de que essa frase é verdadeira. Larissa Lopes, 18 anos, Bragança Paulista (SP)
Desde que me mudei para o bairro da Lapa, no Rio de Janeiro, olhava o muro de um prédio abandonado e pensava: o quer posso fazer ali? Por inspiração de uma amiga, tive a ideia de criar um painel no qual as pessoas pudessem escrever a giz os seus sonhos. Procurei os comerciantes e vizinhos da região e, em meia hora, já tinha arrecadado o dinheiro necessário. Chamei outras pessoas que toparam participar do projeto de graça. Depois de dois dias, transformamos o espaço. A ideia deu tão certo que virou o Movimento Liberte Seus Sonhos. Hoje produzimos novos muros em outros bairros e cidades, para mais sonhos serem libertados. Gabriela Valente Feliz, 30 anos, Rio de Janeiro (RJ)
(texto publicado na revista da Droga Raia - Sorria para ser feliz agora nº 39 - ago/set de 2014)
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