Economizar é bom e todo mundo precisa ter um pé-de-meia para o futuro e emergências. Mas experts defendem que gastar hoje - só que da maneira certa - é garantia de conquistar mais satisfação com a vida
Dinheiro não pode comprar felicidad? Balela! Pelo menos é o que defendem Elizabeth Dunn e Michael Norton, autores do livro Dinheiro Feliz (JSN Editora). Ela é professora de psicologia na Universidade de British Columbia, no Canadá, enquanto ele ensina administração na Harvard Business School, nos Estados Unidos. A dupla acredita que o xis da questão é termos um punhado de crenças equivocadas nessa área. Um grande engano é acharmos que o dobro de riqueza significará o dobro do contentamento com a vida - por isso, estamos sempre tentando ganhar mais e mais grana. "O truque é mudar o foco e procura gastar de forma diferente o que você já tem", diz a psicóloga americana. Para tanto, ela sugere fazer uma lista de suas despesas habituais em ordem decrescente. "No topo, fica o que é mais dispendioso e não traz prazer direto, mas é obrigatório, como moradia, seguro de saúde e transporte", explica. No final, entram os itens mais em conta que resultam em sentimentos de recompensa, como festinhas, idas a restaurantes, o cinema do domingo e outras atividades de lazer. A partir daí, precisamos nos esforçar para economizarmos um pouco no que é necessário e não implica doses extras de satisfação. Só assim poderemos aumentar os investimentos nos integrantes do rodapé desse inventário. "Você pode optar por um carro menor e que gaste menos gasolina", exemplifica o educador financeiro brasileiro Gustavo Cerbasi, autor de vários títulos sobre o tema, como Casais Inteligentes Enriquecem Juntos (Sextante). Ao mesmo tempo, talvez escolha aproveitar essa economia para melhorar a qualidade das férias em família. "É preciso ter a coragem de arriscar novas possibilidades para ver, na prática, o resultado", incentiva Cerbasi. A seguir, outras dicas para conquistar mais felicidade com seu dinheiro.
1) Invista mais em experiências
Claro que aquela bolsa de grife era compra imperdível e trouxe alegria, mas nada se compara à emoção proporcionada pela aventura de um salto de paraquedas ou um passeio romântico de barco com o parceiro. Vivências nos permitem estreitar laços e criam lembranças sem prazo de validade - enquanto a satisfação de algo novo, em geral, passa rápido. Vale o mesmo na hora de presentear. "Se tem uma amiga que ama caminhar, leve-a para fazer uma trilha guiada, em vez de dar tênis novos", diz Elizabeth.
2) Pague antes de consumir
Parcelar pode minar o prazer obtido com uma compra. "A cada prestação, a frustração cresce e a alegria com o item diminui, além de atrapalhar o orçamento, fazendo você perder a liberdade de adquirir algo desejável num futuro próximo", afirma Flávia Padoveze, administradora e autora do livro É da Minha Conta (Leya). Tendemos a desfrutar mais uma roupa nova ou viagem se deixamos para trás a pendência financeira. Isso não significa que o cartão de crédito seja sempre o vilão. Basta usá-lo com sabedoria.
3) Repense a poupança
Pensar no futuro e nas emergências é importante, sim, e nunca haverá um consultor que diga o contrário. Entretanto, podemos cair na armadilha de guardar tanto dinheiro para usar depois que nada sobra para viver agora. Segundo Cerbasi, pessoas que poupam demais têm mais chances de se sentirem frustradas um dia. Depois de acumular fundos, elas percebem que deixaram de realizar sonhos e agora possuem um grande montante sem destino específico ou tanta utilidade. "Corremos até o risco de, em um impulso, torrar tudo de uma vez", enfatiza o educador financeiro. A dica é: pense em um importante projeto pessoal - pode ser uma viagem grandiosa, a compra de um imóvel ou um intercâmbio para o filho -e, por um tempo, passe a reservar boa parte do seu dinheiro para isso. O objetivo em mente a deixará mais tranquila, feliz e, melhor, menos sujeita à tentação de usar a soma em outra coisa.
4) Compre tempo
É fato: nossos dias estão cada vez mais ocupados com tarefas, obrigações, compromissos inadiáveis. E, nessa rotina frenética, é comum deixarmos de lado nossos prazeres. A sensação de felicidade, então, pode ir para o beleléu. "Por isso, é vantagem pagar por todo tipo de serviço que facilite sua vida", diz Elizabeth. Vale chamar a faxineira um dia a mais, uma passadeira ou um motoboy para levar aquele documento ao gerente do banco. O que conta é livrar a agenda para ir á massagem ou ao cinema.
5) Olhe mais para os outros
No orçamento de casa, é comum que quase toda a renda vá para contas e mais conas -e, diante de uma sobra, bata logo aquela vontade de comprar uma roupa nova, um creminho ou um perfume. A psicóloga Elizabeth, no entanto, ressalta que dar de presente ou fazer uma doação pode ser tão prazeroso quanto se mimar. Para ela, a generosidade faz nos sentirmos melhor em relação a nós mesmas e ao mundo. Você pode acertar uma contribuição mensal para uma instituição ou ajudar alguém do seu convívio. Ou apenas dar a sua irmã, de surpresa, algo que ela tanto queria. A sensação de bem-estar será imediata - e talvez maior do que se gastasse com a blusinha da vitrine.
(texto publicado na revista Claudia nº 3 - ano 54 - março de 2015)
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