Depende do que você considera estranho. Se, no Ocidente, estamos acostumados a ver pessoas loiras e magras nas revistas, em outras partes do mundo a beleza pode ter a ver com peso, tatuagens e acessórios. "Os referenciais de beleza estão ligados à visão de mundo de cada cultura. Como as sociedades são diferentes umas das outras, eles também são", explica a antropóloga Mirela Berger, pós-doutoranda e professora colaboradora da Unicamp. Mas vale lembrar: como a cultura é dinâmica, nada é para sempre. Gostos e hábitos mudam. "Na sociedade ocidental moderna, por exemplo, a facilidade de comunicação entre os povos favorece a aculturação, que é quando um povo absorve um modelo cultural de outro", diz a socióloga Flávia Mestriner Botelho, mestranda em ciências da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da USP.
Desfile (fora) de moda
Você pode torcer o nariz, mas em outros lugares elas fazem sucesso
Dieta...de engorda
Onde: Mauritânia
Padrão: Obesidade
Neste país da África Ocidental, quilinhos a mais são sinal de status para a mulherada: indicam que elas não têm de trabalhar, porque o marido é rico. Para se adequar, algumas meninas são mandadas aos 5 anos a campos de engorda, onde consomem 16 mil calorias por dia! O menu inclui dois copos de manteiga e 20 litros de leite de camelo!
Síndrome de girafa
Onde: Mianmar
Padrão: Longos pescoços
Neste país asiático, as mulheres da tribo karenis são famosas por alongar o pescoço com anéis de metal - eles forçam o ombro para baixo e dão a ilusão de que o pescoço é mais comprido. O ritual, que é gradativo e começa aos 5 anos, está caindo em desusos: sem as argolas, os músculos não conseguem mais suportar a cabeça.
Napa à mostra
Onde: Irã
Padrão: Nariz ocidental
Responda rápido: qual lugar onde mais se faz plástica no nariz: Errou quem disse Los Angeles ou alguma cidade brasileira. A campeã é Teerã, no Irã. O nariz é estratégico para as mulheres de lá porque é uma das poucas partes que seus trajes e véus não escondem. A busca por um look ocidentalizado também faz muito machão iraniano passar pelo bisturi!
Efeito Michael Jackson
Onde: Paquistão, Tailândia, Coreia do Sul, Hong Kong, Malásia e Índia
Padrão: Pele esbranquiçada
Enquanto no Brasil bonito é ser bronzeado, nesses países a galera foge do sol. Como a maioria tem pele escura, a moda é (tentar) ser branco, com o uso de cosméticos alvejantes. Quem não tem grana apela até para produtos piratas, que podem causar danos irreversíveis.
De mãe para filha
Onde: Etiópia
Padrão: Deformação labial
Nada de pulseiras, brincos ou anéis. Na tribo mursi, as mais "gatas" são as que usam enormes discos de madeira ou porcelana no lábio inferior. O enfeite só cabe depois que a mãe ou a avó da menina faz um corte na região - geralmente, o ritual ocorre quando ela completa 15 anos. No Brasil, algo semelhante é usado pelos índios caiapós.
Guerra dos sexos
Onde: Etiópia
Padrão: Cicatrizes
Mesmo quando homens também precisam aderir a modificações estéticas, os motivos são diferentes. Na tribo karo, eles fazem cicatrizes no peito para representar rivais mortos em batalhas. Já as mulheres passam pelo mesmo dolorido processo, no peito e na barriga, só para arranjar um marido - que, aliás, pode ter quantas esposas quiser.
À flor da pele
Onde: Nova Zelândia
Padrão: Tatuagens no rosto
Os descendentes dos maoris se adornam com tatuagens tribais chamadas moko. Homens as usam no rosto, e mulheres têm detalhes azuis nos lábios e no queixo. Se antigamente esse tipo de enfeite tinha a ver com status (o processo era tão dolorido que podia levar à morte), hoje representa uma espécie de ressurgimento da cultura típica.
Mudanças no espelho
Conforme a cultura muda, padrões estéticos também se alteram
Pré-História - Seios grandes e ancas largas indicavam capacidade de gerar bons filhos.
Renascimento - Depois da peste negra detonar parte da Europa, ser gorda era sinal de saúde.
Século 17 - Espartilhos diminuíam a cintura e ressaltavam que mulheres eram seres frágeis.
Anos 20 - A emancipação feminina prega um look menos sensual: faixas achatam cinturas, seios ou quadris, para deixá-los na mesma proporção.
Anos 40 - Mais duronas após a 2ª Guerra Mundial, as mulheres passam a desejar ombros largos. No fim da década, Marilyn Monroe reverte a tendência.
Anos 60 - A onda hippie e a busca pela juventude levam a corpos com poucos seios ou curvas.
Anos 80 - Culto ao corpo saradaço - inclusive para elas, que queriam parecer mais fortes.
Anos 90 - O maior objeto de desejo feminino são os seios fartos - e siliconados!
(texto publicado na revista Mundo Estranho edição 107 - janeiro de 2011)
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