domingo, 15 de maio de 2016

Como era nossa alimentação há 100 anos? - Vinícius Giba


Um trabalho a menos

As prateleiras dos mercadinhos tinham menos opções que hoje. Mas a Revolução Industrial já havia se consolidado e disseminado alguns "produtos intermediários": aqueles processados, mas ainda não prontos para o consumo ou que apenas integram outras receitas. Era o caso do leite em pó, do leite condensado, do açúcar e dos enlatados. Ninguém mais precisava moer farinha em casa!

Variando o cardápio

A Revolução Industrial também aumentou a produção, aperfeiçoou a conservação e facilitou o transporte da comida. Ou seja: nunca houve tanto alimento circulando pelo mundo. Navios rápidos e refrigerados, por exemplo, permitiram a exportação de frutas tropicais e carnes da América do Sul para a do Norte e Europa. O interior do Brasil começou a consumir peixes marinhos frescos.

Mais saudável? Que nada!

É claro que não havia fast-foods, preservantes químicos e bobagens pré-prontas. Mas, por outro lado, era comum fritar com banha animal, que é gordura pura. Carnes eram guardadas no sal ou no óleo, péssimos para o coração e circulação. A contaminação por doenças era comum. A ciência ainda não sabia muito sobre vitaminas ou os efeitos da comida sobre nossa saúde.

Raspando o prato

Até a popularização da geladeira, a partir dos anos 50, conservar a comida em casa era um problemão. Era mais difícil consumir alimentos frescos - rolavam mais legumes enlatados e leite sob forma de queijo e iogurte, por exemplo. Também para evitar o desperdício, eram comum comer tudo que fosse posto à mesa, criando refeições mais calóricas e menos balanceadas.

Revolução social

A expansão do mercado de trabalho atraiu quem antes atuava nas tarefas domésticas. Sem suas cozinheiras, donas de casa passaram a pilotar o próprio fogão (e a apelar cada vez mais para produtos prontos). Outras evitaram essa "iluminação" também saindo de casa para trabalhar. Para atender a esses novos profissionais nas ruas, os restaurantes se multiplicaram.


(texto publicado na revista Mundo Estranho edição 161 - dezembro de 2014)

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