Apesar de atingir grande número de pessoas, muitas não consultam o médico, porque acham que é normal em sua idade, e deixam de se tratar. Há dois tipos de incontinência: a de esforço e a de urgência. A prevalência aumenta sobretudo a partir da sexta década de vida. O tratamento dá bom resultado na maior parte dos casos, melhorando a qualidade de vida dos portadores.
Na incontinência urinária por esforço, a pessoa perde urina ao tossir, espirrar, dar risada forte, pular, carregar peso. Isso ocorre porque o esfíncter, músculo responsável pelo controle da urina, está enfraquecido. As principais causas são o envelhecimento, a obesidade e situações de tosse crônica por problemas pulmonares.
A doença se manifesta mais na mulher, sobretudo aquela que teve vários filhos e/ou fez alguma cirurgia ginecológica, ou seja, no útero e/ou na vagina. Esse tipo de incontinência é menos comum nos homens e acomete quase só os que fizeram cirurgia por câncer de próstata. Praticamente todos terão o problema nos três ou quatro meses seguintes, mas em 10% a incontinência persistirá.
Já a incontinência de urgência, ou síndrome da bexiga hiperativa, é comum em homens e mulheres. A prevalência aumenta com a idade, 2% a 3% da população a têm por volta dos 40 anos, enquanto acima dos 70 aumenta par 30%. Ela se caracteriza pela vontade repentina e incontrolável de urinar, isto é, necessidade de ir ao banheiro em intervalos de uma ou duas horas, quando o normal é de 3 ou 4 horas, e também à noite. Costuma-se acreditar que a bexiga é menor do que o normal, porém o que ocorre é que o órgão tem contrações aceleradas e fora de hora. Atinge também paraplégicos, portadores de esclerose múltipla ou de doença de Parkinson e pessoas que tiveram AVC.
O tratamento mais indicado para a incontinência de esforço é a fisioterapia, para fortalecer os músculos do assoalho pélvico e do esfíncter. Cerca de 50% das mulheres melhoram bastante ou se curam. Quando isso não ocorre, uma das opções é uma cirurgia chamada sling - tipoia ou alça, em inglês -, com a qual se coloca uma fina faixa sob a uretra, que irá dar sustentação e reforço para o músculo do esfíncter, evitando o vazamento de urina.
Recomenda-se aos homens que retiraram a próstata que façam fisioterapia para acelerar a recuperação. Se depois de 6 a 12 meses não melhoram, em geral fazem cirurgia, que nos casos de perda de pouca urina pode ser a de sling. Nos casos mais graves, implanta-se um esfíncter artificial, um anel em volta da uretra, que irá comprimi-la, e uma válvula na bolsa escrotal, que o homem aperta ao precisar urinar.
Nas incontinências de urgência, o tratamento pode ser comportamental, com atitudes básicas para evitar o excesso de urina - como diminuir o uso de substâncias irritantes da bexiga, entre as quais estão café, refrigerantes, bebidas alcoólicas e frutas ácidas - e fisioterapia. Não melhorando, pode-se optar por remédios, que apresentam boa eficácia, mas cerca de 25% das pessoas não toleram os efeitos colaterais. Outra opção é a injeção de toxina botulínica na bexiga para diminuir sua ação. E, enfim, cirurgia para a colocação de marcapasso na bexiga, que irá regular o estímulo nervoso, impedindo as contrações involuntárias.
A adoção e/ou a manutenção de um estilo de vida saudável, com a prática de atividades físicas regularmente, boa alimentação e perda de peso ajudam a evitar a incontinência urinária. Também é fundamental ter consciência de que é um problema que afeta muitas pessoas e não entrar em depressão nem fugir do convívio social. Ao contrário: deve-se reconhecê-lo e fazer o tratamento com um urologista ou ginecologista especializado.
(texto publicado na revista Caras edição 1169 - ano 23 - nº 14 - 01/04/2016)
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